sábado, 30 de julho de 2016

A ORIGEM DAS CORES NATURAIS EM DIAMANTES 1ª Parte: amarelo e marrom

A ORIGEM DAS CORES NATURAIS
EM DIAMANTES
1ª Parte: amarelo e marrom



O senso comum associa o diamante a mais completa ausência de cor, o que é compreensível, uma vez que os incolores a amarelados, conhecidos como diamantes da Série Cape, são os mais comuns na natureza, ao lado dos marrons. No entanto, sabemos que este mineral pode ocorrer naturalmente em praticamente todos os matizes e tons, incluindo os azuis, verdes, rosas, púrpuras, vermelhos, violetas, alaranjados e amarelos que, ao possuírem uma nuança suficientemente forte, são conhecidos como diamantes com cores de fantasia (fancy).
Devemos ter em mente que qualquer diamante com cor de fantasia é uma gema rara pois, embora não hajam estatísticas consistentes, os especialistas estimam que existam aproximadamente 10.000 diamantes de cores regulares para cada diamante deste tipo.
As causas de cor em diamantes são ainda objeto de intensa investigação científica, sendo várias delas ainda não inteiramente compreendidas. Ao contrário das gemas coradas, cuja principal causa de cor é a presença de metais de transição, que podem fazer parte da própria composição do mineral ou estarem presentes como impurezas, nenhuma das causas de cor em diamantes pode ser diretamente transposta a outras gemas. Ademais, é comum que a origem da cor se deva a mais de um mecanismo, de modo que exista um matiz predominante e um ou mais componentes modificadores.
A cor amarela, a mais comum juntamente com a marrom, está associada principalmente à presença de traços de nitrogênio, dispersos como impurezas na rede cristalina do diamante. Geralmente, este elemento ocorre em teores baixíssimos, da ordem de ppms (partes por milhão), o que significa que basta haver uma diminuta proporção de átomos de nitrogênio compartilhando elétrons com átomos de carbono para que ocorra a absorção da luz nas regiões do verde, azul e violeta do espectro visível e se dê lugar à cor amarela. No entanto, ao contrário do que se poderia supor, a saturação do amarelo não está diretamente relacionada à concentração de átomos de nitrogênio no exemplar, o que se constata pelo menor conteúdo de nitrogênio existente em pedras de cor amarela intensa ou “canário”(cor de fantasia), se comparado ao teor deste elemento encontrado em diamantes apenas levemente amarelados, pertencentes à Série Cape.
Embora menos cobiçados, os diamantes de cor marrom estão entre os primeiros a terem sido utilizados em jóias, havendo relatos de anéis com diamantes desta cor usados pelos romanos desde o Século I da Era Cristã. Atualmente, a cor marrom costuma ser designada como “champagne”, se presente em tons claros a médios ou “cognac”, em tons mais escuros. Esta cor não é uniformemente distribuída, mas concentra-se em finas lâminas paralelas sobre uma matéria cristalina quase incolor e deve-se a um centro de cor ainda desconhecido, originado pela deformação da estrutura cristalina, embora possam haver outras causas menos freqüentes. Nos últimos anos, os diamantes marrons esverdeados, cuja cor é comercialmente conhecida pelo termo “oliva” também têm se tornado mais populares em joalheria.
Por serem menos valorizados, parte dos diamantes marrons pode ser submetida a tratamento para remoção da cor, de modo a torná-los incolores ou quase incolores, mediante a reconfiguração de sua estrutura atômica. Para tanto, utiliza-se um processo a altas pressões e temperaturas, denominado GE-POL, cujo nome faz referência às empresas General Eletric Co. e Pegasus Overseas Ltd., que tiveram a primazia de, respectivamente, realizar o tratamento e distribuir as gemas tratadas. Este tipo de tratamento tem se disseminado rapidamente, tendo em vista a alta proporção de diamantes desta cor que chegou ao mercado proveniente de Argyle (Austrália) desde finais dos anos 80 e sua detecção se faz somente por meio de técnicas que não pertencem ao escopo das disponíveis em laboratórios gemológicos standard.

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