quinta-feira, 5 de junho de 2014

Brazil Resources fecha negócio e compra a Brazilian Gold

Brazil Resources fecha negócio e compra a Brazilian Gold
A crise  tornou várias empresas baratas e muito atrativas. Foi o caso da canadense  Brazilian Gold, que tem em seu portfólio mais de 2 milhões de onças de ouro  certificados( 40 bilhões de dólares) A empresa investiu principalmente no Tapajós, em projetos de alta  qualidade como São Jorge e Boa Vista, onde se associou à Octa Mineração.
Apesar  dos bons projetos as ações da Brazilian Gold estavam muito baratas e isso tornou  a junior canadense em uma presa apetitosa para aquelas mineradoras capitalizadas  como informamos no Portal do Geólogo em junho deste ano. A Brazilian Gold era  uma presa certa no agressivo mercado pós-crise. 
Somente  agora a Brazilian Gold foi comprada pela Brazil Resources, uma junior canadense  que vem investindo em projetos de ouro no Brasil. A Brazil Resources é  capitaneada por Amir Adnani, um jovem e bem sucedido investidor que fez fortuna  em sua empresa de urânio a Uranium Energy Corp e tem no seu Board personalidades  como o brasileiro e banqueiro Mário Garnero, do Brasilinvest.
Com essa  aquisição a Brazil Resources passa a ser a empresa de mineração, no Brasil, com  os maiores recursos de ouro em projetos ainda não desenvolvidos.
Tudo  leva a crer que a Brazil Resources  tem  potencial de se transformar em uma poderosa “mid-tier”.
Vai ser  interessante acompanhá-la em sua saga.

Kinross acusada de apropriação ilegal de 41,7 toneladas de prata

Kinross acusada de apropriação ilegal de 41,7 toneladas de prata
Será um caso de esquecimento e mau gerenciamento ou dolo? Por vinte e dois anos a prata de Paracatu foi vendida sem autorização do Ministério de Minas e Energia que, assim como todos, sabia da produção...

Essa constatação fez o MPF de Minas Gerais ingressar com uma ação contra a Kinross Brasil Mineração S.A.

Segundo o MPF/MG a Kinross se apropriou de mais de 41 toneladas de prata ao longo de 22 anos de operação. Neste caso a Kinross está sendo responsabilizada, também, pelo período que a Rio Tinto, através da Rio Paracatu, operou a mina.

A Rio Tinto solicitou, em 1985. Um aditamento para a produção e exploração da prata que seria recuperada no beneficiamento do ouro. No entanto o MME não analisou o requerimento e nunca emitiu autorização para a extração e comercialização da prata. Entre 1988 e 2010  foram comercializadas 41,7 toneladas de prata, valendo aproximadamente R$57,2 milhões.

Esse erro e suas proporções, agravadas ao longo dos 22 anos de processamento, causou um prejuízo aos cofres públicos significativo, caracterizando, entre outras coisas, a lavra ilegal.

O processo foi instaurado juntamente com um inquérito policial que deverá apurar quais os diretores da mineradora que foram responsáveis por esta situação.

O interessante é que o DNPM nunca se pronunciou sobre uma produção, que segundo o MPF/MG era ilegal. Nos arquivos do DNPM  a produção de prata da Rio Paracatu era divulgada como  uma das maiores do Brasil (Perfil da Prata). O DNPM  será, também, investigado. 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Origem das Minas da Passagem- OURO - MG

