sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ouro no rio madeira.Garimpo.

TONELADAS DE OURO POR ANO

Mário Garimpeiro Savanhago, conquistou Selva Amazônica, e o sonho dourado do Ouro nos anos 80 e 90.



Buraco de caber  4 casas dentro fácil. 






xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx  Rio Madeira .  xxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

As minas de Olacyr cobalto e tálio

As minas de Olacyr

Aos 80 anos, o ex-rei da soja, do açúcar, do milho e do algodão volta à cena empresarial à frente de projetos de mineração. O negócio nasce com estimativa de faturamento inicial de R$ 100 milhões por ano..


Na longa trajetória empresarial de Olacyr Francisco de Moraes, paulista de Itápolis,  praticamente tudo foi superlativo. Na década de 1980, ele se tornou o maior produtor individual de soja do planeta. Também desenvolveu variedades de algodão, o ITA-90, que ajudaram a transformar o Brasil em exportador dessa commodity. Além disso, alcançou o status de líder no plantio de algodão e de milho no País. Fez o mesmo em relação ao açúcar e ao etanol, ao erguer, em Nova Olímpia (MT), a maior usina brasileira de cana-de-açúcar e etanol. Suas tacadas, muitas das quais ousadas demais para seu tempo, fizeram de Olacyr um dos primeiros brasileiros a acumular uma fortuna pessoal de US$ 1 bilhão.
No entanto, as reviravoltas da economia e algumas apostas erradas, como a tentativa de construir a Ferronorte, a ferrovia que liga o Centro-Oeste ao porto de Santos, causaram um verdadeiro estrago nas finanças do grupo Itamarati, a holding que comandava seus negócios. Hoje, seu patrimônio é estimado por ele mesmo em cerca de “apenas” R$ 100 milhões. Apesar de diminuto em relação ao seu auge empresarial, esse montante está se mostrando suficiente para que, aos 80 anos, completados em abril, com uma festa de arromba no Clube A, em São Paulo, Olacyr se sinta capaz de continuar sonhando. Sonhando alto, como é de seu feitio. Sentado em um confortável sofá na varanda de seu apartamento, no sofisticado bairro do Itaim, zona sudoeste de São Paulo, ele falou à DINHEIRO sobre seus próximos passos no mundo dos negócios. Sua mais nova aposta é na área de minérios. “Quero ser o rei da mineração”, afirma Olacyr.
 
42.jpg
Tacada de sorte: equipe comandada por Olacyr encontrou minérios raros quando prospectava calcário na Bahia 
 
Por meio da Itaoeste Serviços e Participações, Olacyr está prestes a conseguir um feito notável: prospectar minérios nobres, como tálio, volastonita e tungstênio. Os dois primeiros são tão raros que jamais haviam sido encontrados no subsolo brasileiro. As reservas de tálio existentes em Barreira (BA) já foram certificadas pelo Departamento Nacional de Proteção Mineral e a exploração comercial se inicia em 2012. “Estamos prontos para começar a operar”, conta. Trata-se de um negócio que pode render, no mínimo, cerca de R$ 100 milhões, por ano. O valor leva em conta a cotação do grama do metal, US$ 6, multiplicado pela reserva de 60 toneladas identificada em uma área de 700 hectares. 
 
Como o Projeto Rio de Ondas, nome de batismo do empreendimento, abrange 44,1 mil hectares, a expectativa é de que a reserva total de tálio supere as vendas da China e do Cazaquistão, os dois únicos produtores mundiais. “Em um primeiro momento, estamos aptos a atender a demanda mundial por seis anos”, afirma Herinaldo Costa, diretor da Itaoeste. Entre as opções de Olacyr para financiar a empreitada consta a associação com um parceiro estratégico da área de mineração. Ele seria o encarregado de dar o suporte tecnológico para a retirada e beneficiamento do tálio. Outra alternativa é o levantamento de recursos junto a fundos de investimentos ou consumidores, em troca do fornecimento futuro de matéria-prima.
 
