Esses insumos são, por exemplo, pedras preciosas, conchas e materiais de origem vegetal como fibra de coco, capim dourado etc. "São produtos que carregam o apelo do exclusivo, de valores regionais, que têm muita aderência lá fora", diz Gustavo Carrer, do Sebrae-SP.
O setor de bijuterias e pedras preciosas do Brasil tem um mercado forte nos EUA, na Alemanha e na China. O segmento gera 8.400 empregos formais aqui, segundo o IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
"Todo o nosso trabalho é artesanal, nossos fornecedores têm certificação 'ecofriendly' [amigo da natureza], com indicação da procedência", diz Paula Santos, 44, sócia da empresa Mãos da Terra, de São José do Rio Preto (a 438 quilômetros de São Paulo), que exporta para 12 países.
Segundo a empresária, são produzidas 1.400 bijuterias por mês, e 14% de tudo é vendido no mercado externo. A Inglaterra é o maior cliente. Pedras, sementes e fibras são selecionadas por produtores rurais do Rio Grande do Sul e do Amazonas.
Renato Costa/Folhapress | ||
Anel de ouro com casca de coco brilhante do joalheiro Antonio Henrique, de Brasília |
A maior dificuldade da empresa é garantir o estoque de peças o ano todo. "Passamos por safras e entressafras, a oferta dos produtos varia muito", afirma Paula Santos. O joalheiro Antonio Henrique, 40, planeja exportar.
Sua empresa, que fica em Brasília e está no ramo há dez anos, começou misturando fios de coco tucum com ouro para fabricar colares e anéis. O insumo da vez é a concha de um pequeno caramujo fornecido pelos índios krahô, do Tocantins, combinada com ouro e brilhantes.
O exotismo desperta interesse, mas traz um problema. "A produção dos caramujos na aldeia é muito lenta, cada coleção não passa de 20 peças", diz Henrique. Além da sede em Brasília, o negócio tem um ponto de venda na vila de Trancoso (BA). O valor de uma joia varia de R$ 3.000 a R$ 7.000. "É um setor que exige bastante persistência. Quem consome é um público mais despojado", afirma o empresário.
Caso leve seu projeto adiante, Henrique terá pela frente um longo processo. De acordo com Diego Coelho, especialista em negócios internacionais da ESPM, elaborar um plano de ação e entender a dinâmica de mercados externos são passos complexos.
"É uma ação com retorno a longo prazo. Só o planejamento de uma inserção internacional leva entre três e cinco anos", diz Coelho.
Segundo Juliana Borges, do Sebrae, o empreendedor do ramo não pode se contentar só com o apelo regional e uma história bonita da origem dos produtos, o que pode deixar o trabalho caricato. "O desafio do empreendedor é apostar em um design cada vez mais contemporâneo. O folclórico demais traz uma ideia muito restrita e pode até desvalorizar o que é vendido", afirma Borges.
COMO EXPORTAR?
Ter um selo de produção sustentável no Brasil não isenta o empreendedor da necessidade de um novo certificado para exportação. Produtos de origem orgânica podem cair em exigências sanitárias impostas por outros países.
"É preciso conhecer cada mercado e se adequar. Já houve casos em que o empreendedor só soube das normas do país de destino ao tentar desembarcar sua carga, que foi incinerada no porto estrangeiro", afirma Diego Coelho, especialista em negócios internacionais da ESPM.
A disponibilidade da matéria-prima também deve ser observada –pode ser um gargalo para quem quer trabalhar com produtos de origem natural.
Divulgação | ||
Mobiliário de quarto infantil feito com madeira de reflorestamento da empresa Viscondesconde, de SP |
Depois de achar o fornecedor, o passo seguinte é gerir o estoque, diz Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP. "Só assim a comercialização do portfólio de produtos será garantida o ano todo."
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A PESO DE OURODados do mercado de pedras brasileiras
1.254 kg
foi o total de pedras lapidadas exportadas para a União Europeia em 2016
1.450
são os fabricantes de bijuterias no país
8.395
é o número de empregos formais gerados no setor de bijuterias
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