A lenda da Esmeralda ...Colheita de uma só safra
Coleção de canudos gigantes em formação de esmeraldas Carnaíba na rocha mãe
A "Pessoa de Pedra" em forma de canudos gigantes de esmeraldas na imagem acima, congela um último carinho e palavras de despedida.
Estamos em 1998, nosso "stand" na Feira livre de Pedras Preciosas. Acabava de vendê-las e estavam para serem cuidadosamente embaladas (todo um know-how) para a viagem, juntamente com as outras peças menores ao total de 4 peças, por 150 mil dólares.
Durante uma semana convivi intensamente com estas preciosidades, ficava horas a fio a registrar na memória cada canudo que ela continha, o cromo de seu vanádio, seus pontos cristalizações, terminações, formas de inculsões, trincas...As energias ocultas que moravam nelas.
Iriam segundo seus compradores, um casal de gemólogos austríacos, morar num museu de mineralogia em Viena.
Esclarecemos que foi ex-work nosso tipo de venda, cabendo de nossa parte um certificado de origem do Sindicato dos Garimpeiros. Nas transações de exportações ex-work, quem cuida de todos os procedimentos como GE (guia de exportação, transporte, etc) é o COMPRADOR.
Na transação a mim restou 5% de comissão e um pequeno canudo de esmeralda como um mimo do vendedor (Sr Assis) de não mais de 10 gramas, que tenho como pedra de estimação.
Referimos xamânicamente "Pessoa de Pedra" indo no post, tudo explicadinho com um monte de dicas sobre como usar a energia das gemas minerais, mas volta aqui tá? : Metagemologia "A ciência oculta das gemas".
Esta magnífica "Pessoa de Pedra" que mnc está mergulhada na apreciação e reverência na foto, especialmente por ter reconhecido nela sua beleza, raridade, energia emanada. Sabia que nunca mais iria encontrar outra similar...
Vulgarmente os comerciantes denominam peças como esta acima de "CANGA", conteúdo da cangalha imposta aos burros...Não ao acaso, é uma estratégia dos compradores nominar gemas minerais com nomes depreciativos, facilita a "Bacia das Almas", metáfora usada pelos garimpeiros quando vendem a um preço irrisório seus "cambalachos", muitas vezes por uma feira de feijão, toucinho e querosene.
Cambalacho é também outra palavra criada para depreciar lotes de gemas minerais, enquanto estão na mão do "Cambalacheiro" profissional nativo que as vendem. Depois já nas grandes Joalherias , transformam-se e multiplicam ao infinito o valor... "Ametista rose du France", "Quarzos Green Gold" , "Água Marinha Marta Rocha (pela cor dos Olhos da Miss)" , Safira Lady Diana....
Durante muitos anos trabalhamos no árduo ofício de intermediária e intérprete no Gem trading, do qual era carinhosamente apelidada "Rainha dos cambalacheiros", posto meu trabalho de secretária executiva uma das criadoras da "ACOMPEDRAS", ass dos corretores do comércio de pedras preciosas de Teófilo Otoni. O saudoso Gemólogo Horizon começou com esta brincadeira por minha atitude aguerrida em relação às mazelas do ramo...Um reino que abdiquei por uma vida simples á beira mar em Arraial d'Ajuda no trem dos 500 anos, após inúmeros dissabores, canos levados. Me faltava brilho de cifrão nos olhos.
Infelizmente no Brasil nossas riquezas minerais saem pelo ralo obscuro do contrabando, para brilharem e enriquecerem terceiros especuladores, que não pagarão o impacto ambiental causado pela sua exploração. Nas áreas gemíferas do Brasil não vemos nenhum retorno da riqueza produzida, muito pelo contrário, quanto mais rico suas entranhas, mais miserável é sua população.
Por esta e outras é que deixamos de trabalhar nesta área, ao apreciar uma gema como esta acima o brilho dos olhos viam da admiração pelas maravilhas que a alquimia no interior da Terra gerou, num remotíssimo passado, há centenas de milhares de anos, as tramas que o Arquiteto do Universo revela. temos agora uma outra relação não comercial com elas...Como o HD de safira que dura 10 milhões de anos e que vai armazenar dados para gerações futuras...
Em nosso labutar, estivemos em inúmeros garimpos, Veja aqui, post "As pedras do caminho", inclusive no Garimpo de Carnaíba, berço de esmeraldas, de onde saíram estas da imagem acima e a que está causando o maior frisson na Mídia desde 2009. Avaliada em 2 bilhões de dólares, voltou á pauta das head lines pelo Fantástico que contou a história da Esmeralda Baiana...