Garimpo no Ribeirão do Carmo        Extracting gold
Origem das Minas da Passagem
Não é possível se traçar os rumos da história mundial do ouro sem se falar do "Ciclo do Ouro" brasileiro. Este período, muito bem definido na história brasileira, coincide com o Séc. XVIII, pois iniciou-se em 1965, com a primeira exportação economicamente significativa e findou por volta de 1800, quando o ouro passou a ocupar um plano secundário na economia nacional. Durante este período, a produção mundial de ouro foi de 1.421 toneladas métricas, tendo a capitania de Minas Gerais, praticamente Ouro Preto e Mariana, contribuído com 700 toneladas, ou seja, 50% do ouro produzido no período.
Liteira        Old Carriage
A interiorização do Brasil se iniciou com a procura de riquezas, principalmente ouro, esmeraldas e brilhantes, que os homens da época julgavam existir naquela tão bela e promissora terra. Organizados em grupos denominados bandeirantes, eles entregavam-se de corpo e alma à procura dos metais e das pedras preciosas, embrenhado-se pelos sertões.  Nos fins do Séc. XVII, por volta de 1695, uma dessa bandeiras, comandada por Manoel Garcia Velho, encontra em Tripuí, a oito léguas de Ouro Preto uma série de granitos cor de aço, que mais tarde, quando examinados, verificaram tratar-se de finíssimo ouro. A notícia espalhou-se por toda a parte da colônia e a partir de 1697 se estabeleceu um "rush" que se avolumou nos anos subsequentes.
Garimpo no ribeirão          Panning in the stream
Museu da Mina          Mine´s Museum
Em 1780, João Lopes de Lima manifestava as jazidas de cascalho de N. S. do Bom Sucesso e, em 1702, João Siqueira dava conhecimento o sumidouro de Mariana. Durante este período se instalaram dois grupos mineiros que viriam a constituir as povoações de Mariana e Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto. Apesar da pouca distância que as separava, se ignoraram por longo tempo. Porém, as águas turvas do Ribeirão do Carmo mostravam para os habitantes de Mariana, que rio acima, existia uma outra cidade. Na ânsia de manter contato com elementos civilizados, subiram o Ribeirão do Carmo. Em 1719 fundaram a Vila da Passagem, que se encontra entre as duas cidades. Durante essa época, os mineiros que iam subindo o rio bateando os depósitos aluvionares, descobriram o ouro primário de Passagem.
Lago no interior da mina          Lake inside the mine
Com a descoberta e abundância do ouro, no período de 1729 à 1756, fluiu para a área um grande número de elementos que passaram a explorar as jazidas concentradas no Morro de Santo Antônio. Os trabalhos eram realizados a céu aberto e/ou por meio de pequenos serviços subterrâneos que, geralmente paravam quando era atingido o lençol freático. Lavrava-se, e recuperava-se, então, apenas o ouro contido nos itabiritos, na jacutinga e na canga ferro-aurífera. A mão-de-obra era totalmente escrava e acredita-se que em certa época, cerca de 35 mil escravos povoaram as senzalas do Morro Santo Antônio.
Ouro         Gold
Data do século VIII a descoberta do Ouro em Passagem. Os bandeirantes percorreram os veios d`agua da bacia do Rio Doce, atingiram o Ribeirão do Carmo, no qual localizaram Ouro aluvionar abundante. Subindo o Ribeirão, em típica prospecção por bateia, descobriram em 1719 as jazidas primárias de Passagem. De 1729 à 1756, vários mineiros obtiveram concessões para a exploração das jazidas. Com o passar dos anos, reduziram-se a um único dono. Após sua morte seus herdeiros transferiram a Mina, a 12 de Março de 1819, ao barão W. L. von Eschwege.
Draga no Ribeirão do Carmo                                                       Dragging in the Carmo´s Stream
Os trabalhos até então, se concentravam no Morro Santo Antônio e eram executados por mão-de-obra servil, a céu aberto ou mediante pequenos serviços subterrâneos.. Recuperava-se o Ouro contido nos Itabiritos, na Jacutinga e na canga Ferro-Aurífera. Segundo tradição, povoaram as zensalas do Morro Santo Antônio, 35 mil escravos. As ruinas ainda existentes testemunham este remoto passado.Eschewege formou a primeira empresa mineradora do Brasil, sob o nome de Sociedade Mineralógica de Passagem. Construiu o engenho, com dez pilões californianos e estabeleceu o primeiro plano de lavra subterrânea. Somente após o ano de 1800 é que se descobriu Ouro nos quartzitos, nos Xistos grafitosos e nos Dolomitos, dando novo rumo a exploração das jazidas.
Após anos de prosperidade, o Barão Eschewege, atraído por novas atividades na siderurgia pioneira, desinteressou-se da mineração do Ouro. A Sociedade Mineralógica passou, a 1o de junho de 1659, às mãos do mineiro Inglês Thomas Bawden. Este, depois de trabalhar quatro anos, revendeu-a, a 26 de novembro de 1863, à Thomas Treolar, representante da nova empresa em formação, a "Anglo Brazilian Gold Mining Company Limited", que encampou a Socidade Mineralógica de Passagem. A "Anglo Brazilian" adquiriu diversas conceções vizinhas, como Paredão e Mata cavalos e trabalhou nas jazidas de 1864 à 1873, produzindo 753.501 gramas de Ouro ao teor médio de 6.89 gramas por tonelada de minerio.
Draga               Drag
De 1874 à 1883, a mina esteve paralizada. Em 14 de março de 1883 foi vendida a um sindicato francês, que constituiu a "The Ouro Gold Mines of Brazil Limited" A nova empresa operou com grande sucesso até março de 1927, quando foi vendida ao grupo Ferreira Guimarães, banqueiros de Minas Gerais e transformada, em maio do mesmo ano, na atual Companhia Minas da Passagem. A Companhia Minas da Passagem operou regularmente até 1954. De então, até 1960 esteve paralizada. Tentativas de reabertura, de 1959 a 1966, foram infrutíferas. A conjuntura inflacionária, a falta de capital e de espírito mineiro, principalmente, o preço irreal do ouro, fixado em 35 dolares a onça-troy, e finalmente a obrigatoriedade de toda a produção ser vendida ao Banco do Brasil, tornavam a lavra economicamente inviável.
De 1967 a 19 de dezembro de 1973, o Grupo da Companhia Anglo Brasileira de Construções adquiriu o controle acionário da Companhia Minas da Passagem, sem ter sucesso nas tentativas, então desordenadas, de desenvolver o empreendimento. Em outubro de 1976, os então acionários majoritários, reconhecendo o insucesso de suas tentativas, retornaram o controle acionário ao Dr. Walter Rodrigues.

