terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Brasil vai virar um grande garimpo?

O Brasil vai virar um grande garimpo?

As atenções da mídia estão focadas hoje, 6 de dezembro de 2013,em dois grandes eventos: as homenagens ao grande estadista Nelson Mandela,ontem falecido aos 95 anos, e o sorteio dos grupos das seleções que irão disputar a Copa do Mundo de futebol no próximo    ano aqui no Brasil.Enquanto isto, nós do setor mineral vivemos o rescaldo de uma prolongada batalha na Câmara dos Deputados envolvendo as discussões do Novo Marco Regulatório da Mineração.Depois de dezenas de audiências públicas ,    encontros regionais e muitas horas de reuniões, o relator da Comissão Especial não conseguiu colocar seu substitutivo em votação por apresentar pontos divergentes do projeto original,acatando várias sugestões apresentadas pela    ABPM.Pelo visto,esta matéria ficará para o próximo ano ou mesmo para 2015,em função das eleições.
Diante deste quadro, precisamos tocar o barco, a começar pelo destravamento do DNPM, como bem observou nosso associado Felipe    Sampaio,com a propriedade que lhe é peculiar.Todos sabemos das dificuldades enfrentadas por este órgão há décadas e que foram minuciosamente expostas em audiência pública para discutir sua transformação em Agência (parece que este    foi um dos pontos de divergência do relator com o executivo,que queria que o processo não acarretasse aumento de despesas). Mas algumas áreas do DNPM apresentaram significativos avanços nos últimos anos, como a informatização de    vários serviços e a atualização permanente de estatísticas disponíveis em sua página na internet. Graças a elas obtivemos os dados que passaremos a discutir a seguir.
Nos últimos 10 anos (2013 até novembro) o DNPM outorgou 3.042    portarias de lavra(PL) e 1.674 Permissões de Lavra Garimpeira(PLG). Ocorre que ,considerando os últimos 4 anos,os números mostram 885 PL e 1.139    PLG,significando uma queda de 28% na média anual das PL,enquanto as PLG    tiveram um acréscimo de 70% sobre a média decenal considerada, invertendo a    proporção dos regimes de concessão. Se esta tendência continuar, nas próximas    décadas o país terá algumas minas cercadas por um imenso garimpo ,com todas as    mazelas advindas desta atividade.
Não que o garimpo deva ser proibido,mas    que se atenha àquelas jazidas cujo contexto geológico seja propício à    mineração em pequena escala,sem uso de grandes equipamentos. É o caso,por    exemplo,das ametistas no Rio Grande do Sul, que ocorrem de forma irregular em    determinados níveis dos derrames basálticos, sendo impossível uma lavra    mecanizada. Em geral são encontradas em pequenas propriedades rurais, cujos    donos conciliam a atividade extrativa com a agropecuária. Outros casos    clássicos são o dos pegmatitos da Província Borborema, no Nordeste, e os    diamantes de Coromandel, em Minas gerais.
Seria de se esperar que o    esgotamento de depósitos aluvionares de alto teor e o avanço no conhecimento    geológico, fossem transformando paulatinamente áreas garimpadas em distritos    mineiros organizados. Entretanto, verifica-se que depósitos de ouro e cobre    primários estão sendo lavrados sob o regime de PLG com utilização de    equipamentos pesados, mas sem o planejamento e a tecnologia das empresas de    mineração tradicionais. Parece que a estratégia é a ocupação da área para sua posterior legalização, através da constituição de cooperativas e a obtenção das PLG quando já existe uma situação de fato implantada. Exatamente como    ocorre na ocupação de terrenos no Distrito Federal, onde centenas de condomínios abrigam um quarto da população do DF, aguardando sua regularização, com o caos urbano instalado em Brasília.
Parece que existe    um denominador comum entre as duas situações: o voto das camadas mais simples da população, moeda forte para os políticos. Num país que ostenta uma das    piores posições no ranking mundial dos indicadores de educação, é fácil entender porque tais políticas encontram terreno fértil para prosperarem.
  Esperamos que não seja criado um novo programa de governo no estilo ‘”Meu    garimpo, minha vida” e que ,apesar do desânimo generalizado, consigamos recolocar a indústria mineral nas trilhas do desenvolvimento,com as ferramentas que hoje dispomos.