O setor de mineração entrou na vida de Olacyr quase por acaso. Como jamais pensou em pendurar as chuteiras, ao mesmo tempo em que tratava de zerar as pendências com os credores ele procurou uma alternativa para se manter na ativa. A Itaoeste surgiu em 2002 e seu objetivo era prospectar calcário para uso na agricultura. Em vez disso, em 2008, seus técnicos encontraram reservas de manganês contendo cobalto e tálio em seu interior. “Foi um golpe de sorte”, diz Olacyr. “O tálio é tão raro que nem é procurado.” Desde então, ele já investiu cerca de US$ 20 milhões em estudos e prospecções. Hoje, sua empresa dispõe de 100 alvarás de pesquisa para áreas espalhadas nos Estados da Bahia, do Piauí e de São Paulo. 
 
44.jpg
Reconhecimento: Olacyr se emocionou ao ser homenageado por Lula (à esq.) na inauguracão da ferrovia Ferronorte
 
Uma delas, o Projeto Itaoca 2, situado no município de mesmo nome, em São Paulo, também se mostra bastante promissora. Lá existem estudos que indicam a existência de volastonita, vendida por US$ 250 por tonelada. Seu grande atrativo é a versatilidade. Pode ser usado desde a agricultura, na correção de solos desgastados, até na indústria de tintas, como estabilizantes passando pelo segmento automotivo onde é empregado na produção de para-choques de plástico. Para Costa, diretor da Itaoeste, ainda é prematuro para falar do valor econômico dessa reserva. Contudo, os demais parques minerais em fase de prospecção têm potencial de gerar frutos por um período mínimo de 30 anos. 
 
O portfólio inclui desde titânio e ferro, no Piauí, além de ouro, prata, tungstênio, fosfato, calcário para cimento e pedras ornamentais como granito preto e mármore, em São Paulo. Estimativas do mercado dão conta que apenas estes dois últimos podem render o equivalente a 
R$ 200 milhões. Olacyr tem consciência de que não terá tempo de ver essa empreitada se materializar integralmente. “Hoje, minha grande limitação é a idade”, resigna-se. Apesar de gozar de boa saúde. Ele faz check-ups regulares, não fuma, não bebe e se alimenta com parcimônia, o empresário sabe que o relógio do tempo não joga exatamente a seu favor. 
 
Mesmo assim, ele se recusa a sair de cena. Acorda às 6 horas da manhã, lê ao menos três publicações, entre jornais e revistas, e chega ao escritório por volta das 8 horas, onde passa a manhã lendo relatórios e despachando com executivos. Almoça em casa, nas imediações do escritório, e volta à sede da Itaoeste para terminar a jornada diária. Quatro vezes por semana ele vai para as baladas, sempre na companhia de belas mulheres. “A vida é curta e me recuso a ficar em casa como um velho recluso”, diz o ex-rei da soja, do algodão, do milho e da cana. “Gosto da companhia de gente jovem e bonita.”
 
43.jpg
 
 
 
______________________________________________________________________________________________________________
Entrevista:
 
“Quero ser o rei do minério – e das meninas”
 
Prestes a anunciar sua volta ao mundo empresarial, Olacyr de Moraes falou à DINHEIRO
 
Qual é a sensação de voltar a fazer algo inovador?
Posso dizer que vejo este momento com grande satisfação. Nesta altura da minha vida, o mais importante não é o dinheiro, mas sim o desejo de realizar coisas pelo Brasil. 
 
O que o levou a apostar na mineração?
Sempre fui ligado à agricultura e achei que deveria investir em calcário. Por sorte, prospectamos áreas onde existem minerais que, de tão raros, não são sequer procurados no Brasil, como o tálio e a volastonita.
 
Quando foi isso?
Começamos a atuar em 2004. Contudo, a burocracia do Ibama e do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais, na concessão das licenças, atrasou demais os projetos. 
 
