quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A espetacular Wirrda Well, a nova jazida da BHP

A espetacular Wirrda Well, a nova jazida da BHP 
Por Pedro Jacobi 
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Os meios geológicos já estão sabendo que Wirrda Well foi descoberto e que tudo leva a crer que este pode ser um mega-depósito mineral de cobre, ouro e urânio,  talvez um outro Olympic Dam.
O que nós sabemos é que Wirrda Well é mais um IOCG ( iron oxide copper-gold) que, coincidentemente, está localizado dentro da província do maior depósito de  urânio do mundo e segundo maior de cobre, outro IOCG chamado Olympic Dam. A distância de Wirrda Well para Olympic Dam é somente de 25km e ambos os depósitos estão  relacionados a falhas ENE cortadas por estruturas NNW. Um outro depósito se encontra, também, nas proximidades, o de Acropolis (veja imagem).
Wirrda Well está associado a uma anomalia magnética semicircular de 4km de diâmetro que coincide com uma anomalia de gravimetria que caracteriza os  principais depósitos minerais do cluster. A fonte é um pipe verticalizado de centenas de metros de diâmetro que está coberto por sedimentos Mesoproterozóicos  de 330m de espessura. Ou seja, Wirrda Well, assim como Olympic Dam são depósitos escondidos nas profundezas da Terra que só podem ser descobertos por métodos  geofísicos combinados com uma boa interpretação geológica.


wirrda well geologia
O jazimento tem duas zonas de brechas hidrotermais e de óxidos de ferro, intrudidas no granito Donington onde se desenvolveram venulações e alterações  hidrotermais a base de magnetita e hematita, pirita, calcopirita, sericita, siderita, quartzo, clorita, barita, fluorita, apatita, flogopita uraninita e  bornita. As brechas e alterações são pervasivas em Wirrda Well.
O que não se sabe até o momento é o segredo, bem guardado, das reservas e teores de Wirrda Well. Sabe-se que existem zonas de alto teor com cobre acima de 1% e  outras com cobre abaixo de 0.5%. Um furo de 248m@0.86% Cu, 4,6g/tAg já havia sido publicado no início do projeto.
Descobertas como a de Wirrda Well feitas abaixo de uma cobertura de mais de 300m mostram, claramente, o quanto nós estamos atrasados no Brasil e quanto ainda poderemos descobrir. A coisa mais próxima desta descoberta, aqui no Brasil, foi o depósito, também um IOCG, do Alemão, que estava, literalmente, ao lado da Mina de Igarapé Bahia na Província de Carajás. A anomalia de mag do Alemão jamais havia sido sequer sondada até que o Geofísico Célio Barreira, vindo da Rio Tinto, selecionou o alvo para sondagem...o resto é história. Quantos depósitos como esse ainda serão descobertos em um país que sequer tem uma cobertura geofísica decente?

Imagens - BHP-Billiton


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Belo Sun recebe aprovação do estudo de impacto ambiental em Volta Grande

Belo Sun recebe aprovação do estudo de impacto ambiental em Volta Grande

A junior canadense, que estava paralisada a espera da licença ambiental, agora pode avançar. O licenciamento havia sido suspenso até que um estudo sobre impacto sobre áreas indígenas fosse efetuado.
 A Belo Sun vem enfrentando inúmeros problemas com os órgãos ambientais, garimpeiros, moradores e indígenas. Somente na Vila Ressaca existem mais de 500 garimpeiros que querem alguma coisa da Belo Sun, desde reassentamento até ressarcimentos. Muitos alegam que não podem mais trabalhar nos garimpos e que estão sem renda devendo, portanto, receber um ressarcimento da mineradora.
Agora que a COEMA aprovou o relatório ambiental da Belo Sun o projeto deverá entrar na fase dois e expandir os estudos de viabilidade econômica que já haviam sido iniciados.