Ruínas do Gongo Soco - MG

Ruínas do Gongo Soco

A história das ruínas do Gongo Soco tem início em 1745 quando o garimpeiro Bitencourt encontrou ouro em um curso d'água que corta a região. Anos mais tarde, o local foi herdado por João Baptista Ferreira de Souza Coutinho, o barão de Catas Altas. A companhia inglesa Imperial Brazilian Mining Association, sediada na Cornualha, Inglaterra, adquiriu a mina em 1825 por 79 mil libras esterlinas.


Foi a primeira empresa de capital estrangeiro a se instalar na província de Minas Gerais, atuando entre 1826 e 1856. Com equipamentos modernos e inovações tecnológicas, a empresa inglesa representava uma nova fase de prosperidade para a mina.


A equipe inicial contava com um superintendente, dois capitães de mina e 31 mineiros e artesãos. No seu auge, a mineradora chegou a empregar cerca de 900 pessoas, sendo 400 escravos. A tecnologia de ponta, com o maquinário movido a energia hidráulica, rendeu grandes frutos aos ingleses, que chegaram a extrair uma tonelada e meia de ouro. Somente em 1832 foram retiradas de Gongo Soco, numa produção recorde, cerca de 1.900 quilos de ouro. No entanto, em 1856, o maquinário não foi o suficiente para atingir os veios mais profundos, o que causou o fechamento da mina.

"Em 1856, começa a decadência da mineradora. O maquinário já não conseguia atingir os veios mais profundos. Os recursos hídricos da região obrigavam alguns mineiros a trabalharem nas galerias mais profundas com água até o pescoço. Nessa época também, segundo o historiador Pedro Gaeta, foi registrada uma elevação significativa no número de mortes em Gongo Soco, indicando a ocorrência de vários soterrados. Em 1853, foram 18 óbitos. Em 1856, pularam para 30” (Jornal Estado de Minas, 16 de março de 1997).
O viajante e pesquisador inglês Richard Francis Burton relata em seu livro Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho a decadência de Gongo Soco.
"É melancólico ver ruínas em terra jovem, cabelos grisalhos em uma cabeça juvenil. O enorme depósito pintado de branco à esquerda do caminho está fechado, as hortas e jardins foram estragados pelos porcos, as excelentes estrebarias estão em ruínas, enquanto remanescentes das senzalas, pretos cegos e aleijados saíram para receber moedinhas de Mr. Gordon, ao passarmos."
 
Os ingleses criaram um povoado britânico tropical, com hospital, cemitério particular e duas igrejas, sendo uma anglicana e outra católica para brasileiros e escravos.


Gongo Soco ficou abandonado por muitas décadas; em 1986, a mina foi adquirida pela mineradora Socoemix, que manteve o acervo ambiental e histórico da região.


As ruínas são formadas por um casarão que pertenceu ao barão de Catas Altas, um cemitério, uma ponte, um hospital, pequenas casas e um arco na entrada do local.


