sexta-feira, 7 de junho de 2013

A produção garimpeira em Brotas de Macaúbas

A produção garimpeira em Brotas de Macaúbas PDF Imprimir E-mail
Escrito por Rubens Antonio   
Brotas de Macaúbas“A produção garimpeira em Brotas de Macaúbas.” Salvador (Bahia): Coordenação de Mineração – Comin – Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração – SICM – Bahia, setembro de 2008.
Olderico Barreto - Presidente da Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras – CASEF - Brotas de Macaúbas, com quartzos hialino e rutilado.

O MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS

O Município de Brotas de Macaúbas está situado na microrregião da Chapada Diamantina, distando 590 quilômetros de Salvador. O acesso é através da BR-242, que, a partir do entroncamento, dista 42 quilômetros da sede do município. Possui área de 2.372,64 km2, sendo dominado por um clima semi-árido e seco a sub-úmido, com temperatura mínima média em torno de 16°c, a máxima média em torno do 35°c, ficando a média geral em torno de 20°c. Seu período chuvoso estende-se de Novembro a Março, atingindo a pluviosidade anual média de 723 mm, com mínimos de até 309 mm e máximas de até 1593 mm.
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Sua população é estimada em 11.427 habitantes, conduzindo a uma densidade de 4,82 habitantes por km², com 9.631 eleitores cadastrados vinculados ao município. (SEI, 2006)
Em termos de infraestrutura, aspectos básicos são contemplados. Dispõe de uma agência de banco privado, do Bradesco, e um posto de banco estatal, do Banco do Brasil. Entretanto, o posto não mostra funcionamento corrente, devendo os interessados dirigir-se ao município vizinho de Ipupiara.
De acordo com a JUCEB, o Município de Brotas de Macaúbas possui 15 indústrias, ocupando o 126º lugar na posição geral do Estado da Bahia, e 172 estabelecimentos comerciais, o que o coloca na 195ª posição dentre os municípios baianos.
O consumo elétrico residencial médio é de 55,22 Kwh por habitante, o que a coloca no como 301º no ranking baiano.
Possui uma pousada com cerca de 20 vagas e algumas pequenas hospedagens, dispondo o seu parque hoteleiro total de estimados 73 leitos.
Dispõe de um hospital privado conveniado ao Sistema Único de Saúde - SUS, atendendo emergências básicas, dispondo de 19 leitos.
Em termos de estabelecimentos educacionais, há 59 infantis, 79 de ensino fundamental, 2 de ensino médio.
Tem como destaque agrícola 200 hectares de plantações de feijão e 100 hectares de plantações de cana-de-açúcar. Destacam-se também na Produção Agrícola, embora em quantidades menores, banana, arroz, coco e manga.

Seus rebanhos atingem 12.600 cabeças de gado, 1.420 suínos e 3.000 ovinos. 460 cabeças de vacas leiteiras. 18.000 galinhas produzem 90 mil dúzias de ovos por ano. Além disso, há destaque para a apicultura, que produz 10.000 kg de mel por ano.
Suas ocorrências minerais já anotadas são amianto, barita, cobre, cristal de rocha, diamante, ferro, manganês, ouro, quartzito, mármore.
O Produto Interno Bruto do Município fica em torno de R$ 26.852.000,00, conforme o IBGE/2005, chegando-se a um per capita de R$ 2.325,00.
Em termos de doenças transmissíveis de notificação obrigatória, foram registrados, em 2005, 3 casos de hanseníase.
Os municípios localizados na micro-região garimpeira de Brotas de Macaúbas são considerados por alguns estudos dentre os mais pobres do Estado da Bahia. São basicamente Brotas de Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Gentio do Ouro.
Seus Índices de Desenvolvimento Humano – IDH exibem o problema vivenciado por esses municípios, dentre os quais somente Ipupiara apresenta um índice razoável.

