terça-feira, 13 de agosto de 2013

Único no Brasil, curso de Gemologia da UFES fortalece mercado de joias

Único no Brasil, curso de Gemologia da UFES fortalece mercado de joias

Criada em 2009, graduação forma gemólogos para atuar em diversas áreas


Laboratório de lapidação do curso de Gemologia da UFES (Foto: Daniela Newman)Alunos no laboratório de lapidação do curso de Gemologia da UFES (Foto: Divulgação/Daniela Newman)
Com o objetivo de formar profissionais empreendedores e inovadores, capazes de agregar valor econômico à cadeia produtiva de gemas, joias e afins, foi criado, em 2009, o curso de Gemologia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nascido no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o curso de Gemologia, que é único no Brasil, oferece formação em três áreas de conhecimento. São elas: Ciências Sociais, com aulas de Economia e Empreendedorismo; Geociências, com disciplinas como Mineralogia e Gemologia; e Artística, que ensina técnicas de lapidação, desenho e montagem de joias.
A proposta do curso é a de fazer com que os futuros profissionais formados sejam capacitados a trabalhar em todas as cadeias produtivas do mercado de joias. Ao final da graduação, os formandos estarão aptos a atuar na identificação e avaliação de gemas e joias, abrangendo a lapidação, gravação, cravação e certificação de gemas; design e confecção de joias; artesanato em minerais; comercialização, incluindo importação e exportação; inovação na cadeia produtiva; e pesquisas e laudos em minerais brutos e lapidados.
Segundo explica Jaqueline Carolino, coordenadora do curso, o gemólogo pode contribuir para o fortalecimento do mercado de joias agregando valor às peças com gemas que necessitem de certificações, ou laudos, de sua autenticidade. "Isso se dá por meio do emprego do conhecimento científico e técnico nos projetos de lapidação, design e confecção de joias. Uma vez que o mercado de joias passa a comercializar produtos que utilizam gemas com certificado de autenticidade, gera-se mais segurança ao cliente. E essa segurança faz com que se aumente o volume de negócios”, ressalta Jaqueline.
Durante o curso, alunos aprendem as propriedades das gemas` (Foto: Daniela Newman)No curso, alunos aprendem as propriedades das
gemas (Foto: Divulgação/Daniela Newman)
Ao todo, são oferecidas 90 vagas no curso de Gemologia da UFES, sendo 45 por semestre. Jaqueline destaca que o público-alvo da graduação inclui pessoas que já desejavam ingressar no Ensino Superior, profissionais já inseridos no mercado de trabalho, ou profissionais de empresas e organizações atuantes na cadeia produtiva de gemas e joias que buscam qualificação de seus colaboradores. “O profissional de gemologia também está apto a fazer parte do mercado como empreendedor. Ao mesmo tempo, deve-se pensar em uma ação junto ao governo que se exija um gemólogo responsável por cada joalheria. Isso faria com que o cliente tivesse maior segurança em relação ao que se está adquirindo”, ressalta.
Conteúdo do curso
Na aula de Mineralogia, os alunos aprendem o básico sobre os minerais em seu estado bruto antes de ser lapidado, bem como algumas de suas propriedades. Além disso, os estudantes aprendem a diferenciar, por exemplo, determinadas gemas que podem parecer iguais, como o topázio azul e a água-marinha. Esse conhecimento se torna importante a partir do momento em que cada gema passa a ter um valor maior ou menor, permitindo que o produto final tenha um preço adequado.
Já as aulas de lapidação são divididas em três segmentos, acontecendo em três períodos diferentes. Nelas, os alunos são introduzidos ao funcionamento do laboratório. Eles aprendem não só técnicas de lapidação, mas também sobre segurança, incluindo como manusear corretamente serras e maçaricos, além de noções de higiene. A partir do 4º período, acontece a aula de Design de Jóias, que é o primeiro contato dos alunos com o processo de produção de uma peça. No entanto, os estudantes se preparam para esse momento desde o começo da faculdade, com aulas de desenho e história da joalheria, por exemplo. O objetivo é desenvolver o olhar artístico destes futuros profissionais.
O curso visa formar profissionais para as seguintes áreas e atividades:
- Que atuem junto à indústria joalheira e em uma vasta gama de atividades econômicas, nas quais minerais-gemas figurem como insumos, ou produtos finais;
- Desempenhando função multidisciplinar: ora avalia, ora classifica, ora lapida gemas, interagindo com o mercado no aspecto de precificação;
- Atuando nos campos de assessoramento técnico no tratamento de gemas naturais para instituições (avaliação);
- Que desempenhe como profissional liberal atividades técnicas especializadas em uma cadeia de ações complementares, quais sejam: ourivesaria, modelagem, lapidação, cravação de pedras, artesanato em minerais, caracterização gemológica, comercialização de joias nos mercados interno e externo, desenvolvimento de pesquisas, laudos e certificação;
- Que atue nos métodos de reconhecimento entre gemas naturais, sintéticas e imitações.