Foi na Carnaíba, Campo Formoso, encravado no agreste baiano que aprendi uma lição daquelas que vão para o resto da vida. Estava acompanhando um Inglês comprador, e na casa de um rico proprietário de garimpo, que ao longo de sua vida tirando a cabeceira de diversos lotes de esmeraldas, juntou um lote de 4 milhões de dólares em canudos cristalizados, de verde musgo, para lapidação(a pedra mais difícil de comprar em bruto). Ao canto uma criança de uns 6 anos de idade, fiz uma gracejo tentando conversar com a garotinha, não havia percebido ainda... O pai, proprietário do rico tesouro exposto à minha frente, chamou a Mãe para que a retirasse do recinto...Disse a ele, que a presença da menina a nada nos incomodava. Num desabafo nos contou, a menina, faltou oxigênio quando nasceu, naquele lugar sem nenhuma recurso, nunca iria andar, falar, entender...Daria toda aquela fortuna para que pudesse ver sua filha normal como as outras crianças...
Em parâmetros gemológicos comparativos, a denominada bafhônica"Esmeralda Baiana" centro de disputa e a que acariciamos na imagem acima, é infinitamente maior sua qualidade, não só pela quantidade e qualidade dos canudos (Mais verdes e terminados), pelo tamanho e pelo peso. Tire sua conclusão também comparando as 2. Analisando com olhos técnicos, nota-se que a esmeralda bafhônica tem muito mais xisto (matriz), do que canudos, e os canudos estão danificados, sem terminação, tem muito carvão e trincas. Não se pode lapidá-las, só algumas partes mínimas, biriba para indiano tratar.
Em termos comercias, a esmeralda baiana foi penhorada como moeda de troca para consignação de um lote de diamantes, supomos que o dono do lote de diamantes desconhecia o exato valor da peça. Como frisamos, esmeralda bruta é a pedra mais difícil de ser avaliada, só experts lapidários sabem avaliar o porvir, posto que são frágeis e suas trincas se rompem com facilidade...Teve até uma época da esmeralda cabo de escova de dente, em que o pessoal moia as de cor verde esmeralda e introduziam nas fendas, quando o pobre ia lapídar, esfarelava tudo, foi a ruína de muito gringo distraído, que mesmo sendo especializado em esmeralda lapidada se metia a comprar bruto Claro que foi um golpe, o lote de diamantes valia 400 milhões de dólares e o Thomas adquiriu por 50 mil a Pessoa de Pedra dele.
Os parâmetros acima descritos, no trading de espécimes minerais para colecionadores é motivo de desvalorização. Este tipo de prospecção tem de ser elaborada na base da picareta, sem explosivos, exatamente para se preservar a forma exata que a Mãe Terra lapidou, este é valor eixo. Os colecionadores de espécimes raras consideram um heresia lapidar ou colar, remendar, qualquer pedacinho que seja...São muito experientes e reconhecem imediatamente alguma possível fraude.
Em termos de sustentabilidade, o garimpo artesanal de gemas minerais, causam um impacto infinitamente menor do que os das grandes mineradoras, que usam dinamites e maquinário pesado, e à medida que o mercado de gemas raras e mineral speciments cresce, o cuidado em cavar o solo torna-se maior.
Vale lembrar que todo garimpo para ser regulamentado pelo IBAMA precisa de estudo de impacto ambiental e um plano de manejo sustentável, depois de explorado o veio, é obrigação fechar o buraco e reflorestar a área.
No garimpo de gemas minerais não se usam mercúrio, nem produtos químicos.
Em nossos próximos posts, aprofundaremos mais na História da produção de esmeraldas no Brasil e entrevistas com seres lendários do garimpo e seus cauzos, nas ondas sonoras de nosso blog-radiotube.
Um grande abraço a todos e muito obrigada pela visita!
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Tamara Audi, The Wall Street Journal – VALOR
Pouco antes do Natal, investigadores do Departamento de Polícia de Los Angeles, na Califórnia, desmontaram um caixote de madeira do lado de fora de um depósito para encontrar o que procuravam há meses: uma esmeralda brasileira de quase 400 quilos que teria sido roubada.
Agora, a tarefa deles é descobrir quem é o dono da pedra. Até agora, pelo menos cinco pessoas reclamam a propriedade.
“Parece que quanto mais eu falo com as pessoas, mais pessoas alegam ser donas disso”, disse o tenente Thomas Grubb, que chefia o time de investigação do caso. “Ainda não conseguimos saber quem não é suspeito, de verdade.”
Diante da dificuldade de determinar quem é o verdadeiro dono da esmeralda, Grubb decidiu mantê-la trancada enquanto a investigação prossegue. Enquanto isso, uma corte civil de Los Angeles planeja ouvir vários reclamantes amanhã.
Grubb, que passou a maior parte dos 26 anos de carreira investigando o narcotráfico, tomou conhecimento do caso em setembro passado. Um homem chamado Larry Biegler ligou para a delegacia dizendo que sua esmeralda gigante havia sido roubada de um depósito na área de Los Angeles. A pedra vale perto de US$ 400 milhões, disse ele.
Os detetives de Grubb começaram então a investigação. Eles descobriram que a esmeralda estava sob a posse de dois empresários, Todd Armstrong e Kit Morrison, que foram encontrados numa pequena cidade no oeste do Estado de Idaho, chamada Eagle. Quando os detetives chegaram lá, Armstrong estava tentando vender a esmeralda. “Topamos com um imprevisto”, Armstrong diz ter falado a seu comprador.