O sr. tem dinheiro para desenvolver essas jazidas?
Pretendo me associar a investidores brasileiros e estrangeiros dispostos a apostar no negócio. As perspectivas são muito positivas neste sentido. Porque dispomos de reservas importantes de vários minerais nobres e também de um portfólio diversificado. 
 
Qual é a sua ambição nessa área?
Quero ser o rei do minério. E das meninas, é claro!
 
Como o sr. avalia o governo da presidente Dilma?
Trata-se de uma pessoa muito bem preparada e bem intencionada. Vejo que está enfrentando obstáculos enormes para manter a economia nos trilhos. Pelo menos, hoje, o Brasil é a bola da vez, o que facilita um pouco as coisas.
 
O sr. se arrepende de algo em sua trajetória empresarial?
Não. Sempre fiz o que julguei ser importante para meu País. Mas é certo que paguei o preço do pioneirismo, em várias áreas. Na década de 1950, falar em investir em agricultura no Cerrado era motivo de piada. Provei que era possível e hoje a região é o maior celeiro de grãos do Brasil.
 
Ainda existem empreendedores visionários no Brasil?
Sem dúvida. Admiro muito o Eike Batista. É uma pena que o sucesso, no Brasil, ainda desperte a inveja de algumas pessoas e ele certamente sofre com isso. 
 
 

Pedras Preciosas x Semipreciosas

Classificação

A gema, expressão utilizada para caracterizar as pedras de valor, não faz distinção entre pedras preciosas e semi-preciosas. Antigamente, acreditava-se que as pedras preciosas eram apenas o diamante, a esmeralda, a safira e o rubi, fazendo com que todas as outras gemas fossem consideradas semipreciosas.
Foi então que com o tempo e o aprimoramento de estudos acerca do assunto, que se chegou à conclusão de que não existem pedras 'semipreciosas', uma pedra é simplesmente preciosa, ou não.

Origem

A origem das pedras preciosas pode ser classificada de diversas maneiras.
 pedras-borda1
Um mineral magmático, por exemplo, é o que tem a origem através da associação do magma à gases ígneos do interior da Terra, ou também através de larvas vulcânicas que conseguiram alcançar a superfície terrestre.

Já os minerais sedimentários são os que se cristalizam e crescem com soluções solventes de água e auxílio de outros organismos.

Os minerais metamórficos, outro tipo de origem das gemas, normalmente se formam através da recristalização de outros minerais, que são submetidos às pressões e temperaturas altas.

Formação dos cristais

A estrutura interna e a composição química de um mineral são determinantes para as características físicas da pedra preciosa. Existem sete tipos de sistemas que determinam o formato da gema:

Sistema cúbico – Tem como unidade fundamental o hexaedro ou o cubo, podendo aparecer também formatos de octaedro, tetraexaedro, tetraedro, entre outros;

Sistema hexagonal – O prisma de seis faces retangulares com duas bases hexagonais é a unidade básica desse sistema, que também pode apresentar o formato do romboedro, por exemplo;

Sistema tetragonal – Tem como unidade principal a bipirâmide de base quadrada;

Sistema ortorrômbico – O prisma de base retangular é a sua unidade principal;

Sistema trigonal ou romboédrico – Tem um eixo ternário de rotação com 25 grupos espaciais;

Sistema monoclínico – É caracterizado por três eixos cristalográficos de comprimentos diferentes;

Sistema triclínico – Agrupa as formas que não podem ser classificadas nos outros sistemas.

Os quatro C's

Para caracterizar e classificar o valor de uma gema, é utilizada uma combinação de características conhecidas como “4 C's” - Color, clarity, carat e cut.