Município - IDH
Brotas de Macaúbas - 0,628
Oliveira dos Brejinhos - 0,648
Ipupiara - 0,670
Gentio do Ouro - 0,575


O QUARTZO NA BAHIA

O Anuário Mineral do Brasil – 2006, do Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM revela a existência de reservas inferidas de 1.213.050 toneladas, locadas tão somente no Município de Capim Grosso.
Este valor revela uma queda em relação às expectativas anteriores. O Quartzo da Bahia aparece, no Anuário Mineral Brasileiro – 1998 do DNPM, anotado em mais municípios e em volume bem maior.

A produção baiana de Quartzo em 2005 atingiu 15.253 toneladas de minério bruto, cotada a R$ 19,58 por toneladas. (DNPM, 2006)
Entretanto, essa produção é praticamente dominada pelos garimpeiros, o que torna o controle de quatitativos extremamente dificultada.
No Brasil, em 2007, praticamente não houve consumo de lascas para crescimento de cristal sintético. Daí a produção ter de buscar mercado consumidor no exterior.
Em 2006, as exportações brasileiras de quartzo atingiram o montante de 22.561 t, para um correspondente valor em divisas de US$ FOB 4.901.000. O destino dos bens primários de quartzo exportados foi: Espanha (31,6%), Japão (13,7%), Israel (10,4%), Itália (7,7%), Bélgica (6,8%), Chile (5,2%) e Estados Unidos da América (4%).
O Quartzo beneficiado, ainda que a nível primário, aponta como sítio de maior possibilidade de venda local a Cidade de Lençóis. é um caminho para a vontade de ampliação de oferta de produtos lapidados, artesanato mineral e adorno mineral.
OS GARIMPOS

O Município de Brotas de Macaúbas dispõem de intensa atividade baseada especialmente no garimpo de Quartzo, com origens assentadas na década de 1930. Desde então passou-se a explorar e explotar suas variedades verificadas que são Quartzo hialino, Quartzo leitoso, Quartzo fumê e Quartzo fumê rutilado.
A produção sempre foi reconhecidamente de vulto, entretanto, de dimensionamento altamente problemático.
Seus estimados cerca de 200 pontos de garimpos distribuídos no município, todos voltados para a produção dessas variedades de Quartzo, não mostram registros de produção confiáveis.
As estimativas são feitas por amostragem, ainda assim, em atitudes isoladas e sem qualquer indicador mais objetivo.

A COOPERATIVA AGROMINERAL SEM-FRONTEIRAS – CASEF

Visando agregar a mão de obra garimpeira, normalizando a sua conduta, procurando colocar a produção em um caminho de regularização e melhoria, surgiu a Cooperativa Agromineral Sem-Fronteiras – CASEF. Esta passou a agregar praticamente todos os garimpos e garimpeiros do Município de Brotas de Macaúbas, além de outros dos municípios em torno.
Os garimpos em relação aos quais efetua lavra legalizada estendendo-se por Brotas de Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Gentio do Ouro, contando com associados cooperativas ligados a todos esses municípios.
Fundada em 1º de janeiro de 1990, sob a égide da Lei 7.805, materializou estatutariamente o objetivo de assegurar aos seus associados o direito de exploração e explotação dos garimpos da região, especialmente aqueles de quartzo.
O movimento de criação da CASEF recebeu apoio em vários níveis: Municipal, Estadual e Federal. Nisso contaram com ações especialmente de Prefeitura e Câmera Municipal de Brotas de Macaúbas, alguns Secretários de Estado, como também alguns deputados Estaduais e Federais.
O seu foco, a finalidade de regularizar a atividade mineira garimpeira na região, além do quantitativo de pessoal envolvido, logo envolvido, atraiu interesses políticos.
A CASEF indica que a esfera estadual tem se mostrado apenas relativamente regular nos apoios. A seqüência de prefeitos municipais se caracterizou por uma irregularidade acentuada no apoio desde a inauguração da CASEF.
O reconhecimento da CASEF como organização não governamental foi oficializado a 19 de Maio de 1996.
Desde então, recebeu apoio internacional por parte dos Governos da Bélgica e da China.

