Pasadena revisitada: a hora de Dilma Roussef?
Fonte - Geologo.com25/5/2016
Em 2006, quando Dilma Roussef era a Presidente do Conselho de Administração da Petrobras, foi concretizada a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, o primeiro grande rombo da Petrobras: um marco histórico da corrupção brasileira moderna.
Mais tarde percebemos, abismados, que Pasadena era apenas a ponta de um iceberg de corrupção, que se ancorava nas entranhas da nossa maior empresa estatal.
No início tudo parecia “apenas” mais um caso de superfaturamento com evasão de divisas: coisa “comum” nos negócios da época.
Como uma refinaria decadente, quase sucata, que havia sido negociada por apenas US$42,5 milhões um ano antes, foi valorizada pela Petrobras em US$720 milhões?
O negócio era estranhíssimo, afinal quem compra deprecia...,mas a Petrobras aceitou comprar a refinaria de Pasadena mesmo após um aumento astronômico de 1.594%.
Dava para desconfiar...
O custo final, (prejuízo) da Petrobras foi de US$1,18 bilhões , “somente” 27,76 vezes maior do que o valor pago pela Astra Oil um ano atrás...
Enquanto isso, no seio da Petrobras, a refinaria era “carinhosamente” chamada de ruivinha, pois estava “enferrujada” (veja a foto) e precisava, urgentemente, de reparos. Era motivo de chacota desde o início.
No dia primeiro de outubro de 2006, conforme publicado no Portal do Geólogo a refinaria de Pasadena, sem nenhum alarde, paralisou o craqueamento: era o fim do projeto e a consolidação de um megaprejuízo.
Desde a compra, em 2005, o desastre de Pasadena ficou dormente, varrido para baixo do tapete, escondido dos olhos dos acionistas e do mercado mundial, pelos executivos da Petrobras e pelos representantes do Governo do PT.
Em abril de 2014, Lula disse para Dilma que o Palácio do Planalto deveria "fazer de tudo" para evitar a CPI.
Mesmo assim somente em 2014, quase oito anos depois, depois do enorme esforço do PT para evitar as investigações, a ponta do iceberg de corrupção aflorou.
Mas o caso não foi para frente, pois quem controlava a CPI da Petrobras, na época, eram 12 políticos listados abaixo: Gim Argello (PTB-DF), Humberto Costa (PT-PE), José Pimentel (PT-CE), Valdir Raupp (PMDB-RO), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Acir Gurgacz (PDT-RO), Álvaro Dias (PSDB), Aníbal Diniz (PT-AC), Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP),Ataídes Oliveira (Pros-TO), Ciro Nogueira (PP-PI), João Alberto Souza (PMDB-MA), Kátia Abreu (PMDB-TO) e Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB).
Quem está ao par das notícias nacionais vai perceber que muitos desses nomes são frequentemente citados e acusados em vários casos de corrupção.
No entanto, o relator José Pimentel (PT), Humberto Costa (PT), Ciro Nogueira (PP) e Vanessa Grazziotin (PC do B) eram acusados, já naquela época, de receber propinas das empreiteiras OAS e Camargo Corrêa para abafarem qualquer problema que pudesse surgir.
Era o cala-boca: o plano de Lula havia dado certo.
Estes senhores e senhora, que hoje estão travestidos de honestos políticos, estavam lá, segundo as acusações abaixo, para acobertar o PT, a Petrobras e, naturalmente poupar à Dilma os dissabores de uma investigação.
E, obviamente, se locupletar da melhor forma possível.
Estas CPIs, como sabemos hoje por delações premiadas de bandidos políticos como o ex-senador Gim Argelo (vice presidente de CPI da Petrobras), eram usadas pelos membros para arrecadar dinheiro das empreiteiras corruptas, para seus bolsos, campanhas políticas e para seus partidos.
Tudo dentro da “normalidade” de uma corrupção total, absoluta e desenfreada que imperou, por décadas, nos governos do PT-PMDB.
Eles conseguiram manter a sujeira longe dos olhos do grande público até a chegada de Sérgio Moro e da Lava Jato.