Os homens de Idaho disseram que a esmeralda lhes pertence. Eles afirmaram ao Wall Street Journal que pagaram a Biegler US$ 1 milhão por diamantes que nunca receberam. Segundo eles, Biegler colocou a esmeralda como garantia dos diamantes. Como essas pedras não foram entregues, eles tiraram a esmeralda do depósito de Los Angeles. Eles mostraram aos detetives uma pilha de documentos que, segundo eles, sustentariam seus argumentos.
Biegler, um comerciante de pedras preciosas e investidor imobiliário, nega a afirmação dos empresários de Idaho. Ele diz que cumpriu sua parte no negócio com os diamantes e que os dois homens concordaram em pagar US$ 80 milhões, preço aceito por ele.
A dupla de Idaho aceitou deixar a esmeralda com os investigadores até que a questão fosse resolvida. Mas a pedra preciosa nem estava em Idaho. Armstrong e Morrison a haviam colocado num armazém de segurança em Las Vegas.
Grubb passou então a preparar a viagem a Las Vegas. Na manhã em que os investigadores saíram para pegar a esmeralda, ele lhes disse: “Vamos parar no caminho e fazer um bom café da manhã. Vamos pegar uma prova de US$ 400 milhões. Não vamos parar na volta”.
Quando Grubb finalmente colocou os olhos na pedra, ele disse: “Nem parecia de verdade”.
Quem a viu a descreve como um bloco negro com cilindros de cristal verde que saem dele como braços. Especialistas em pedras preciosas dizem que cristais brutos com essas dimensões são raros. Uma esmeralda como essa normalmente não seria quebrada em pedaços para a fabricação de jóias. O mais provável é que seja vendida intacta para um colecionador privado ou um museu. Uma avaliação feita no Brasil fixou o preço da pedra em US$ 372 milhões, de acordo com documentos apresentados ao tribunal de Los Angeles.
No entanto, George Harlow, curador de minerais e gemas do Museu de História Natural de Nova York, diz que os espécimes minerais mais interessantes podem levar o preço para alguns milhões de dólares. “Mas centenas de milhões? Desconheço qualquer tipo de pedra preciosa que tenha chegado a esse preço.”
Até agora, a esmeralda baiana não chegou a ser vendida por nenhuma fortuna. Mas, certamente, está perto disso. Ela foi extraída de uma mina na Bahia, em 2001. As esmeraldas do Estado estão entre as mais antigas da Terra, formadas dois bilhões de anos atrás, segundo o Instituto de Gemologia da América.
Os primeiros donos da pedra foram Elson Alves Ribeiro dono da empresa de exportação Folheados Paulista, e seu sócio Ruy Saraiva, de acordo com documentos apresentados ao tribunal por Ken Conetto, um empresário de San Jose, na Califórnia.
Em 2005, Ribeiro e Saraiva mandaram a esmeralda para Conetto, nos EUA, que diz ter mantido a pedra guardada em San Jose enquanto tentava achar um comprador. Ele disse que não pagou pela pedra, mas concordou em dividir o lucro com os brasileiros.
De San Jose, Conetto enviou a gema para New Orleans, onde julgou ter um comprador certo. Quando o furacão Katrina chegou, ele inundou o armazém onde a esmeralda estava guardada, diz Conetto. A pedra ficou submersa durante semanas, e a venda não foi concluída. A esmeralda voltou a San Jose.
Conetto recrutou Biegler para ajudá-lo a vender a pedra.
Eles achavam que poderiam encontrar possíveis compradores em Los Angeles. Então, em junho passado, puseram a pedra numa perua e foram eles mesmos dirigindo, disse Conetto. No meio do caminho, o carro quebrou, deixando os dois homens e sua esmeralda no meio de uma autoestrada. Eles empurraram a van até um hotel. Conetto disse que pagaram à dona do hotel e ao namorado dela para ajudar a botar a esmeralda em outra van.
Finalmente, a pedra chegou ao condado de Los Angeles, onde ficou num armazém.
Mas as relações começaram a deteriorar entre Biegler e Conetto, segundo ambos. Biegler disse ter tomado posse da pedra depois que Conetto a usou como garantia de um empréstimo que não pagou.
Conetto diz que, de fato, nunca pegou o dinheiro e que a esmeralda ainda lhe pertence.
Não é raro que gemas sejam usadas como instrumentos financeiros para acordos de negócios, passadas para lá e para cá em papéis entre corretores mesmo sem nunca sair do cofre. Isso pode levar a que várias partes usem um maço de documentos para reivindicar direitos sobre a mesma gema.
Enquanto isso, outros reclamantes continuam a surgir. Anthony Thomas, um comerciante de gemas dos arredores de San Jose, diz que é o dono porque pagou US$ 60.000 pela pedra aos brasileiros, em 2001. Thomas também deu entrada numa ação no tribunal de Los Angeles.
Amanhã, o tribunal vai comçar a ouvir as histórias das partes que disputam a propriedade da pedra. A esmeralda, contudo, continua tracafiada sob a custódia da polícia.
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