Arquitetura de Ouro Preto inspira artesãos

Arquitetura de Ouro Preto inspira artesãos


Divulgação / Divulgação
Claudia Rosa da Silva, de 47 anos: a artesã produz atualmente cerca de cem anéis, gargantilhas e brincos por mês
Artesãos de Ouro Preto (MG) criaram coleções inspiradas na arquitetura do município. Com isso, ampliam e sustentam o crescimento de um polo de produção de joias no município. As 15 oficinas do distrito de Santo Antônio do Leite - que surgiram nos anos 1980 por meio da influência de hippies que foram morar no local - começaram há cinco anos um processo de profissionalização, que implicou a divisão de tarefas entre os profissionais e a criação de uma associação.
Como são necessárias 15 etapas para confecção de uma joia, puderam com isso também ampliar a produção das oficinas e criar uma identidade própria para as peças. Elas passaram a ser moldadas pelas mãos de um artesão e concluídas por outro. Assim, nasceu a coleção baseada na arquitetura local: um processo coletivo de criação.
"O uso de novas formas de produção e a consequente melhoria na qualidade das peças estão sustentando a abertura de novos mercados para esses artesãos", diz a analista do Sebrae Minas Sabrina Albuquerque, responsável pelo programa da entidade que capacita esses artesãos.
Na avaliação da especialista, com a criação de novos desenhos nas coleções de joias, inspirados na arquitetura regional, essas oficinas podem ampliar ainda mais as vendas dos itens que produzem. Antes, explica, os modelos das coleções eram baseados em reproduções de desenhos clássicos e joalherias famosas, mesmo que com pequenas intervenções e modificações. Ao estabelecerem linhas de joias com design próprio, evitando os modelos baseados nas joalherias convencionais, os artesãos ampliam as vendas e o movimento nas oficinas.
Eles utilizam a prata na maior parte das peças e o ouro, em caso de encomendas. A maioria das pedras é de origem mineira, sobretudo as preciosas, provenientes do município de Teófilo Otoni, no norte de Minas Gerais, de onde vem principalmente a ágata. O topázio imperial, pedra muito utilizada também por esses artesãos, só é encontrado na região de Ouro Preto. O quartzo vem de Governador Valadares, também em Minas, a esmeralda é da Bahia, e o opala é trazido do Rio Grande do Sul.
O artesão João Batista Ferreira Anjos, 42, o Bezinho, proprietário da oficina de mesmo nome, ganha cerca de R$ 4 mil "vendendo mão de obra". Ele explica que trabalha com dois ajudantes, em turnos de meio período e produz cerca de 200 peças por mês com as encomendas das outras oficinas. "Isso garante o meu movimento, mas mantenho a venda de minhas peças próprias", diz Bezinho.
Além das parcerias com hotéis e pousadas de Ouro Preto para a exposição das peças, foi criado um espaço em Santo Antônio do Leite para abrigar uma feira que funciona aos sábados, domingos e feriados.
"Com o associativismo, as consultorias sobre comercialização e formação de preços, além da melhoria dos produtos e o design próprio, estamos melhorando as vendas", afirma o artesão Dílson Ribeiro, presidente da associação que reúne os 15 artesãos de joias do distrito.
Ele explica que, também com a participação em três feiras nacionais anualmente, os artesãos estão realizando bons negócios. "O foco é o consumidor final. Assim, é importante a participação nessas feiras para que possamos mostrar a marca, a identidade de nossas joias. A maioria é feita de pedras mineiras e, agora, com as coleções, ampliamos a marca de Santo Antônio do Leite", diz Ribeiro. Ele explica que sua oficina fatura algo entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil mensais, mas que numa feira é possível a venda de algo em torno de R$ 8 mil.
A produção de peças que reproduzem a arquitetura, as pedras das calçadas e ruas, os casarões e igrejas da antiga capital de Minas Gerais, é uma forma de avançar na melhoria de uma produção artesanal iniciada há três décadas em Santo Antônio do Leite pelos hippies.
A influência começou no início da década de 80 com a chegada de estrangeiros à região de Ouro Preto com o objetivo de comprar e negociar pedras preciosas, em estado bruto ou com pouco acabamento. Paralelamente, chegavam à cidade grupos de hippies com domínio da produção artesanal de bijuterias e que viviam disso.
Normalmente nômades, alguns deles, porém, permaneceram na região e montaram uma espécie de "república" em Santo Antônio do Leite.
Laurence (Guiana Inglesa), Elias (Chile), Manoel (Espanha), Marcos (Argentina), José Eustáquio (Goiás), Jamil (Líbano) e o casal Miguel e Janete (Goiás) deixaram suas marcas no distrito, com a transmissão do domínio do conhecimento de gemas e produção das peças.
"Aprendi com o Marcos, um hippie argentino, quando tinha uns 12 anos de idade. Depois disso, fui aprimorando e fazendo cursos", diz o artesão Reinaldo da Conceição da Silva, 37 anos, que produz em sua oficina cerca de cem anéis por mês. "Um solitário (anel) pode demorar até três horas para ser produzido. No varejo, dependendo da pedra, ele custa no mínimo R$ 150", afirma Silva. Ele explica, porém, que a partir da encomenda de outros artesãos, "vendendo mão de obra", processo decorrente da divisão de tarefas entre os produtores de joias de Santo Antônio do Leite, ele tira algo em torno de R$ 1,3 mil por mês em sua oficina,
Cláudia Rosa da Silva, 47 anos, aprendeu o ofício com Laurence (Guiana Inglesa) e produz atualmente cerca de cem anéis, gargantilhas e brincos por mês. A maior parte da remuneração da artesã também é proveniente da venda de mão de obra.
Fazer serviços para outros, numa troca constante de oficinas para a finalização das etapas de fabricação também representa a quase totalidade do movimento de cerca de R$ 1,5 mil de Davisson Arantes, de 33 anos. "Estou vendendo muito pouco peças minhas. Estou mais vendendo mão de obra", diz.