Color (Cor) – Diz respeito à coloração da gema. Geralmente, nas gemas com cores mais intensas e incolores (no caso do diamante, por exemplo), maior é o seu valor;

Clarity (Pureza) – Diz respeito à pureza da gema. Quando mais livre de impurezas (sujeiras ou outros componentes), mais valiosa ela é;

Carat (Quilate) – O quilate das pedras preciosas (ct) é totalmente diferente do quilate dos metais preciosos (K). O quilate métrico, no caso das gemas, diz respeito à unidade de peso utilizada para pesar as pedras já lapidadas. Um quilate é igual a 0,2 gramas, que são subdivididas em 100 pontos.

Cut (Lapidação) – Diz respeito ao corte da pedra. Assim, existem expectativas de lapidação que podem dar referência ao aproveitamento da gema.

Lista de gemas

As espécies de gemas mais conhecidas são:

Diamante
Rubi
Safira
Esmeralda
Água-marinha
Opala
Ametista
Citrina
Ágata
Jaspe
Turmalina
Topázio
Peridoto
Zircão
Granada
Crisoberilo
Espinela
Jade
Turquesa
Lápis-lazúli
Pedra-de-lua Labradorite

Circuito Turístico das Pedras Preciosas

Circuito Turístico das Pedras Preciosas

Mapa do Circuito Turístico Pedras Preciosas

Renda-se às belezas de uma das maiores regiões produtoras de gemas do mundo.

 O Circuito Turístico das Pedras Preciosas está localizado no nordeste de Minas Gerais, entre os Vales do Mucuri e Jequitinhonha. Fazem parte dessa região turística os municípios de Teófilo Otoni, Nanuque, Carlos Chagas, Itambacuri, Minas Novas, Caraí e Padre Paraíso.
 O diferencial do destino, como o próprio nome indica, está em uma característica econômica local que é a exploração e o comércio de pedras preciosas. Sendo assim, a região se destaca pela riqueza de suas gemas coradas, pequenas preciosidades que guardam belezas únicas e encantam visitantes de todos os lugares do mundo.
Pedras preciosas
Teófilo Otoni é o ponto de partida para qualquer roteiro. A cidade está no centro da maior província gemológica  do mundo, o que faz com ela seja destino de todas as pedras preciosas produzidas nos garimpos da região. Por essa razão, Teófilo Otoni também  realiza anualmente uma das maiores feiras do gêneros do planeta - a FIPP, como é conhecida  a Feira Internacional de Pedras Preciosas.

O turista pode fazer um passeio por garimpos nos municípios de Caraí e Padre Paraíso. Duas operadoras realizam tour nos garimpos, uma experiência emocionante.

Em Itambacuri são visíveis os traços mais marcantes do típico mineiro.  Sua gente é devota do sagrado, tendo a Festa de Nossa Senhora dos Anjos (Agosto) com a mais tradicional. Na cidade, o turista pode vivenciar saberes e sabores, com destaque para o Queijo Minas produzido na região.
Mas é em Minas Novas que a história e a arte se encontram formando  um cenário encantador. Construída em boa parte por escravos, essa importante cidade do Vale do Jequitinhonha ainda abriga ruas, igrejas e casarões do Século XVIII em perfeito estado de conservação. Uma verdadeira viagem ao passado, sem perder de vista as riquezas do presente. 

Lagoa de Santa Clara em Nanuque Já em Nanuque e Carlos Chagas o agreste se mistura com os ares do litoral. O resultado é uma região perfeita para prática de atividades aquáticas e  de aventura, como pescaria, passeios de barco, rafting, tirolesa, voo livre, escaladas, base jump e montanhismo. Tudo isso com dias de muito sol e calor que garantem muito adrenalina ao turista mais aventureiro.

Por toda esta diversidade de atrativos,  o Circuito das Pedras Preciosas  pode realmente ser comparado  a gema, que  somente após ser lapidada vira uma jóia que ninguém mais esquece!