Conheça alguns dos métodos utilizados para identificar joias falsas




Conheça alguns dos métodos utilizados para identificar joias falsas

Especialista explica como atestar se o ouro e as pedras são verdadeiros


Joia (Foto: Reprodução de TV)Ao comprar uma joia, recomenda-se exijir o certificado de autenticidade da peça (Foto: Reprodução de TV)
Desde a antiguidade, as joias despertam no homem os mais variados sentimentos, sendo, em muitas culturas, sinônimo de luxo e poder. Por serem muito cobiçadas, seus valores podem assumir cifras altíssimas, o que torna esse mercado rentável para eventuais falsificadores. Ao adquirir uma joia, atentar para alguns detalhes pode ser de suma importância, já que o valor de uma peça depende diretamente da autenticidade do metal precioso e de suas pedras lapidadas, também conhecidas como gemas. Neste caso, ter o aval de um joalheiro experiente, ou, no caso da pedra, de um gemólogo, pode ser uma atitude sábia para se precaver de um possível golpe.
Mas quais características ajudam a identificar a veracidade de uma joia? Para o gemólogo e joalheiro Tadeu Tranin Tuller, perceber que uma peça é falsa é uma tarefa relativamente fácil para um especialista, mas difícil para um leigo. No caso do ouro, ele destaca que um profissional da área pode identificar a veracidade analisando, primeiramente, a sua cor, o tipo de solda empregado, acabamento, ou a porosidade do metal.
Refratômetro (Foto: Divulgação / IBGM)Para medir o índice de refração, as gemas são
colocadas no refratômetro (Foto: Divulgação/IBGM)
“Para se ter certeza, é preciso fazer uso de um ácido, chamado ‘água de toque’, que é pingado no ouro. Dependendo do quanto o metal ficar escuro, é possível saber o quanto de ouro existe na peça, identificando se é 18 quilates (com 75% de ouro e 25% de outras ligas metálicas), ou 24 quilates (ouro puro), quando o metal não muda de cor em contato com a substância. Quanto mais escuro, menos ouro. Caso apareça uma espécie de nata ao aplicar o ácido no metal, não se trata de ouro”, explica o especialista.
Já o processo de identificação de uma gema falsa é bem mais difícil, lembra Tadeu. Nesse caso, na hora de comprar uma joia, caso haja dúvida em relação à pedra, ele recomenda que a peça seja levada até um laboratório gemológico para a realização de alguns testes. “O principal fator é o índice de refração da gema. A velocidade da luz é de 300 mil quilômetros por segundo, já em um diamante, por exemplo, essa velocidade cai para 125 mil. Se dividirmos 300 por 125, chegamos ao valor de 2,4, que é o índice de refração desse tipo de pedra preciosa. Para essa medição, é utilizado um equipamento chamado refratômetro, sendo que cada gema possui um valor de índice de refração”, ressalta.
Tadeu destaca que outro método utilizado para verificar a autenticidade de uma pedra é através de um microscópio ótico, no qual o especialista pode verificar possíveis defeitos, ou algum corpo estranho presente no mineral, que são denominados pelo jargão “inclusão”. “Na hora de comprar uma joia, procure sempre por uma loja idônea, que possa lhe oferecer um certificado de autenticidade não só do ouro, como também da gema. Assim como as farmácias têm um farmacêutico responsável, as joalherias deveriam ter um gemólogo atuando, e isso deveria ser lei”, reivindica Tadeu.

