quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Cenário eleitoral determina escolha de ações

Cenário eleitoral determina escolha de ações

Corretoras diversificam papéis resistentes e de oportunidades em carteiras recomendadas para este mês e consideram a elevação do dólar diante das incertezas na corrida presidencial do País
ERNANI FAGUNDES • SÃO PAULO
Publicado em 04/09/18 às 05:00
O cenário eleitoral incerto determinou a escolha dos papéis para compor as carteiras recomendadas das corretoras para setembro. E, nesse ambiente, os analistas preferiram mesclar ações resistentes com outras mais arriscadas e de alto potencial de valorização.
Entre as carteiras de corretoras recebidas pelo DCI, a preferência é por papéis que possam ser eventualmente beneficiadas pela alta do dólar nos setores de papel e celulose, siderúrgicas e mineração; mas também ações que estão “descontadas” (com desconto) por causa da indefinição eleitoral como de estatais (Petrobras e Cemig) e do setor financeiro (bancos).
“A incerteza política deve ser o principal balizador. O efeito da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV só será sentido nas pesquisas a partir do próximo dia 10”, avisa a analista da Coinvalores, Sabrina Cassiano.
Na mesma linha, o analista da Guide Investimentos, Rafael Passos, também avalia que o quadro eleitoral é muito incerto no momento. “Algumas pesquisas mostram Jair Bolsonaro (PSL) consolidado para o segundo turno, e o Fernando Haddad (PT) com potencial de votos do ex-presidente Lula. E candidatos menos reformistas como Ciro Gomes (PDT) ganhando força. Isso é muito negativo para o mercado”, argumenta Rafael Passos.
Nessa visão, o discurso de candidatos mais de esquerda – de tributar lucros e dividendos de grandes corporações; ou de cobrar impostos regulatórios do spreadbancário – considerado negativo para o setor financeiro e para o mercado de ações. Por outro lado, a ida para o segundo turno de candidatos de centro ou mais reformistas poderiam motivar ganhos na bolsa (B3).
“A Ativa não se posiciona sobre política. Acredita-se que o Bolsonaro vai chegar no segundo turno, mas se o Geraldo Alckmin (PSDB) ou candidato reformista for para o segundo turno em outubro, o mercado talvez possa reagir positivamente”, diz o analista da Ativa, Pedro Guilherme Lima.
Na carteira sugerida pela corretora, há a listagem de papéis resistentes como Raia Drogasil e Equatorial, e ações que possuem forte correlação com o dólar como Klabin, do setor de papel e celulose. “Gerdau e Natura têm atuação no exterior”, completou Lima sobre a estratégia para o mês.
“Petrobras PN está na carteira por seu forte cunho político, oscila muito por causa das eleições. O papel veio descontando desde a saída de Pedro Parente da presidência da estatal, quando esteve em torno de R$ 27 [máxima de R$ 27,34 em 16 de maio] e fechou em R$ 19 [ontem], ou seja, tem potencial de valorização”, afirma Lima.
Já a carteira da Coinvalores aumentou sua exposição em bancos de agosto para setembro acrescentando Bradesco PN na companhia de Itaú PN, além de B3 ON, listada entre os papéis financeiros.
Para este mês, a Coinvalores lista ainda: Azul, CCR, Pão de Açúcar, Gerdau, Kroton, Magazine Luiza, Rumo, Suzano, Vivo, Trisul, Tupy e Vale. “Trocamos Cosan por Pão de Açúcar. É uma carteira bastante equilibrada para o momento”, justifica Sabrina Cassiano.
Na carteira da Guide Investimentos houve a entrada de Iochpe Maxion ON. “A diversificação das operações na América, Ásia e Europa deixa a companhia mais resiliente à volatilidade no mercado local”, argumentou Rafael Passos.
A Guide lista as seguintes companhias: B3, Cemig, Gerdau, Itaúsa, IRB Brasil Re, Pão de Açúcar, Petrobras e Tenda. “Fibria, Suzano e Klabin ampliam receitas com o dólar mais forte. A mineradora Vale também se beneficia desse cenário”, completou o analista.
Em seu relatório, a Guide considerou cenários para a evolução do dólar durante o período eleitoral. No cenário em que a situação internacional melhora, o dólar oscila entre R$ 3,05 (com Alckmin), fica em R$ 3,57 (com Bolsonaro) e vai a R$ 4,24 (com Haddad).
Num cenário com a situação externa semelhante a atual, o dólar oscilaria entre R$ 3,45 (com Alckmin), ficaria na marca de R$ 3,97 (com Bolsonaro), e R$ 4,64 (com Haddad). “Não se conhece qual é o programa econômico do Haddad”, disse.
Outras sugestões
Segundo a XP Investimentos, Jair Bolsonaro (21%) e Fernando Haddad (13%) lideram a corrida para o segundo turno, com Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) com 10%, e Alckmin com 8%. “Na nossa visão, o tempo de rádio e TV e estrutura partidária tem papel fundamental no primeiro turno”, diz o relatório divulgado. Após essa análise, a carteira da XP mostra a entrada dos papéis Engie, Klabin e Petrobras, com a respectiva saída de BRF, Fibria e Banco do Brasil.
A XP manteve as seguintes companhias na carteira para setembro: B2W, Equatorial, Gerdau, Localiza, B3 e Vale. Já outra corretora, a Socopa lista até o feriado de 7 de setembro, as recomendações de: Santander, Suzano, Pão de Açúcar, Itaú, Sabesp, IRB Brasil, Hypera, BR Malls, Grendene e JSL.
A Magliano Invest relacionou para setembro: BB Seguridade, Bradesco, BRF, Cemig, Ecorodovias, Energias BR, Itaúsa, Petrobras, Taesa e Vale.
Fonte: DCI


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