O que o Brasil tem a aprender com a Mongólia

O que o Brasil tem a aprender com a Mongólia
A Mongólia viu os investimentos estrangeiros caírem quase 50%, tudo graças a aumento de taxas, cassação de licenças e a uma política intervencionista. Os mesmos pontos que estão sendo hoje debatidos em relação ao novo Marco Regulatório da Mineração Brasileira.
Aqui, por incrível que pareça estamos tentando seguir o modelo Mongol, com o Governo Brasileiro tentando empurrar, goela abaixo, uma pílula que vai acabar com a pesquisa mineral, afugentar investidores externos e tornar o controle sobre os negócios da mineração em uma verdadeira ditadura: o novo Marco Regulatório da Mineração.
Na Mongólia, por muito menos do que isso, o país está indo à bancarrota com investidores fugindo e as receitas caindo exponencialmente. Os sinais que vemos estão em todos os cantos, até nos recentes leilões do petróleo e gás que não mais estão atraindo os grandes investidores a arriscar no Brasil.
Um bom exemplo do medo que esse tipo de regime intervencionista causa está ocorrendo agora na Mongólia onde a Turquoise Hill, a empresa que controla a super-mina de Oyu Tolgoi, faz uma nova emissão de ações. A Turquoise Hill, uma empresa de Robert Friedland e da Rio Tinto está tentando , com o lançamento de novas ações, levantar 2,4 bilhões de dólares para investir na mina de cobre e ouro da Mongólia. O projeto é um dos melhores do mundo em tamanho, teores e economicidade, mas tem um problema: está na Mongólia. A empresa, que já foi a queridinha das bolsas de valores, viu suas ações caírem 26% somente hoje.
O motivo?
Medo!
Os investidores estrangeiros não querem investir em países que mudam as regras do jogo durante o jogo, que aumentam os impostos sem pensar nas consequências que os aumentos causam nos mineradores e que controlam com mão de ferro todas as decisões importantes.
Se os nossos políticos abrirem os olhos eles perceberão que estão vendo um déjà vu do que nós iremos experimentar nos próximos anos no Brasil se o Código Mineral for aprovado como o Governo quer.
Estaremos curtindo o caos, ao lado da Mongólia, Bolívia e Venezuela, com os minérios e as riquezas ainda no chão e com o povo nas ruas.

A cegueira política não conhece fronteiras: Códigos Minerais de Quebec e do Brasil criam problemas com indígenas e mineradores

A cegueira  política não conhece fronteiras: Códigos Minerais de Quebec e do Brasil criam problemas com indígenas e mineradores

Nós não estamos sós quando o assunto é cegueira política. Infelizmente dividimos as nossas mazelas com países do terceiro mundo como a Bolívia e, também, ocasionalmente, com os do primeiro mundo como o Canadá.
Em Quebec o código atual permite ao minerador entrar e lavrar sem consultar as comunidades indígenas. No entanto, o novo código mineral, ainda em debate,  modifica o dispositivo anterior obrigando os mineradores a consultar as comunidades “se for necessário”. É um texto vago e dá margem a interpretações.
Aqui no Brasil o novo Código está repleto de textos que permitem as mais variadas interpretações e que concedem ao Governo um imenso poder.
Em Quebec o texto está em debate e as principais comunidades indígenas não o estão endossando. Elas  querem ser consultadas antes de qualquer trabalho de exploração, assim que a empresa requerer uma área em seus territórios.
Usando uma tática política clássica o Governo de Quebec encerrou os debates tentando, desta forma, aprovar o código sem dar oportunidade à oposição.
O mesmo vem sendo tentado pelo Governo Brasileiro nestes últimos anos em relação ao novo Código Mineral: aprovar sem debater.
Em Quebec as comunidades indígenas enfurecidas ameaçam recorrer aos tribunais para que o texto seja ampliado.
Aqui os mineradores tiveram que recorrer à justiça para terem suas concessões minerais, paralisadas pelo DNPM, liberadas. Apesar do esforço contrário, no Brasil, o debate já começou e assim que o Governo percebeu que poderá ser vencido no voto do Congresso, mudou de tática e adiou a aprovação do novo  código substitutivo para 2014...
A reflexão que podemos fazer nos leva de volta à máxima: cada povo tem o Governo que merece. 
No ano que vem poderemos nos redimir no voto. Pense nisso.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A espetacular Wirrda Well, a nova jazida da BHP

