Quem vai à praia da Joaquina, em Florianópólis, pode ter uma aula grátis de Geologia sem mestre.
Existem, no local, duas rochas bem diferentes. A que predomina é um granito rosa, Os geólogos da CPRM que mapearam a região (sou um deles) lhe deram o nome de Granito Ilha, por ser o que predomina na ilha de Santa Catarina. É uma rocha composta principalmente de feldspato alcalino (que lhe dá a cor rosa) e quartzo (incolor). Este granito tem cerca de 500 milhões de anos de idade.
A outra rocha, cinza-escura, é um diabásio de apenas 130 milhões de anos, composto, como todo diabásio, principalmente de plagioclásio (um outro tipo de feldspato) e piroxênio. Esses minerais ocorrem em grãos tão pequenos que não podem ser vistos a olho nu (é por isso, classificado como rocha afanítica, ao contrário do granito, que é fanerítico). Essa diferença deve-se à velocidade de resfriamento dos magmas a partir dos quais foram formados. O magma granítico resfria muito mais lentamente.
Este diabásio forma faixas escuras no granito porque se formou em fraturas que existiam neste último. Essas faixas, que os geólogos chamam de diques, são comuns no litoral catarinense, onde costumam ter a direção Nordeste-Sudoeste, mais precisamente N30ºE.
O granito forma-se a muitos quilômetros de profundidade (aparece hoje porque a erosão removeu o que havia sobre ele); o diabásio, poucos quilômetros apenas abaixo da superfície.
Nota-se claramente também que o diabásio é muito fraturado, com fraturas paralelas entre si e perpendiculares à direção do dique. Isso é comum em diques.
Essas fraturas e a composição mineralógica tornam a rocha escura menos resistente à erosão, É por isso que ela aparece rebaixada em relação ao granito.
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