Drusa de Quartzo - Garimpo Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas

AS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

A CASEF possui uma sede própria com área construída de 744m2. Esta sede dispõe de duas edificações.
A primeira unidade é a sede propriamente dita, sendo constituída por uma edificação de 300m2. O seu objetivo primeiro era já ser o sítio da Cooperativa que se dedicasse a funcionar como escola de Lapidação, Artesanato mineral e Adorno de bijuterias. Constitui-se de:
- 03 salas administrativas
- 01 auditório
- 01 cozinha
- 01 refeitório
- 01 sala de exposições.
Possibilita a agregação, em um único instante, com relativa folga, de 60 associados. Entretanto, relatório interno indica que preservou alguma comodidade para uma quantidade de até 100 associados ao mesmo tempo.
A segunda unidade, localizada no mesmo terreno, porém distante da primeira cerca de 50 metros, é o Galpão de Produção. Este tem cerca de 160m2, sendo fundamentalmente destinado ao beneficiamento do Cristal de Rocha.
Dispõe de equipamentos operacionais constituintes normais de um núcleo de artesanato mineral funcional. O primeiro destaque é uma serra caixão, localizada operacional. A bancada de formação básica é composta por dois motores a ela dedicados, podendo assentar quatro artesão ao mesmo tempo. Na mesma linha, há dois motores para ao alisamento e dois para o polimento, cada um podendo receber dois artesão ao mesmo tempo.
Praticamente paralisado, atualmente, sua operação é mínima, atuando geralmente apenas um único artesão, envolvendo-se, em raros momentos, até quatro artesãos.
Uma bancada é dedicada à perfuração de gemas e pedras, para a eventual montagem de bijouterias. Dispõe de dispondo de 10 máquinas adquiridas por indicação da consultora Karina Achoa, que foi sugerida à CASEF pela atualmente extinta Superintendência de Geologia e Recursos Minerais - SGM.
Havendo recebido recursos de apoio chinês à CASEF, foram destinados esses à compra dessas máquinas, das quais 7 jamais funcionaram, em 10 anos. Estas chegaram inoperantes e a empresa que a consultora indicou, cujas máquinas vendeu, desapareceu, uma vez realizada a compra.
Após um período em que somente uma máquina funcionou mais duas maquinas passaram a funcionar, assim se encontrando ainda a situação. Estes problemas reduziram em muito as expectativas iniciais de produção de bijouterias pelo núcleo.
A CASEF dispõe ainda de um paiol devidamente regularizado junto ao Ministério do exército, no qual são alojados os explosivos que são utilizados nas detonações para aberturas em garimpos. Encontra-se esse paiol instalado no garimpo do Bojo Vermelho.

OS ASSOCIADOS

A Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras – CASEF, conta atualmente com um quadro de 645 associados.
Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras – CASEF - Brotas de Macaúbas.

Cada associado tem direito à exploração dos garimpos administrados pela Cooperativa. Isto os coloca em situação regularizada, trabalhando em área com direitos minerários e licenças ambientais correntes. Além disto, passam a ter direito a freqüentar eventuais cursos na sede, e utilizar seus alojamentos, quando da freqüência em cursos de treinamento ou aprimoramento no local.
Estes alojamentos também são utilizados quando o associado freqüenta algum colégio regular no município.
Como deveres, os associados devem pagar uma taxa de manutenção da área de 10% da sua produção. Além disso, a revenda controlada de explosivos pela CASEF costuma a cobrar ágio de 30%, o qual é utilizado para novas aquisições e necessária manutenção do seu estoque.
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Drusa de Quartzo - Garimpo Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas
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Cumprindo solicitação do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, em 1992, foi coordenado pela CASEF um cadastramento de garimpos e garimpeiros nos municípios da sua atuação, não havendo levantamento mais recente.
Foram cadastradas 3.000 famílias em conexão direta com atividades garimpeiras, atuando numa área de aproximadamente 60.000 hectares, nos municípios de Brotas de Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Gentio do Ouro.
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OS GARIMPOS ADMINISTRADOS PELA CASEF

