quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Marink Martins: Índices Globais – uma busca por acomodação

Marink Martins: Índices Globais – uma busca por acomodação

Opinião - 
Por Marink Martins, do blog MyVol e autor da newsletter Global Pass
;Quando o assunto é o mercado acionário norte-americano, não há dúvida que estamos vivenciando uma “virada” no que diz respeito ao sentimento do investidor.
Isso pode ser facilmente observado na medida que alguns dos meus heróis esbravejam suas frustrações através das diversas mídias disponíveis; uns frustrados com Jerome Powell, outros com Trump, e alguns com ambos.
E aqui falo dos veteranos, dos “traders”, dos “doers” e confesso de antemão meu preconceito direcionado a jovens economistas, fãs da escola austríaca, que praticam uma espécie de platonicismo ingênuo. Refiro-me a essa turma que só faz criticar as políticas monetárias dos bancos centrais e que vem recomendando a compra de ouro desde 2012. Dito isso, vamos ao que realmente importa…
A proliferação dos ETFs (fundos de índices como SPY nos EUA, ou BOVA11 no Brasil) combinada com uma maior presença de algorítimos de execução contribuíram para um comportamento dos agentes mais alinhado com a estratégia de “momentum”.
Nesta estratégia que toma seu nome emprestado da física e ilustra a ideia de que o que está dando certo, tende a continuar dando certo, e o que está dando errado, tende a continuar dando errado, é comum vermos exageros pontuais.
Não faz nem três meses, e o índice S&P 500 teimava em seguir uma tendência de alta em meio a diversas preocupações globais como aquelas associadas a guerra comercial sino-americana. Na ocasião, o índice chegou a superar momentaneamente o patamar de 2.900 pontos.
Agora, vivemos uma situação oposta.
Jim Cramer, um dos meus heróis, diz estar melhor informado do que os membros do comitê de política monetária do FED (FOMC) e acusa o grupo de ter cometido um grande equívoco.
O queridíssimo Alan Greenspan, o mais longevo entre todos os presidentes dos bancos centrais, não cansa de vociferar suas preocupações e recentemente chegou ao ponto de exclamar a seguinte precaução direcionada aos investidores: “run for cover”! (a tradução mais fiel para tal exclamação, vinda de um trader, só pode ser a seguinte: “bunda na parede”!
Já o veterano Charles Gave, compartilha da mesma intensidade no que diz respeito as frustrações, mas as suas são direcionadas às instituições europeias.
Na minha opinião o mercado tende a buscar novos níveis de acomodação. Acredito em quedas, mas atribuo baixa probabilidade a um “crash”.
De forma um pouco mais objetiva, atribuo razoável probabilidade de que os mercados irão “balançar a roseira” e buscar, como de praxe, expulsar os “maõs-fracas”.
Mas, caso o recente movimento de baixa nas ações persista, creio que, em um patamar 5% inferior aos níveis atuais, irá entrar muita compra, dando suporte a uma estabilização dos mercados.
Afirmo isso, naturalmente, de forma probabilística.. Não sou grafista e Fibonacci para mim foi simplesmente um matemático italiano.
A razão para a minha afirmação, entretanto, baseia-se em uma região onde cresce o apelo por estratégias ancoradas em princípios de “Valor” (“value investing”) vis-a-vis o apelo por estratégias dominadas pelo sentimento de “momentum”.
Observe que, ao utilizarmos o CAPE Ratio – medida de relação Preço / Lucro, onde o lucro é baseado em uma média móvel de 10 anos corrigida pela inflação – obtemos uma relação de 28x para as ações norte-americanas. A média histórica para tal índice é próxima a 26x.
Como tal índice ainda carrega em seu cálculo o fatídico ano de 2008, seu múltiplo encontra-se um tanto enviesado.
Ao excluirmos o ano de 2008 – e aqui não é magia; estamos passando para 2019! – o CAPE Ratio cai para sua média histórica simbolizando que as ações não estão nem tão caras, nem tão baratas.
Ainda que o cético afirme que os lucros dos últimos anos foram inflados através de engenharia financeira, não podemos ignorar que vivemos um período de grande transformação que culminou no surgimento de plataformas dominantes como a Facebook, a Apple, a Google, e muitas outras.
Finalizo aqui buscando te tranquilizar quanto a possibilidade de um “crash”. Por outro lado, reitero a minha tese de que os retornos futuros devam ser relativamente baixos devido a questões demográficas.
Por tudo isso, sugiro uma postura tática ao invés da tão celebrada prática de compra de ações para o longo prazo (“buy & hold”).
Caso você esteja aberto a ideia de uma gestão um pouco mais ativa, venha conhecer a estratégia que coloco em prática através do Clube dos Ganhos Absolutos.
Fonte: MONEY  TIMES

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