Com a Lava Jato, conduzida pelo Moro e uma equipe de primeira linha, as provas se acumularam a uma velocidade nunca antes vista. Delações, prisões, depoimentos rechearam a mídia de tal forma que ficou praticamente impossível contradizer. Mesmo os mais ferrenhos militantes petistas não conseguem defender, com inteligência, os seus idolatrados e corrompidos líderes.
Moro criou um efeito dominó, onde quase todos os expoentes políticos do PT, do PMDB, PP e agora do PSDB foram caindo, sucessivamente.
O castelo da corrupção ruiu e, nas frestas e profundas rachaduras do sistema, retornam os fantasmas podres do passado.
Entre esses o fantasma de Pasadena volta a assombrar o mundo dos vivos: muitos tremem...
O número de envolvidos na corrupção de Pasadena não para de crescer.
Hoje vemos os nomes dos novos indiciados na Operação Vício, como o executivo da Petrobras Demarco Epifânio, ligados aos nossos velhos conhecidos Fernando Baiano, Duque, José Dirceu, Júlio Camargo e Cerveró, misturados na mesma vala, com políticos de expressão nacional como Renan Calheiros, Jáder Barbalho e Delcídio Amaral.
É Pasadena em esteroides ressurgindo do esquecimento e que muito possivelmente vai atingir o topo da pirâmide: Dilma.
Dilma, a supergerente do PT sempre alegou que havia aprovado a compra baseada em um relatório “falho”.
Quem conhece um conselho de administração de empresa pública sabe que isso não é possível. Quando um presidente do conselho, Dilma era um, descobre qualquer ponto de fraqueza ele deve, imediatamente, paralisar a compra e convocar um auditor externo de renome internacional.
É desta forma que a empresa e seus executivos se eximem de acusações futuras.
Se isso ocorre em qualquer junior da mineração imagine na gigante Petrobras, onde uma compra está sendo feita com uma supervalorização de mais de 1.500% , com todos os sinais gritantes de propinas, superfaturamento, gestão fraudulenta e roubo...
No entanto a supergerente Dilma aprovou a compra.
Ela e os demais membros do conselho que, vejam vocês, são figuras carimbadas de Sérgio Moro e da justiça brasileira: Silas Rondeau Cavalcante (acusado Lava Jato e vários casos de corrupção), Guido Mantega (investigado Lava Jato, BNDES, Petrobras propina da Odebrecht), Roger Agnelli (morto em acidente aéreo), Fábio Barbosa (ex-Santander, investigado na Lava Jato pediu para aperfeiçoar os mecanismos para coibir “atos lesivos ao patrimônio da companhia”), Arthur Sendas, (assassinado...), Gleuber Vieira (general alegou desconhecimento...), Jorge Gerdau Johannperter (empresa investigada na Lava Jato e acusada na Zelotes), e José Sérgio Gabrielli (investigado e acusado Lava Jato).
Por que será?
Simples: o dinheiro desviado de Pasadena era uma das molas propulsoras do PT e do PMDB. Era um dinheiro altamente relevante, vide a quantidade de propinas destinadas a calar bocas de inúmeros políticos e participantes. Era o dinheiro necessário para a reeleição de muitos, inclusive da própria Dilma, que viria a se eleger presidente, possivelmente com um orçamento irrigado por Pasadena.
Não era a toa que Lula, Dilma e o PT lutaram tanto contra as investigações da Petrobras.
Em 2009 Dilma, candidata a presidência, em entrevista pública se declara contra a CPI da Petrobras alegando que “A Petrobras de hoje é uma empresa com um nível de contabilidade dos mais apurados do mundo “ .
Dilma não podia ter falado uma inverdade maior!
Este “apurado” nível de contabilidade causou bilhões de prejuízos à empresa e aos investidores nacionais e estrangeiros. Estes últimos estão unidos em uma causa comum contra a corrupção da petroleira e buscam uma restituição de mais de US$70 bilhões causada pela gestão fraudulenta e ocultamento de prejuízos nos balanços publicados.
Pasadena hoje, depois da Operação Vício, volta aos holofotes da mídia, robustecida por inúmeras delações, declarações e toneladas de provas indubitáveis.
É o retorno do cadáver insepulto, que assombra os sonhos da presidente afastada Dilma e de muitos outros implicados na corrupção sistêmica brasileira.
Terá chegado a hora de Dilma?
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