Atualmente, a CASEF administra e responde legalmente por garimpos distribuídos por uma área de 4 quilômetros por 13 quilômetros.
A contagem mais recente, de 2008, apontou a existência, nos municípios envolvidos de 174 garimpos sob responsabilidade da CASEF. Dentre esses destacam-se o Garimpo do Bojo Vermelho e o Garimpo Mina da Banana.
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Drusa de Quartzo - Garimpo Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas
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O ACESSO

O acesso aos garimpos é feito através de estradas carroçáveis cujas condições costumam piorar em épocas de chuva mais intensa.
Rumo a alguns garimpos, apesar de em mapa parecerem próximos, inexistem, em muitos casos, estradas que ultrapassem a serra de maneira um mínimo aceitável. Isto obriga a contornos, forçando um deslocamento através de viagens de até 100 km, por tais estradas carroçáveis, até garimpos que estariam mais acessíveis se forem implantadas estradas em melhores condições .
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A PRODUÇÃO NOS GARIMPOS

Os trabalhos, durante o ano de 2008, se concentraram no Garimpo do Bojo Vermelho.
A produção se caracteriza por recursos muitos limitados, em paragens muito distantes e de acesso prejudicado pelas condições das estradas e problemas como o de manutenção dos compressores.
O domínio do minerador informal não permite que haja uma grande perspectiva de desenvolvimento local. A isto some-se que a convergência desses mineradores para a CASEF tem se revelado também apenas insuficiente para resolver os problemas. Deve-se tal fato especialmente a um regime de cobranças muito estrito da CASEF, que procura exigir o menos possível dos associados, sabendo-os de baixa a baixíssima condição financeira.
Isto posto haver constantes demandas dessa cooperativa que, apesar de justificadas e amparadas em indicadores técnicos, tiveram constantemente sinalizações desfavoráveis de apoio do Estado.
A produção de lascas de quartzo, isto é, fragmentos selecionados, é feita manualmente, produzindo peças pesando menos de 200 gramas. Esta é tão importante quanto a produção de cristais íntegros, que chegam facilmente à escala decimétrica.
Nos dois garimpos visitados, viram-se pilhas de lascas de quartzo de qualidade diversificada, marcadamente não homogênea.
Os cristais de grau eletrônico são os de elevado grau de pureza e características químicas muito específicas, sendo usados na indústria de cristais cultivados. São mais raros, com surgimento menos freqüente nestes municípios, o que conduz a uma produção esporádica. Entretanto, são encontrados.
Há uma metodologia de retirada de cristais que inclui cavas ou poços geralmente decamétricos, que dão acesso a veios. Estes são seguidos, em profundidade, produzindo-se pequenos túneis em conformidade com a conformação dos veios. O trabalho de alargamento e ruptura de áreas mais rígidas é necessariamente feito com explosivos.
Obtido o cristal, o trabalho nos sítios limita-se à limpeza do grosso do estéril, separação das unidades mais expressivas. Pode ser resumida a uma seleção relativamente grosseira do material obtido.
Uma observação é que não foi observada qualquer menção à necessidade de busca de maior capacitação tecnológica, a qual permitisse uma agregação de valor mais efetiva. As demandas circulam em torno tão somente da melhoria do acesso, que permita a chegada aos garimpos de caminhão de mais capacidade que a caminhonete atualmente utilizada.
Nessa unidade, o Garimpo do Bojo Vermelho, a produção já chegou a 105 toneladas, as quais foram todas negociadas, predominantemente com compradores chineses.
Entretanto, foram anotadas dificuldades evidentes de relacionamentos com os compradores. Conforme relatos, não é raro os garimpeiros confiarem em compradores e, em um dado momento, este não mais prestar contas de volumes expressivos de produto, resultando em prejuízos expressivos.
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TRANSPORTE