A espetacular Wirrda Well, a nova jazida da BHP 
Por Pedro Jacobi 
LinkedIn 



Os meios geológicos já estão sabendo que Wirrda Well foi descoberto e que tudo leva a crer que este pode ser um mega-depósito mineral de cobre, ouro e urânio,  talvez um outro Olympic Dam.
O que nós sabemos é que Wirrda Well é mais um IOCG ( iron oxide copper-gold) que, coincidentemente, está localizado dentro da província do maior depósito de  urânio do mundo e segundo maior de cobre, outro IOCG chamado Olympic Dam. A distância de Wirrda Well para Olympic Dam é somente de 25km e ambos os depósitos estão  relacionados a falhas ENE cortadas por estruturas NNW. Um outro depósito se encontra, também, nas proximidades, o de Acropolis (veja imagem).
Wirrda Well está associado a uma anomalia magnética semicircular de 4km de diâmetro que coincide com uma anomalia de gravimetria que caracteriza os  principais depósitos minerais do cluster. A fonte é um pipe verticalizado de centenas de metros de diâmetro que está coberto por sedimentos Mesoproterozóicos  de 330m de espessura. Ou seja, Wirrda Well, assim como Olympic Dam são depósitos escondidos nas profundezas da Terra que só podem ser descobertos por métodos  geofísicos combinados com uma boa interpretação geológica.


wirrda well geologia
O jazimento tem duas zonas de brechas hidrotermais e de óxidos de ferro, intrudidas no granito Donington onde se desenvolveram venulações e alterações  hidrotermais a base de magnetita e hematita, pirita, calcopirita, sericita, siderita, quartzo, clorita, barita, fluorita, apatita, flogopita uraninita e  bornita. As brechas e alterações são pervasivas em Wirrda Well.
O que não se sabe até o momento é o segredo, bem guardado, das reservas e teores de Wirrda Well. Sabe-se que existem zonas de alto teor com cobre acima de 1% e  outras com cobre abaixo de 0.5%. Um furo de 248m@0.86% Cu, 4,6g/tAg já havia sido publicado no início do projeto.
Descobertas como a de Wirrda Well feitas abaixo de uma cobertura de mais de 300m mostram, claramente, o quanto nós estamos atrasados no Brasil e quanto ainda poderemos descobrir. A coisa mais próxima desta descoberta, aqui no Brasil, foi o depósito, também um IOCG, do Alemão, que estava, literalmente, ao lado da Mina de Igarapé Bahia na Província de Carajás. A anomalia de mag do Alemão jamais havia sido sequer sondada até que o Geofísico Célio Barreira, vindo da Rio Tinto, selecionou o alvo para sondagem...o resto é história. Quantos depósitos como esse ainda serão descobertos em um país que sequer tem uma cobertura geofísica decente?

Imagens - BHP-Billiton


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Belo Sun recebe aprovação do estudo de impacto ambiental em Volta Grande

Belo Sun recebe aprovação do estudo de impacto ambiental em Volta Grande

A junior canadense, que estava paralisada a espera da licença ambiental, agora pode avançar. O licenciamento havia sido suspenso até que um estudo sobre impacto sobre áreas indígenas fosse efetuado.
 A Belo Sun vem enfrentando inúmeros problemas com os órgãos ambientais, garimpeiros, moradores e indígenas. Somente na Vila Ressaca existem mais de 500 garimpeiros que querem alguma coisa da Belo Sun, desde reassentamento até ressarcimentos. Muitos alegam que não podem mais trabalhar nos garimpos e que estão sem renda devendo, portanto, receber um ressarcimento da mineradora.
Agora que a COEMA aprovou o relatório ambiental da Belo Sun o projeto deverá entrar na fase dois e expandir os estudos de viabilidade econômica que já haviam sido iniciados.