O negócio secreto das pedras preciosas

O negócio secreto das pedras preciosas


Richard Hughes é o "Indiana Jones" moderno das pedras preciosas. Há décadas, esse americano percorre o planeta atrás das gemas mais valiosas, encarando pelo caminho aventuras dignas do cinema. Essa indústria, que movimenta US$ 10 bilhões por ano, é envolta não só em beleza, mas também em mistério.
Ao contrário do negócio mundial de diamantes, que é em grande parte controlado por empresas gigantes como a De Beers e minuciosamente monitorado por investidores e banqueiros de Wall Street, o mundo das pedras preciosas coloridas ainda é dominado por pequenos mineradores e aventureiros que vão a alguns dos lugares mais perigosos e subdesenvolvidos do mundo em busca de novos tesouros. As melhores pedras tendem a vir de países como Madagascar, Tajiquistão, Colômbia e Mianmar, onde o contrabando muitas vezes corre solto, a manutenção de registros é deficiente e os donos de minas com frequência impedem a presença de comerciantes de fora por medo de que façam seus próprios negócios com os moradores locais.
Em alguns casos, especialistas como Hughes compram pedras de garimpeiros ou intermediários e as revendem a clientes ricos. Há gemas que chegam ao público através de atacadistas que as compram em leilões ou mercados abertos na Tailândia, Índia e outros centros de processamento. Só num leilão em Mianmar, em 2011, as vendas chegaram a US$ 2,8 bilhões. De qualquer forma, os compradores de pedras preciosas raramente têm ideia de onde vieram as pedras e, mesmo se quisessem, provavelmente não teriam como descobrir sua origem. Quando se trata de rastrear os dados mais básicos sobre quais países produzem a maioria das pedras, a indústria é "muito vaga", diz Jean Claude Michelou, vice-presidente da Associação Internacional de Pedras Preciosas Coloridas, entidade que representa o setor.
As melhores pedras vêm de lugares como Madagascar, Tajiquistão, Colômbia e Mianmar
Na verdade, é praticamente impossível encontrar um diretor-presidente ou grandes acionistas por trás das maiores minas de rubi ou safira do mundo. Em Mianmar, país há muito considerado a principal fonte mundial de rubis e jade, muitas minas são controladas pelos militares ou seus colaboradores mais próximos, incluindo alguns que são alvo de sanções dos Estados Unidos impostas anos atrás para punir o autoritário regime militar do país. (Embora muitas dessas sanções tenham sido relaxadas nos últimos dois anos, quando um novo governo reformista começou a reverter décadas de rígido controle militar, algumas restrições sobre as pedras preciosas de Mianmar foram mantidas.) Mas as pedras também podem vir de caçadores privados de fortunas cujas identidades são desconhecidas fora de seus países. Um dos magnatas que Hughes conheceu durante uma perigosa caçada a jade em minas da remota Hpakant, em Mianmar, era um ex-motorista de táxi que começou com uma pedra bruta que comprou por US$ 23 de um passageiro e a revendeu por US$ 5.000 para um comerciante de jade. (Quando Hughes o conheceu, em 1996, ele posou para uma fotografia sobre uma pilha de pedras de jade que ocupava uma sala inteira de sua casa.)
Ao mesmo tempo em que é difícil acompanhar o crescimento da indústria, os especialistas dizem que os preços vêm subindo significativamente nos últimos anos, em grande parte porque o fornecimento é inconstante. Robert Genis, um comerciante e caçador de pedras preciosas do Arizona que entrou para o negócio na década de 70, diz que os rubis de alta qualidade de Mianmar quadruplicaram de valor no varejo, para mais de US$ 40.000 o quilate, desde meados da década de 90, enquanto as esmeraldas colombianas praticamente dobraram de valor em relação ao início dos anos 2000. Hughes, que já viajou para mais de 30 países em busca de pedras e agora vive em Bangkok, diz que os preços do jade aumentaram em dez vezes nos últimos cinco anos, devido em grande parte ao aumento da demanda da China, embora recentemente os preços tenham caído ligeiramente.
