Cientista brasileira procura vida no oceano da lua Titã
Em declarações à Lusa, à margem da 42.ª assembleia do Comité para a Investigação Espacial (COSPAR, na sigla inglesa), Rosaly Lopes explicou que o projeto está focado no oceano de Titã, uma lua de Saturno que possui muitos hidrocarbonetos e tem, por debaixo de uma crosta de gelo, um oceano de água líquida. ”Estou começando a trabalhar num projeto muito grande” que “é focado em astrobiologia”, afirmou a cientista, salientando que a equipa de pesquisa junta análise de “geofísica, geologia, química, astrobiologia, para saber se tem possibilidade de vida ter-se desenvolvido no oceano de Titã”.
A possibilidade de vida extraterrestre em Titã é o mais recente desafio na longa carreira de Rosaly Lopes, que trabalha no Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA em Pasadena, Califórnia. A cientista é também vice-presidente do programa científico do COSPAR 2018, que decorre até 22 de julho em Pasadena. A investigação do oceano de Titã baseia-se nas informações recolhidas pela missão Cassini, dados teoréticos e experiências em laboratório.
O envolvimento de Rosaly Lopes acontece depois de a investigadora ter deixado o cargo de diretora da sessão planetária do JPL, que desempenhou durante cinco anos. Além de Titã, a investigadora também está integrada na missão europeia Juice, que vai enviar uma nave para explorar as luas de Júpiter em 2022. ”Estamos começando a planear observações do sistema de Júpiter”, disse a responsável, que é ainda editora chefe da revista científica Icarus, fundada por Carl Sagan e onde são publicados artigos de ciências planetárias.
Esta é uma área que está em grande expansão, também graças ao reforço orçamental da NASA por parte da administração de Donald Trump. As ciências planetárias receberam um aumento de 7,9% para 6,2 mil milhões de dólares (5,89 mil milhões de euros), uma fatia importante do orçamento total de 19,9 mil milhões de dólares da NASA.
“Estamos numa época muito boa para as ciências planetárias e exploração espacial, porque tem muitas missões mandadas pela Agência Espacial Europeia, além da NASA, e também outros países como Japão, China, Índia”, disse Rosaly Lopes. A cientista elogiou alguns projetos privados de exploração espacial, como os dos empresários Jeff Bezos e Elon Musk, mas sublinhou a importância das missões com financiamento público: “A NASA e as agências espaciais têm que fazer os projetos que não faz sentido fazer na área privada.” Rosaly Lopes, que nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, licenciou-se em astronomia em 1978, em Londres, onde viveu 13 anos.
Especializou-se em geologia e vulcanologia planetária e doutorou-se em 1986, iniciando uma carreira científica marcada por vários prémios e descobertas importantes. Durante a participação na missão Galileo a Júpiter, descobriu 71 vulcões ativos na lua de Io, passando mais tarde para a equipa de investigação da Cassini.
Fonte: RTP
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