Conta, atualmente, a CASEF tão somente com um único veículo, uma caminhonete Toyota. Após ter a CASEF sua caminhonete furtada, a atual foi primeiramente emprestada e finalmente doada pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM, a título de fomento às atividades da CASEF.
Este veículo apresenta capacidade de transporte de limitada, em relação à produção garimpeira, provocando redução de ritmo nos garimpos, enquanto a produção não é completamente recolhida. Esse evento é realizado, muitas vezes, em mais de uma viagem, através de longos deslocamentos, aumentando em muito o custo do cristal local.
Considerando a distância dos garimpos, o estado das estradas, e a disposição deste um único veículo, mantém-se a produção uma produção limitada, amarrada a limites bem abaixo do potencial local.
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OUTRAS DIFICULDADES

O apoio governamental, algumas vezes, conduziu a prejuízos. Cita-se o caso de recomendação, por parte de profissional indicado pelo Estado, de compra de máquinas de perfuração. As dez adqüiridas com capital oferecido pelo Governo da China Popular resultou em problemas, pois somente duas unidades funcionaram, ao longo de cerca de 10 anos. Tal prejuízo não foi jamais diretamente reposto.
O Artesanato Mineral e a Bijuteria produzidos pelos poucos artesão em operação na CASEF resultam em produtos que permanecem, geralmente, expostos no interior dessa Cooperativa. Esta, com a costumeira ausência do responsável, posto este ser também responsável pela caminhonete e pelo transporte, resulta em difícil acessibilidade aos produtos.
Além disto, ainda que seja uma produção local, não foi observado qualquer ponto-de-venda de destaque localizado no centro comercial urbano.
Dentro desse problema, o quadro de artesãos ali formados encontra-se disperso, muitas vezes migrado, deslocado dessa profissão. Apenas um único artesão permanece em trabalho ocasional e solitário na sede, podendo ser considerados, para intervalos mais espaçados, quatro artesãos que fazem uso do equipamento.
Outro problema grave é a tomada de garimpos legalmente atrelados à CASEF por terceiros, o que demanda tempo demasiado para reação legal e desalojamento dos infratores. Este evento, além de sustentar constate tensão entre os garimpeiros, faz com que a cooperativa perca uma boa parte da produção, sem que haja qualquer retorno.
 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

MINA DE TURMALINAS EM CRUZEIRO-MG

http://www.youtube.com/watch?v=6asrqiNVLak

Os embaixadores das esmeraldas

Os embaixadores das esmeraldas

Sinônimo da preciosa pedra verde, a joalheria carioca Amsterdam Sauer completa 70 anos de criação de luxo e beleza, sob o comando do fundador, Jules Sauer, e seu filho, Daniel

Por Márcia Pereira
Clique e confira um resumo da reportagem
 
 
 
O bandeirante Fernão Dias Paes Leme (1608-1681), morreu acreditando que havia encontrado a cobiçada esmeralda brasileira. Na verdade, seu mérito foi revelar ao mundo que o Brasil era rico em outra pedra. No caso, a semipreciosa turmalina, que, só com o tempo, foi alçada ao panteão das pedras preciosas. Em 1963, quase três séculos depois, um imigrante francês chamado Jules Sauer, dono da joalheria Amsterdam Sauer, deparou-se com uma pedra esverdeada, quando passava férias com a família na Bahia. 
 
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A gema lhe foi mostrada por um garimpeiro que a havia retirado de uma mina da região de Salininha, no nordeste do Estado da Bahia. A pedra era, sem dúvida, uma esmeralda de alto valor comercial – característica que, até então, não tinha sido atribuída a nenhuma das gemas esverdeadas encontradas. “No início da carreira, meu pai foi um bandeirante moderno, que trocou o lombo do burro pelo carro e soube explorar o valor da esmeralda”, diz Daniel Sauer, de 58 anos, filho caçula de Jules. Foi assim que começou uma história de amor, que já dura sete décadas.
 