O Garimpo e a Contaminação do Rio Madeira por Mercúrio


O Garimpo e a Contaminação do Rio Madeira por Mercúrio



A utilização do mercúrio no processo de amalgamação do ouro já era conhecido pelos fenícios e cartagenenses em 2.700 anos a.C. Caius Plinius em sua História Natural em 50 d.C descrevia a teoria de mineração do ouro e prata como um processo de amalgamação similar ao utilizado hoje nas minas de ouro.
Em 1980, a nova corrida do ouro na América Latina levou milhões de pessoas a ingressarem na atividade artesanal de ouro, o garimpo, como uma forma de fugir da completa marginalização social. Desde então, a crescente utilização do mercúrio na formação do amálgama - liga de Au-Hg -, e sua emissão para os diferentes compartimentos ambientais tem sido fonte de preocupação da comunidade científica em todo o mundo, devido aos efeitos danosos que esse metal provoca no meio ambiente e ao seu potencial tóxico à saúde humana. Esses efeitos nocivos ainda não foram completamente avaliados, tornando difícil a adoção de medidas de prevenção e controle.
Existem cerca de 2.000 pontos de garimpo distribuídos em todas as latitudes do território nacional, compondo um cenário no qual destacam-se dois personagens: de um lado, cerca de 400.000 operários garimpeiros, de outro, o empresário-garimpeiro, beneficiário preferencial da riqueza que o garimpo produz.
O uso descontrolado do mercúrio nos garimpos de ouro representa um grande problema ambiental, cuja magnitude ainda não é totalmente conhecida. Os estudos científicos disponíveis até o momento referem-se mais à Região amazônica e buscam avaliar, em sua maior parte, os impactos sobre o meio ambiente. Bem menos numerosos, são os estudos que avaliam o impacto na saúde .
Neste contexto, estaremos abordando os danos causados pelo uso do mercúrio nas atividades do garimpo de Araras no Rio Madeira.

2. Problemas na exploração do garimpo

2.1 O garimpo e o mercúrio
O garimpeiro, para aumentar a recuperação das finas partículas de ouro, usa o mercúrio na sua forma líquida. Este metal líquido tem a propriedade de capturar os grãos de ouro formando um amálgama. Na realidade é este mesmo amálgama que foi usado até pouquíssimo tempo atrás, nas obturações e próteses dentárias. Ou seja a maioria dos cidadãos de meia idade carregam uma fonte de mercúrio em sua boca.
No garimpo a operação com o mercúrio consiste em colocar grandes quantidades deste metal líquido nas caixas (sluice boxes) em posições estratégicas onde o ouro estará sendo também concentrado. O fluxo da água faz o ouro entrar em contato com o mercúrio sendo imediatamente aprisionado.
O processo é, em geral, muito rudimentar e causa grandes perdas de mercúrio que é transportado pelas águas para os rejeitos onde se infiltra. O amálgama que não foi perdido na garimpagem é, após alguns dias, processado pelo garimpeiro com o intuito de recuperar o ouro e parte do mercúrio metálico. Este processo é a maior fonte de contaminação dos garimpeiros pois nele é usado o maçarico, que vaporiza o mercúrio deixando somente o ouro na sua forma sólida. Os vapores de mercúrio, pela inexistência de equipamentos de proteção, máscaras e capelas, eram, parcialmente inalados pelos garimpeiros
2.2 Como o mercúrio chega ao homem
Existe duas maneiras do mercúrio chegar até o homem: ocupacional e ambiental. A primeira é a mais conhecida e está ligada ao ambiente do trabalho, como a mineração e indústria, geralmente associada aos garimpo de ouro ou as fábricas de clorosoda e de lâmpadas fluorescentes. Trata-se de uma contaminação pelas vias respiratórias, que atinge o pulmão e o trato respiratório, podendo ser identificado e quantificado pela dosimetria do mercúrio na urina.
A contaminação ambiental por sua vez é provocada pela dieta alimentar comumente pela ingestão de peixes mariscos de água doce ou salgada e é afetada diretamente a corrente sangüínea, provocando problemas no sistema nervoso central. Sua comprovação é feita facilmente pela determinação do mercúrio em amostras do cabelo ou do sangue. A substância simples e o sais de mercúrio são os principais responsáveis pela contaminação ocupacional, enquanto os compostos orgânicos de mercúrio, preponderantemente, o metilmercúrio, são responsáveis pela contaminação ambiental. Uma característica comum às duas formas de mercúrio é que ambas podem atravessar a barreira placentária afetando seriamente o feto.
2.3 O garimpo de Araras e o Rio Madeira
O ouro foi descoberto no leito do Rio Madeira em meados dos anos 80, junto com a cassiterita, os principais produtos de Rondônia, atraindo garimpeiros de todo o Brasil. Estima-se que em 1987 haviam cerca de 600 dragas e 450 balsas extraindo ouro do rio. Eram processos extrativos rudimentares, admitindo-se perdas em torno de 50%. O trabalho nas balsas era extremamente perigoso, pois obrigava um mergulhador operar a "maraca", o terminal do mangote de sucção, conduzindo-a no fundo do rio para fazer o desmonte em profundidades de até 15m.
Como era grande a evasão (pelo menos 50%), são imprecisas as estimativas de produção. Admite-se que no ano de 1987 tenha sido da ordem de 8.000 ton. Já no início dos anos 90 entrou em declínio, estando praticamente interrompidas as atividades no garimpo de Araras. Este ciclo gerou muita riqueza, sendo porém quase nulos os benefícios duradouros produzidos.