Para quem estiver disposto a manter suas pedras por um longo período, o retorno pode ser enorme. Considere a safira de 62 quilates que John D. Rockefeller Jr. comprou de um marajá indiano em 1934 e a transformou em um broche para sua esposa. A família vendeu a pedra em 1971 a um negociante de joias por US$ 170.000. Nove anos depois, ela voltou ao mercado e foi vendida por US$ 1,5 milhão e, em 2001, foi revendida por mais de US$ 3 milhões. Outra safira famosa, comprada pelo empresário James J. Hill para sua esposa na década de 1880, por US$ 2.200, foi vendida por mais de US$ 3 milhões em um leilão em 2007. E há ainda o rubi de 8 quilates de Mianmar dado a Elizabeth Taylor pelo marido, o ator Richard Burton, em 1968, como presente de Natal. Em 2011, ele foi leiloado por US$ 4,2 milhões.
O diamante ainda continua a ser o melhor amigo de uma mulher, como disse uma vez a atriz americana Marilyn Monroe, mas as pedras coloridas continuam a ter um fascínio quase místico. Parte da atração está ligada à sua beleza luminosa e à sua raridade. Para muitas pessoas ricas, especialmente na Ásia, não há nada como ter uma coleção de pedras brilhantes que podem transportar ou esconder para vender em caso de emergência. Isso se tornou ainda mais comum com a crise financeira global.
Encontrar novas grandes pedras para saciar a demanda mundial, porém, não é tarefa fácil. É aí que os caçadores entram em ação. Genis, o negociante do Arizona, diz que entrou nesse negócio ainda na faculdade, quando estudou mapas para ver onde estavam os recursos naturais mais cobiçados do mundo, incluindo estanho, ouro e cobre. Foi o pequeno símbolo verde na Colômbia, representando depósitos de esmeralda, que mais o atraiu. Ele vendeu um aparelho de som e um carro velho, juntando US$ 1.000 para a viagem.
Após uma viagem de ônibus até a fronteira da Califórnia com o México, alguns trens e muitas caronas, Genis desembarcou no distrito de esmeraldas de Bogotá e usou o dinheiro que lhe restava para comprar pedras preciosas. Voltou aos EUA e duplicou o investimento vendendo as pedras. "De repente, tinha US$ 1.000 a mais e pensei: 'Isso é muito melhor do que ir para a faculdade'", lembra. Após várias visitas, ele estava ganhando o suficiente para ir de avião à Colômbia, com paradas para se divertir no Caribe.
Hoje, Genis contrata outras pessoas para buscar muitas das pedras que vende, incluindo um associado de Mianmar que conheceu durante uma conferência de pedras preciosas e tem conexões com os famosos depósitos de rubi de Mogok. Apesar de não serem tão selvagens como em Hpakant, as minas de Mogok também são estritamente vigiadas por militares - e reverenciadas em todo o mundo.
O apelo é evidente quando se considera o tipo de negócio que se consegue por lá. A última descoberta de Genis: uma safira de 39 quilates que agora está à espera de ser leiloada na Sotheby's. Genis diz que calcula que a pedra possa arrecadar até US$ 1 milhão na prestigiada casa de leilões. "Para muitos desses colecionadores, é quase como heroína: quando você começa, não consegue parar", diz.
À medida que a demanda por pedras preciosas coloridas continua crescendo, uma questão permanece no ar: será que essa indústria pode se autorregular? Parte da resposta pode estar a meio mundo de distância de Mianmar, em Londres, no nobre bairro de Mayfair. Lá, um grupo de veteranos da indústria de mineração está elaborando seu próprio plano para obter mais pedras coloridas.
A empresa do grupo, a Gemfields, está tentando se tornar uma potência da indústria, algo como a De Beers das pedras coloridas. Apoiada por um ex-diretor-presidente da mineradora anglo-australiana BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, e com ações negociadas na Bolsa de Londres, a Gemfields afirma que tem a meta de assegurar os direitos sobre uma percentagem grande o suficiente da produção mundial de pedras preciosas para introduzir processos modernos de mineração e, assim, garantir um fornecimento mais previsível, ao mesmo tempo em que investe pesadamente em marketing para tornar as pedras mais conhecidas.