Em 1941, com 20 anos, Jules criou, em Belo Horizonte, a Amsterdam Sauer, a joalheria que assumiria a cidadania carioca em 1953, com a inauguração de sua primeira loja na então Capital Federal. A empresa tornou-se sinônimo de joias com esmeraldas e hoje atua no País com 25 lojas, além de negociar peças prontas e pedras lapidadas com joalherias dos EUA, Europa e Ásia. Recentemente, inclusive, firmou  uma parceria com a maior rede de joalherias da China, a Shanghai Lao Feng Xiang, que tem 800 lojas. “Os Sauer são os embaixadores  brasileiros da esmeralda, que, com o diamante, a safira e o rubi forma o grupo das pedras consideradas preciosas pela joalheria tradicional”, diz Ivan Endreffy, presidente da Associação Brasileira de Gemologia e Mineralogia.
 
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"Ao longo do tempo, as joias ficaram mais suscetíveis às tendências de moda.
Porém, os clássicos da alta joalheria permanecem como ícones da elegância"
Jules Sauer, fundador da Amsterdam Sauer, aparece no museu da sua joalheria com o filho Daniel
 
“Admiro muito o profissionalismo e a visão de Jules. Um homem que soube, como ninguém, promover essa bela pedra e, claro, também lucrar com ela.” Admiração é o que o geólogo e gemólogo Daniel também sente pelo pai e mentor. “Ele me ensinou, com seus 90 anos de vida e 70 de joalheria, a gostar das pedras. Tanto que me formei em geologia para entender melhor o negócio”, diz o herdeiro, diretor técnico e comercial da empresa. “Outras características que admiro em meu pai são o otimismo e o arrojo.” O executivo, juntamente com a irmã, Debora, diretora de criação, e com o cunhado, Silvio Eisenberg, presidente, divide com Jules o comando da joalheria.
  
Daniel lembra que foi esse espírito ousado que fez o pai comprar, em meados da década de 1950, a água-marinha mais famosa do País, a Martha Rocha, colocando de vez o nome Sauer no mapa da joalheria brasileira. “Ela era gigantesca, pesava 36,5 quilos e tinha 50 mil quilates”, diz Jules. “Inicialmente, adquiri 43% da pedra, por cerca de US$ 750 mil, à época.” Segundo ele,  depois da lapidação, fragmentos da pedra se espalharam por todo o mundo, transformados em belas joias. “Ficaram conosco apenas as peças com as quais presenteei  minha mulher, Zilda”, diz o empresário. 
 
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Hoje e ontem: acima, a loja da marca, no número 1.782 da avenida Atlântica, no bairro de Copacabana, no Rio,
em dois momentos: atualmente, mais à esquerda, e em 1953, quando da sua inauguração 
 
Jules batizou a água-marinha com o nome da mais badalada Miss Brasil de todos os tempos, por ela ter a mesma cor dos olhos da bela morena baiana. Uma curiosidade: 30 anos depois, ele contratou a ex-miss Martha Rocha, a das duas polegadas a mais, para ser a relações públicas da joalheria. O empresário conta que, atualmente, as peças lapidadas da pedra valeriam, juntas, US$ 50 milhões. 
 
Outro ensinamento que Daniel diz ter aprendido com o pai foi tentar preservar ao máximo o quilate original de uma pedra, sem cortá-la em muitos pedaços. Em geral, a Amsterdam Sauer utiliza  pedras grandes, com 30 quilates. “Assim, preservamos seu valor e sua raridade e emprestamos esses quesitos à joia que irá recebê-la”, afirma. “Fazemos dessa maneira, desde a década de 1950, e, por isso, nossas joias estiveram entre as mais caras do País.” As peças atuais (excetuando as da categoria Reserva) custam entre R$ 3 mil e R$ 116 mil. 
 