3. Impactos ambientais na exploração do garimpo

3.1 Contaminação dos rios através do mercúrio
Após sua utilização na extração de ouro, o mercúrio residual é descartado nas margens e nos leitos dos rios, no solo, ou é lançado na atmosfera durante o processo de queima do amálgama. Estando disponível no meio ambiente, este mercúrio pode transformar-se no metilmercúrio. A metilação do mercúrio é o passo mais importante para sua entrada na cadeia alimentar de organismos aquáticos, maiores bioconcentradores deste metal.
Hoje sabe-se que a velocidade de metilação realizada pelas bactérias é em função de vários fatores como o baixo pH da água, alta concentração de matéria orgânica dissolvida e baixo teor de material particulado, situação fácil de ser encontrada no Rio Madeira. O pH do Rio Madeira por exemplo, é particularmente baixo, chega a 3,8.
Cerca de 3,0 mil toneladas de mercúrio utilizado nos garimpos de ouro da Amazônia, ao longo dos vinte anos vem sofrendo oxidação e metilação nas condições propícias das águas e sedimentos dos rios.
Existe pesquisas realizadas na Amazônia abordando a contaminação da população ribeirinha por mercúrio em sua maioria no artigo Barbosa et al. (1997).
Em um período de tres anos foram analisados amostras de cabelo de 270 ribeirinhos do Rio Madeira, utilizando a espectrometria de absorção atômica com vapor frio. O teor médio do mercúrio no cabelo destes indivíduos foi 17,2 microgramas por grama de cabelo (µg/g), com valor máximo obtido 303 microgramas. Foram analisados também cabelo de 51 pessoas na região com mais baixo consumo de peixe (controle). Para essas pessoas, o teor médio foi de 4,1 microgramas, nível que pode ser considerado normal.
As populações ribeirinhas da Amazônia brasileira estão constantemente ameaçadas devido a ingestão de peixes contaminados, que provocam deficiências mentais e neurológicas. O Rio Madeira no final da década de 80 estava contaminado por 78 toneladas de mercúrio.
Tabela 1: Teores médios de mercúrio nos peixes piscívoros
Local
N
µg/g
Rio Madeira
370
850
Rio Madeira
154
665
Rio Madeira
251
634

N = Número de amostras analisadas
A poluição do Rio Madeira e de seus afluentes, devido ao uso de mercúrio na extração de ouro, está exterminando várias espécies de peixes, segundo pesquisadores do curso de geografia da Universidade Federal de Rondônia -UNIR. Com isso, a população de Porto Velho é obrigada a comer pescado de cativeiro - e, em alguns casos, os comerciantes são compelidos a importarem o produto para atender o mercado consumidor da capital rondoniense.

