terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A histórica Estrela do Sul (aonde foi encontrado o maior diamante).

A histórica Estrela do Sul (aonde foi encontrado o maior diamante).


 Diamantes imensos, corrida ao garimpo, Dona Beja, histórias de sangue, suor e lágrimas são alguns dos argumentos disponíveis no trailer cinematográfico da pequena Estrela do Sul, localizada no Triângulo Mineiro, justamente no cantinho entre o nariz e a testa de Minas Gerais, na divisa com o Estado de Goiás. Ali, a 512 quilômetros da capital mineira, empreendi (ao lado da minha amiga e professora de História Silvana Barbalho) a tarefa de conhecer a única cidade histórica da região do Triângulo Mineiro.
A história do local remonta a 1722, quando, às margens do Rio Bagagem, foram descobertos os primeiros diamantes pelo bandeirante João Leite da Silva Ortiz, o mesmo que fundou o antigo vilarejo que veio a ser Belo Horizonte. Mas Ortiz buscava ouro e as belas pedras não o entusiasmaram. No entanto, o local passou a chamar a atenção de centenas de garimpeiros da região e de outros pontos do país. No local onde ficavam as bagagens dos pioneiros, instalou-se o povoado, depois a vila.
O diamante Estrela do Sul (fonte internet)
Bagagem teve sua história marcada pela descoberta, em 1853, de um dos maiores diamantes do mundo, o Estrela do Sul, que mais tarde viria a batizar o município. A pedra, que hoje pertence à Casa Cartier, em Paris, chamou a atenção internacional para o pequeno vilarejo. Em pouco tempo, estavam ali mais de 50 mil pessoas (alguns dizem 30 mil), elevando consideravelmente a população local, que era de pouco mais de 15 mil almas, segundo historiadores. Atraiu até a atenção da mais famosa cortesã do país, Dona Beja, famosa por sua beleza e pela habilidade em ganhar dinheiro. Beja, como outras pessoas da elite da época, começou a garimpar naquela localidade, onde passou a residir até sua morte, em 1873, aos 73 anos anos.
Deste passado glorioso, restaram alguns casarões, documentos, escombros, fantasmas. A antiga mansão de Beja (ao lado, suposta foto de Dona Beja, já idosa) foi destruída (só restam algumas pedras, que parecem ser de uma escadaria). A ponte de madeira que mandou construir para atravessar o rio foi levada por uma forte enchente nos anos 1980. Os descuidos com o patrimônio histórico se incumbiram de arrasar com a outra parte: o belo casario que ainda hoje podemos ver estampado em fotografias antigas. É possível, também, entrar nesse passado por meio do livro “O garimpeiro”, de Bernardo Guimarães. O autor de “A escrava Isaura” lançou, em 1872, um livro ambientado no lugarejo, com descrições bem fiéis. 
Mas ainda restam esperanças. Há um museu municipal, onde estão guardadas diversas relíquias, entre elas duas supostas fotografias de Dona Beja (contestadas por alguns historiadores) e um sem-número de documentos à espera de organização. Há a bela capela de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, que passou por uma desastrada reforma e, atualmente, aguarda sua restauração. O aspecto do tempo, solitário em sua luta contra a extinção, é de dar pena.
Alguns bravos habitantes envergam a quixotesca batalha pela preservação da história, que pode ser observada em vários casarões restaurados ou não. Há planejamento para a construção de hotéis na região, o que poderia alavancar o turismo, totalmente incipiente na atualidade.


Fonte: O Tempo

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