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Pai e filho recordam que, antigamente, as joias avantajadas eram mais usadas pela realeza. No entanto, com uma maior distribuição da riqueza, o mercado se democratizou e está ainda mais exuberante. “O minimalismo não tem muita vez nesse ramo”, afirma Daniel. Mas o glamour, sim. Com clientes como a atriz Shirley MacLaine em sua carteira, Daniel acredita que, com a morte de  Elizabeth Taylor, a “mulher-joia” das décadas passadas, quem deve assumir o posto é a duquesa de Cambridge e mulher do príncipe William, Kate Middleton. 
 
“É uma plebeia com ar real”, diz. Galante e expert na arte de confeccionar o presente mais apreciado pelas mulheres, ao longo das gerações, o patriarca Jules é categórico: “Uma joia e uma mulher elegante são reconhecíveis em qualquer tempo”, afirma. “Ver uma bela peça vestindo uma bela mulher é sempre um verdadeiro fascínio. Até para nós, joalheiros, que convivemos diariamente com as duas belezas.”
 
 
 

TURMALINA PARAÍBA

Como todos devem imaginar, o nome Turmalina Paraíba vem pelo fato de que foram encontradas pela primeira vez na Paraíba, por Heitor Barbosa em 1989. Porém, apesar do nome e da raridade, esse tipo de  turmalina cuprífera, que traz uma cor azul neon exclusiva também pode ser encontrada no estado do Rio Grande do Norte e na Nigéria e Moçambique. A atual extração ainda é precária e difícil, o que torna o seu valor comercial maior ainda. Toda essa raridade e exclusividade torna a Turmalina Paraíba uma das gemas mais cobiçadas do mundo.

Turmalina Paraíba bruta de 26,5 cts da Mina da Batalha - PB. Preço: US$ 155.000,00.

Geologicamente falando, as turmalinas da região foram descobertas inicialmente no município de São José da Batalha, na variação de Elbaíta (turmalina litinífera que vai de vermelho rosado a verde e incolor), ocorre na forma de pequenos "cristais" na maioria das vezes irregulares dentro de corpos pegmatíticos que na localidade estão encaixados em quartzitos da Formação Equador (Grupo Seridó). A mineralogia básica da rocha é de quartzo, feldspato (comumente alterado pela infiltração de água), lepidolita (mica lilás) e schorlita (também conhecida como afrisita ou turmalina negra) e óxidos de nióbio e tântalo (sequência columbita-tantalita). Os índices de cobre podem ser associados à Província Metalogênica Cuprífera do Rio Grande do Norte

Província Cuprífera do RN-PB.

Análises comprovaram que as Turmalinas Paraíba contem expressivos teores de cobre, ferro e manganês, sendo atribuídos a estes elementos, em sua variação, o tom de cor do mineral. São designadas cores como azul-claro, azul-turquesa, azul-neon, azul esverdeado, azul safira, azul violáceo, verde azulado e verde esmeralda, na tentativa de descrever a rara e variável cor. 

Turmalina Paraíba lapidada de 50 cts que permaneceu no Brasil para exposição. Avaliada aqui no Brasil em R$ 500.000,00.

Uma característica que chama a atenção é o de uma turmalina paraíba devidademente tratada e lapidada poder brilhar em ambientes de pouquíssima luz, o que faz muitos atribui-la como fluorescente (no caso seria fosforescente).

Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários. Hoje em dia a turmalina paraíba no mercado japonês pode custar cerca de US$ 30.000/ct, porém dependendo de sua exclusividade pode chegar a custar cerca de US$ 100.000/ct.

Broche em ouro branco desenhado pelos designers da Chanel com mais de 1000 diamantes e com uma Turmalina Paraíba de 37,5 cts no centro. Peça única, foi vendida assim que anunciada. Não encontrei o preço.

A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.

Broche de papagaio, com gemas de diversas cores e olho feito em Turmalina Paraíba.