4. Impactos socioculturais
4.1 Influências do garimpo sobre as populações ribeirinhas
Na atividade garimpeira, distingue-se o papel do dono do maquinário e equipamentos necessários à extração mineral e o "pequeno garimpeiro", aquele que participa apenas com o seu trabalho e aufere a menor parcela dos lucros do garimpo.
Longe se vai o tempo em que o garimpeiro se equipava apenas da bateia para exercer suas atividades. Hoje em dia, a atividade garimpeira é quase empresarial e exige a mobilização de grandes recursos. Ao longo dos rios, utilizam-se balsas, motores, mangueiras que espalham jatos d’água de alta pressão. Para a "segurança", os garimpeiros armam-se com revólveres, pistolas e até metralhadoras.
Não há como deixar de se distinguir, portanto, o empresário do garimpo com aquele pequeno garimpeiro, sem recursos e sem instrução, que se torna seu sócio "minoritário" percebendo de vinte a trinta por cento do produto de seu trabalho.
Com o garimpo, os impactos na saúde humana vão além da contaminação por mercúrio, e, surgem doenças causadas pelas péssimas condições de trabalho e espalham-se doenças infecto-contagiosas - hepatite, cólera, leishmaniose, hanseníase, tuberculose, e doenças sexualmente transmíssiveis, em relação às quais o Estado não tem condições de prestar assistência médica e sanitária eficaz.
Argumenta-se que os garimpeiros também são vítimas dessas doenças e que as epidemias são mais sérias em virtude da omissão dos órgãos responsáveis, notadamente a Fundação Nacional de Saúde. Não é caso, porém, de se atribuir "culpa" aos garimpeiros, mas simplesmente de se constatar uma realidade: as invasões de garimpeiros geram sérios problemas de saúde pública, de difícil controle, dada a parca presença dos órgãos sanitários.
A contaminação por mercúrio, no meio ambiente, traz conseqüências direta na vida daquelas populações ribeirinhas, inclusive indígenas, que têm na pesca e na caça importantes meios de sobrevivência. Comprometidas suas fontes de alimentação, passam a depender, muitas vezes, de "dádivas" fornecidas pelos próprios garimpeiros, reduzindo-os à situação de pedintes.
Por outro lado, o contato indiscriminado entre garimpeiros e ribeirinhos acarreta, como conseqüências, a difusão do alcoolismo. Por vezes, o álcool é dolosamente distribuído.
Aliado a outros fatores, como o crescimento desordenado das comunidades, o garimpo colabora com o alto índice de prostituição e de gravidez precoce, favorecendo inclusive a evasãp escolar.
A tensão da difícil vida no garimpo, aliada ao baixo nível educacional e cultural de garimpeiros e a ausência de maior presença por parte de autoridades policiais, gera um ambiente propício para a multiplicação de conflitos sangrentos entre os próprios garimpeiros.
A medida em que a população ribeirinha, através destes contatos, vai adquirindo valores da cidade e novos padrões de consumo, tenderá a migrar para os centros urbanos maiores, pois passará a considerar insuficientes os recursos a que tem acesso na sua região. A não ser que melhorassem as condições de vida destas pessoas, mediante a adoção de estratégias de ação para o desenvolvimento sociocultural e econômico destas comunidades.