Brasil é responsável por produzir um terço das gemas do mundo

Brasil é responsável por produzir um terço das gemas do mundo

Pedras brutas nacionais se destacam por sua grande variedade de cor

Topazios Azuis (Foto: Daniela Newman)Entre as pedras exportadas pelo Brasil estão os topázios azuis (Foto: Divulgação/Daniela Newman)
No cenário internacional, o Brasil é conhecido pela produção de grande diversidade de pedras preciosas, sendo, segundo o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), um dos principais produtores de esmeraldas e o único de topázio imperial e de turmalina Paraíba. Também fazem parte do acervo brasileiro outras pedras, que são comercializadas em larga escala, incluindo citrino, ágata, ametista turmalina, água-marinha, topázio e cristal de quartzo. Exceto no que diz respeito à comercialização de diamante, rubi e safira, o país é responsável, atualmente, pela produção mundial de aproximadamente 1/3 do volume de gemas, como são conhecidas as pedras quando lapidadas, ou polidas.
No Brasil, boa parte da produção de pedras preciosas é feita por garimpeiros e pequenas empresas de mineração, localizadas em sua maior parte nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás, Pará e Tocantins. Segundo ressalta Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM, cerca de 80% das pedras brasileiras têm como destino a exportação, incluindo esmeraldas, turmalinas, ametista, citrino, topázios e, principalmente, os cristais. Os outros 20% são destinados ao mercado interno, mais especificamente às indústrias joalheiras.
Hécliton (Foto: Divulgação / IBGM)Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM
(Foto: Divulgação/IBGM)
“No que diz respeito à produção de pedras, o Brasil é um dos mais importantes do mundo em termos de variedade e volume. O nosso país continua sendo um dos principais produtores e exportadores, mas tem diminuído sua participação devido ao crescimento da África nesse setor. Os preços, tanto das pedras brasileiras, quanto das africanas, cresceram muito nos últimos seis anos, muito devido à entrada da China no mercado de joias, se tornando o principal país importador de pedras brasileiras. De janeiro a maio de 2013, o Brasil comercializou um montante de US$ 64 milhões em pedra lapidada e US$ 21 milhões em pedra bruta, sendo que, neste ano, devemos exportar o total de US$ 200 milhões”, prevê o presidente.
O parque industrial brasileiro voltado ao mercado de joias é bem diversificado. Conforme dados do IBGM, estima-se que existam, atualmente, aproximadamente 3.500 empresas, incluindo as de lapidação, de joalheria, de artefatos de pedras, de folheados e de bijuterias, localizadas, em sua maior parte, em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. O instituto destaca também o surgimento de novos polos industriais no Paraná, Pará, Amazonas, Ceará e Goiás.
Tendências do mercado mundial
Nos últimos 20 anos, Hécliton ressalta que aumentou a procura por pedras coloridas e com preços mais acessíveis, o que acabou por beneficiar o Brasil. “O mercado tem procurado por mais cor. Hoje em dia, temos pedras rosas, amarelas, champanhe, preta, entre outras cores. Devido a essa tendência, o design de joias também mudou, o que exigiu pedras mais coloridas, chamadas no mercado internacional de ‘colored stones’, sendo um dos nossos principais mercados os Estados Unidos”, aponta o especialista.
Hécliton destaca que do volume total exportações brasileiras, 2/3 são referentes a pedras lapidadas e 1/3 a pedras brutas. “O custo da lapidação no Brasil é elevado em relação ao praticado em países como China e Vietnã, por exemplo. Ou seja, no caso de gemas mais baratas, mandamos as pedras brutas e as compramos lapidadas para termos mais competitividade no mercado nacional. Já as pedras de valor maior são lapidadas no Brasil mesmo. Outras pedras brutas não têm como ser lapidadas, como a druza ametista, conhecida também como ‘capelas de ametistas’”, ressalta.