Para alcançar tons mais limpos e mais exclusivos as empresas adotam um tratamento na turmalina para melhor mais ainda a sua cor.Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350°C e 550°C. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.

Lote de turmalinas diversas de baixo valor comercial comumente vendido na internet.

Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”.

Turmalina paraíba bruta de boa qualidade.

Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.

Mais fotos de turmalinas paraíba:





segunda-feira, 3 de junho de 2013

Styling precioso: experts revelam quais as joias da vez...


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30/05/2013 - 06h00 - POR news

Styling precioso: experts revelam quais as joias da vez e como usá-las

  (Foto:  )
Pode guardar, bem lá no fundo do seu porta-joias, os colares e pulseiras em conjuntinhos (so boring!) e até os brincos dourados, ao menos por enquanto Com a chegada do inverno, é hora de atualizar o brilho dos looks de festa: Vogue conversou com cinco experts em joias para desvendar quais as peças preciosas mais-mais da temporada e as melhores formas de usá-las. Siga lendo e descubra.
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O ear cuff é o novo maxi brinco
"O ear cuff precioso, seja com pedras, brilhantes ou de ouro, é a escolha perfeita para atualizar um visual festivo. Moderniza qualquer look, até quando acompanha um vestido tradicional", comentou a editora de moda da Vogue, Barbara Leão de Moura, sobre a tendência que fez brilhar as orelhas de Sienna Miller, Jessica Alba, Constance Jablonski, entre outras belas, no Baile do Met de 2013. "Além de enfeitar, eles são práticos e fáceis de usar", completou Carla Amorim, uma das poucas joalheiras brasileiras que lançaram suas versões da peça. Dica: aposte nos modelos com pedras coloridas para alegrar o look sóbrio.
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Colar é para ser usadopara trás
"Acho que é um truque de styling que combina mais com o verão, quando você usa vestidos mais decotados", opina Sabrina Gasperin. Entretanto, se você não quiser esperar as temperaturas subirem para apostar no estilo que reinou no Oscar em 2013, a dica é investir nas peças com fios mais longos, como fez a atriz Jennifer Lawrence.
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Turmalina, a pedra da vez A estrela máxima das pedras é a turmalina paraíba, objeto de desejo de 9 entre 10 fashionistas – incluia nesta leva a top model Kate Moss, que brilhou com um colar com uma imponente gema azul no último gala da amfAR em São Paulo. "Conhecida como a gema das mil cores, a turmalina sempre foi nossa paixão", comentam Anna Claudia Rocha e Ana Paula Appolinario, da Ana Rocha&Appolinario. O melhor: ela é tão poderosa que transforma qualquer look em desejável.
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Verde, azul ou vermelho na nova cartela de cores"A turmalina é uma pedra superexclusiva e nem todo mundo pode ter. Entretanto, há outras gemas que ganham espaço neste inverno, como as joias verdes combinadas com diamantes escuros", comenta Barbara Leão de Moura. Carla Amorim e a dupla por trás da Anna Rocha & Appolonario concordam com a editora e acrescentam ainda que outros tons de azul e de vermelho também estão na lista-desejo da vez. Desta forma, invista em esmeraldas, jades, tsavorites, apatitas, tanzanitas e nos rubis.
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Quanto mais aneis, melhor!
Já faz alguns anos que o mix de aneis ganhou as mãos das fashionistas pelas ruas dos hemisférios orte e sul. Agora, o truque de styling migrou para os red carpets e festas: aneis de diamante, com pedras imponentes e/ou planos e metalizadas enfeitaram os dedos de famosas e fashionistas em eventos recentes. "Atualmente, estou adorando misturar aneis com diferentes diamantes: diamante branco, diamante chocolate, diamante negro e diamante amarelo", disse Sabrina.
PÉROLAS-COOL: as pérolas ganharam ares moderno quando combinadas com peças rocker ou joias metalizadas (Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução e Getty Images)