Ian Harebottle, o sul-africano que é diretor-presidente da empresa, diz que pedras coloridas costumavam ser tão populares quanto os diamantes até a década de 40, quando a De Beers começou a pôr em ação seu gigantesco orçamento de marketing, com slogans como "um diamante é para sempre". Hoje, as vendas de pedras coloridas são apenas uma fração dos US$ 70 bilhões do comércio internacional de diamantes, e os mineradores de pequeno porte que dominam o negócio não têm o dinheiro ou a escala necessários para fazer muita coisa, diz ele. A Gemfields já produz 20% das esmeraldas do mundo, em uma grande mina da qual é sócia na Zâmbia. A empresa informa que é responsável por até 40% da oferta mundial de ametista e está começando a produzir rubis em um grande depósito em Moçambique. A Gemfields quer se expandir em outros lugares - inclusive Mianmar, se o governo do país mantiver o ritmo da reformas e a situação dos direitos humanos melhorar, diz Harebottle.
A Gemfields também comprou recentemente a Fabergé, famosa marca de joias que remonta à era dos czares russos. A ideia é usar a Fabergé, que tem lojas em todo o mundo, para comercializar algumas de suas pedras no segmento ultraluxo, à medida que cria uma das primeiras cadeias do mundo de fornecimento de gemas coloridas do tipo "da mina ao mercado".
As iniciativas da Gemfields ocorrem em meio a outras tentativas por parte de investidores para trazer práticas mais modernas para a indústria, incluindo disponibilizar mais amplamente as informações de preços e melhorar a classificação das pedras e o monitoramento de práticas, de modo que os consumidores possam ter um ideia melhor sobre quanto valem suas pedras e de onde elas vieram. Funcionários da Associação Internacional de Pedras Preciosas Coloridas, por exemplo, estão pressionando pela criação de um sistema para rastrear as origens das gemas coloridas. Michelou, da associação, diz que alguns países, incluindo Colômbia, Tanzânia e Sri Lanka, têm manifestado interesse.
Ao mesmo tempo, outras empresas estão criando cadeias de fornecimento "da mina ao mercado" e atualizando seus métodos de produção. Entre elas está a TanzaniteOne Mining e sua controladora, a britânica Richland Resources Ltd., que têm ajudado a transformar o mercado de tanzanita ao investir em minas que antes eram artesanais na região do Monte Kilimanjaro, onde estão os únicos depósitos da rara pedra azul conhecidos no mundo. E até mesmo as minas de Hpakant, em Mianmar, estão adotando mais mecanização nos últimos anos, com máquinas de terraplenagem substituindo muitos trabalhadores, embora o local, em geral, continue fora de controle. Tudo isso poderia um dia impulsionar o valor das pedras coloridas caso consiga tornar as fontes mais confiáveis e aumentar a demanda.
"A indústria de pedras coloridas provavelmente irá nessa direção, [de] mineração mais racional e mais formal", diz Russell Shor, analista do Instituto Gemológico dos EUA, uma das maiores autoridades do mundo em pedras preciosas. "Vai ser um processo lento, mas creio que seja esse o futuro."
No entanto, muitas pessoas, incluindo vários caçadores de pedras, permanecem céticos. Os principais depósitos de pedras do mundo, afirmam, são muitas vezes pequenos demais para justificar grandes investimentos e às vezes podem ser explorados de forma mais eficiente com ferramentas manuais primitivas. As minas estão tão espalhadas e em lugares tão irregulares que poderia ser muito complicado - sem falar no custo - trazê-las para a era moderna. "Quantos trilhões você tem?", pergunta Genis. "Com exceção dos diamantes, a maioria das fontes de pedras preciosas é antiga e as melhores pedras já se foram." Tentar integrar as minas, diz ele, "seria praticamente impossível".
Hughes, o caçador de pedras que vive em Bangkok, concorda. Segundo ele, as pessoas sempre se interessaram em trazer mais ordem para o comércio de joias. Mas a Mãe Natureza protege seus tesouros muito bem, escondendo- os em locais de acesso extremamente difícil, diz ele, e as pessoas que cuidam deles têm pouco incentivo para entregar o controle a Londres, Wall Street ou qualquer outro interessado.
"As pedras preciosas são diferentes de outros tipos de mineração", diz Hughes, porque há uma alta concentração de valor em áreas muito pequenas e relativamente poucas pedras. Além disso, apenas as pessoas, e não as máquinas, podem separar espécimes valiosas das que não valem nada - e isso inclui os garimpeiros artesanais que hoje controlam grande parte dessa atividade. Se as grandes empresas tentarem impor mais ordem, diz ele, "sempr ehaverá pessoas encontrando formas de contorná-la".