Saiba quais fatores físicos tornam uma gema valiosa no mercado




Saiba quais fatores físicos tornam uma gema valiosa no mercado

Entenda como as pedras preciosas são identificadas pelos gemólogos


joia rubi safira (Foto: Reprodução de TV)Sobre uma placa de acrílico, estão pedras como o rubi e a safira (Foto: Divulgação/Daniela Newman)
Só em 2012, o Brasil exportou mais de U$ 3,3 bilhões em joias, incluindo ouro e gemas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). No que tange à produção mundial em 2011, a entidade apontou o país como sendo o sétimo do mundo em termos de produção de joias. Diante deste cenário, e de um vasto acervo de pedras preciosas encontradas no Brasil, cada vez mais o mercado nacional vem demandando profissionais que possam identificar de forma correta as gemas, como são conhecidas as pedras preciosas e não-preciosas depois de serem lapidadas, ou polidas.
Para a gemóloga Daniela Newman, professora de Mineralogia do curso de Gemologia, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), cenário do Globo Universidade exibido no dia 6 de julho, é necessário que o profissional que trabalha no ramo de joias saiba identificar exatamente não só as diferentes espécies de gemas, como suas variedades, já que há uma grande diferença de valor e raridade entre elas.
Daniela Newman, professora de Mineralogia da UFES (Foto: Divulgação)Daniela Newman, professora de Mineralogia do
curso de Gemologia da UFES (Foto: Divulgação)
No Brasil, segundo ela, os principais depósitos minerais de gema estão localizados em estados como o de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, São Paulo e Paraná. As gemas brasileiras mais comuns são oriundas de variações do mineral berilo, incluindo pedras como a esmeralda, água-marinha, morganita e heliodoro; as turmalinas, com destaque para as turmalinas da Paraíba; as variedades do mineral espodumênio, que abrange a kunzita, hiddenita, hialofana; fosfatos, como a brasilianita e apatita; além dos óxidos, incluindo o rubi, a safira e o crisoberilo. Fazem parte da lista ainda diamantes e opalas, dentre outras gemas coradas.
Entre as mais preciosas, Daniela destaca o diamante, encontrado na Serra do Espinhaço (MG), Tibagi (PA), Juina (MT) e em Rondônia; a turmalina Paraíba; a esmeralda, comum em cidades como Socoto (BA), Santa Teresinha de Goiás (GO), Carnaíba (PE), Monte Santo (BA) e Nova Era (MG); e a água-marinha, encontrada em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. “Uma turmalina Paraíba, via de regra, valerá mais do que uma apatita azul; bem como uma goshenita (variedade incolor do berilo) é mais rara do que um quartzo incolor. O diagnóstico correto de uma gema é o que dará credibilidade ao profissional, agregando valor tanto ao material isolado quanto montado em uma joia”, ressalta a gemóloga.
Uma gema é definida pela sua cor, pureza, beleza, raridade e portabilidade. Mas o que diferencia uma pedra da outra? Daniela explica que as gemas são diferenciadas pelas suas propriedades ópticas e físicas, principalmente no que diz respeito ao índice de refração, birrefringência (dupla refração), densidade, espectro de absorção de luz, sendo tais características resultantes da estrutura cristalina (sistemas de cristalização) da gema e da sua composição química. “O importante é que, em se tratando de gemas, todos os testes aplicados devem ser de caráter não destrutivo”, ressalta a especialista.
Processo de lapidação
A lapidação é aplicada a um mineral dando origem à gema e tem o intuito de realçar as características inerentes de cada peça. Em função da variedade de gemas com a qual se está trabalhando, aplicam-se técnicas diferentes, gerando formatos variados de lapidação. “No caso de gemas pleocróicas (que possuem variação de cor), é importante posicionar a lapidação corretamente, em função do eixo óptico do mineral, para que se possa aproveitar a melhor cor, que em uma gema representa 50% do seu valor no momento da avaliação”, detalha a professora.
Segundo Daniela, gemas que apresentam vários planos de clivagem (propriedade de se quebrarem, ou dividirem, com maior facilidade), como é o caso do diamante e da fluorita, são difíceis de serem lapidadas e cravadas, pois possuem vários planos de fraqueza e, ao serem submetidas a esforços mecânicos, podem se romper. “Gemas de alta dureza, como é o caso do coríndon (variedades do rubi e da safira) e do diamante, são difíceis de serem lapidadas. Gemas como a cianita, que apresenta duas durezas (resistência ao risco) diferentes, também são difíceis de serem lapidadas. Gemas com baixa dureza devem ser utilizadas com cautela em joias, pois se arranham facilmente, como é o caso da fluorita e apatita”, aconselha a gemóloga.