5. Soluções propositivas
5.1 Redução dos impactos ambientais / Controle no uso do mercúrio
Existem algumas propostas relacionadas ao controle e remediação da poluição do mercúrio. No entanto, à questão do mercúrio passa antes por um processo de educação ambiental de todos os agentes envolvidos: garimpeiros, pescadores, índios, ribeirinhos e principalmente pela ação fiscalizadora da sociedade. A recuperação das áreas contaminadas por mercúrio em Minamata (Japão), foi obtida com medidas drásticas, como pesadas multas para a empresa poluidora, proibição de pesca, compensação financeira para os pescadores e dragagem.
Enumeramos a seguir algumas propostas para o controle e remediação da poluição do mercúrio.
  • Uso de retorta e capela nas casas de queima de amálgama;
  • Maior eficiência no processo de garimpagem; calha mal adequada;
  • Criação de centrais de bateamento;
  • Reprocessamento dos rejeitos com alta concentração de mercúrio;
  • Recuperação das áreas degradadas;
  • Cumprimento da Lei 7805, de 18 de julho de 1988 que regula o regime de permissão de lavra garimpeira que incentiva a criação de associações de garimpeiros
  • Formação de centrais de queima de amálgama;
  • Educação ambiental e recomendação para ingestão de peixes de baixo nível trófico;
  • Monitoramento da contaminação nos diversos compartimentos ambientais.
5.2 Redução dos impactos socioculturais / Ação ordenada na atividade de garimpo
O garimpo, por ser um estágio da produção mineral com fortes repercussões sociais, econômicas e ambientais, e pelo fato de congregar um contingente populacional expressivo, sobretudo na Região Norte do País, merece atenção especial da política mineral, que deverá buscar sua transformação paulatina em mineração organizada, promovendo seus padrões técnicos e ambientais, sem descuidar dos impactos sociais decorrentes de tal transição.
Assim, a ação ordenada do Governo na atividade de garimpo deverá ser desenvolvida a partir de algumas idéias-chave e recomendações:
  • A abordagem uniforme e sistemática do problema, ancorada em uma explícita política de governo que focalize com prioridade o operário garimpeiro.
  • A revisão e aperfeiçoamento da legislação que rege a garimpagem.
  • Desenvolvimento de mecanismos para o correto aproveitamento do potencial empreendedor do garimpeiro, através da sua conversão em minerador, na forma da lei.
  • Consolidar as reservas garimpeiras existentes e regularizar as atividades extrativas em curso.
  • Atuar imediatamente sobre novos focos garimpeiros, impedindo sua expansão desordenada e decidindo rapidamente sobre a conveniência de sua organização ou fechamento.
  • Acompanhar a organização das cooperativas de garimpeiros, evitando o surgimento de organizações não-representativas ou o desvirtuamento das suas atividades.
  • Intervir rápida e ordenadamente no equacionamento de problemas emergenciais (exemplos recentes: invasão da área Ianomami, em Roraima; problemas fronteiriços com a Venezuela e outros países vizinhos; Serra Pelada; Bom Futuro, na Rondônia).
  • Identificar alternativas sociais para garimpeiros e ribeirinhos, como retorno ao Estado de origem, assentamento agrícola, alternativas de emprego, assistência social.
  • Buscar alternativas tecnológicas para a melhoria das condições da lavra, com ênfase para a segurança e o controle ambiental.

6. Considerações finais

Nos últimos anos, a produção garimpeira vem mostrando fortes sinais de decadência, em função tanto do esgotamento quanto da queda nos teores das jazidas aluvionares e superficiais, além das fortes pressões ambientais e de iniciativas do Governo em coibir a ilegalidade e clandestinidade, muito comuns na atividade.
Pode-se dizer que, da exploração do ouro, a maior herança é o seu passivo ambiental: erosão do leito e das margens do rio, contaminação das águas e da cadeia alimentar pelo mercúrio, poluição por óleo, combustíveis e rejeitos lançados na água e por equipamentos abandonados, sedimentação do canal navegável, etc. Nos denominados garimpos do Arara e Periquitos, as crateras abertas por desmonte hidráulico chegaram a comprometer a BR-425, que vai até Guajará Mirim. No local foram encontrados fósseis de mastodontes e tatu-gigante, entre outros. Esta bacia está sendo destruída, e seus fósseis contrabandeados.
Embora o garimpo de Araras tenha terminado, anos vão se passar até que se dê a recuperação plena da flora de fundo e dos peixes que, por acaso, tenham sofrido efeitos teratogênicos ou mutagênicos.