Baianos avançam na mineração

Baianos avançam na mineração


Ruy Baron/Valor / Ruy Baron/Valor
Ribeiro Tunes: investimento em pesquisa só perde para o Pará e Minas Gerais
A disparada no preço das commodities no mercado internacional durante a década passada levou empresas brasileiras e estrangeiras a se interessar pela exploração mineral no Nordeste, em especial, na Bahia. Em busca de jazidas fartas, mineradoras encontraram no Estado uma geologia, no mínimo, diversificada o suficiente para valer o investimento. Os aportes já anunciados para o setor na Bahia somam nada menos que R$ 21 bilhões nos próximos anos. "Mais de 40 tipos de minério são extraídos no Estado, onde cerca de 350 empresas do setor atuam", afirma Rafael Avena Neto, diretor técnico da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
Com tantos recursos disponíveis para explorar inclusive metais preciosos, a expectativa é de que a Bahia ultrapasse São Paulo e Goiás e se consolide como terceiro maior produtor mineral do país até 2015. Hoje, é o quinto, com uma produção comercializada de quase R$ 3 bilhões por ano, de acordo com o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM).
Não é difícil entender por que a expectativa é tão alta. O investimento em pesquisa mineral na Bahia só perde para o que é feito no Pará e em Minas Gerais. Equivale a 10% de todos os recursos aplicados com esse fim no Brasil, segundo o DNPM. "Minas nordestinas que tinham produzido 50 anos atrás, e depois foram abandonadas, foram redescobertas e voltaram a ser exploradas agora, com o uso de tecnologias mais avançadas", explica Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Na Bahia, em especial, interessa o fato de que a maior parte da centena de cidades de onde se extrai minério fica na região do semiárido, onde estão também os municípios mais pobres. Lá, a vida está mudando rapidamente. Itagibá, por exemplo, distante 200 quilômetros de Salvador, viu seu PIB duplicar entre 2009 e 2010, depois que foi inaugurada uma mina de níquel da empresa Mirabela, considerada a terceira maior a céu aberto do mundo. "Esse é o melhor momento da história da mineração do Estado", afirma Avena Neto.
Um dos maiores investimentos em mineração feito recentemente na Bahia foi o da Bahia Mineração, já apelidada de Bamin. A empresa, controlada pela Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), originária do Cazaquistão, está destinando US$ 3 bilhões para desenvolver uma mina de minério de ferro em Caetité. O valor compreende investimentos na mina propriamente, a compra de vagões ferroviários para o transporte e a construção de um terminal privado em Ilhéus, por onde o produto será exportado. Os planos são de extrair 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano quando o projeto estiver com a capacidade plena, a partir de 2016. A título de comparação, a produção brasileira anual ronda os 350 milhões de toneladas. "São 5.000 empregos gerados durante a fase de construção e 2.500 no período de produção", diz José Francisco Viveiros, presidente da Bamin.
Para o governo, o que importa é o fato de que, em média, para cada emprego direto, 13 são criados no restante da cadeia. No Estado, a previsão é de que a geração de postos de trabalho provenientes da mineração alcance mais de 7.000 até o ano que vem.
Estima-se que a mineração corresponda, atualmente, a pouco menos de 3% do PIB baiano. Além de minério de ferro, a exploração compreende ainda cromita, bauxita, cobre e vanádio, além de outros mais nobres como ouro e diamante. Diversas minas de ouro também estão sendo exploradas em Estados como o Maranhão e o Rio Grande do Norte. Do território potiguar está saindo ainda tungstênio e em Sergipe concentram-se diversas reservas de potássio.
"O Nordeste, no passado, não parecia ser um lugar exatamente espetacular para a produção de minério. Não se conheciam grandes jazidas", lembra Tunes. "Mas com o conhecimento que se desenvolveu sobre a geologia da região foi possível perceber que havia ali a possibilidade de produzir uma variedade de minerais, especialmente os industriais."