Curiosidades da mina Gongo Soco publicadas na matéria "Gongo Soco resgatando a história" do jornal Estado de Minas do dia 16 de março de 1997:


- A casa do capitão-mor João Batista Ferreira de Souza Coutinho, que se tornou o barão de Catas Altas, era a construção mais sofisticada de Congo Soco, com dois andares. Ela foi ocupada pelos superintendentes da Imperial Brazilian, depois da venda do terreno aos ingleses.


- A certeza de que uma das ruínas de prédios de Gongo Soco funcionava como hospital veio com a descoberta no local de vidros de farmácias da época, um minúsculo fragmento de seringa, além de vários ossos de galinha. Canja era o prato dos pacientes.


- O prédio do hospital foi cuidadosamente planejado. Suas ruínas mostram a existência de corredores centrais com cômodos amplos, duas janelas cada um, e capacidade para até oito camas, além de um sofisticado sistema de ventilação em seu porão, para evitar umidade.


- O cirurgião inglês do hospital pediu demissão por estar insatisfeito com os salários pagos pela Imperial Brazilian. Em seu lugar assumiu um escravo-assistente.


- O estatuto para dar abertura ao capital e à tecnologia estrangeiros previa que o fundo de cada sociedade acionista deveria ser organizado com 400 mil réis em dinheiro, ou 3 escravos moços sem defeitos, de 16 a 26 anos. A Imperial Brazilian cumpriu as exigências.


O conjunto das ruínas de Gongo Soco é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IEPHA). 11 maio 1995

Conjunto de Ruínas do Gongo Soco -ANTIGO GARIMPO DE OURO MG

Conjunto de Ruínas do Gongo Soco

A Mina de Gongo Soco presenciou o auge e a decadência da exploração do ouro de aluvião e da mecanização rudimentar da atividade mineradora. No século XIX, viveu seu apogeu, com a mineração aurífera subterrânea, mecanizada e industrializada. Com o declínio do rico mineral, a extração do ouro foi substituída pela do ferro, atividade ainda existente no local.
A história começou quando, em 1824, João Baptista Ferreira de Souza Coutinho, o Barão de Catas Altas, vendeu as terras de Gongo Soco para uma empresa Britânica, a Imperial Brazilian Mining Association – primeira empresa de capital estrangeiro a se instalar em Minas Gerais.
Entre os anos de 1826 a 1856, a mina produziu mais de 12 mil quilos de ouro. Em 1856, sua produção, em queda, foi reduzida a apenas 29 quilos, e neste mesmo ano foi abandonada. O conjunto de ruínas do sítio do Gongo Soco era constituído por dois setores distintos: Setor I, considerado o espaço de trabalho da mina propriamente dita, com seu complexo de estruturas industriais; e o Setor II, mais afastado, onde se encontravam as moradias e os equipamentos urbanos que faziam parte da antiga vila.
Uma autêntica vila inglesa, Gongo Soco, segundo o censo, em 1931, possuía 30 casas ao longo de uma extensão de um quilômetro e meio. As edificações eram todas construídas em alvenaria de pedra e barro. Entre as casas ficava o Cemitério dos Ingleses, onde eram enterrados apenas os trabalhadores britânicos. Ali foram encontradas dez lápides com inscrições em inglês e ornamentadas por desenhos apurados. Existem ainda vestígios do que seriam um hospital e duas capelas, sendo uma católica e outra anglicana.
A casa do Barão de Catas Altas – informação sem constatação documental – teria aproximadamente 1.000 m2 de área construída, supondo apenas um pavimento. Perto do Setor I, há um forno com chaminé de mais ou menos 5,20 m de altura e 0,60 m de boca. Caminhando pela estrada à direita, vê-se um muro de pedra de quase 60 m de comprimento, terminando num portão em arco, erguido presumivelmente para marcar a passagem dos imperadores Dom Pedro I, no ano de 1831, e Dom Pedro II, em 1881. Atualmente, o arco em ruínas está coberto por uma gameleira. À esquerda, estão localizadas ruínas do que teria sido um vestiário, segundo relatos do viajante Richard Burton.
A origem do nome Gongo Soco é incerta. Segundo uma das versões, quando acontecia roubo na mina, o gongo era tocado, mas ninguém o ouvia. Outra versão diz que um escravo, vindo do Congo, foi encontrado na posição de galinha choca (palavra que teria originado “soco”) cavando escondido um depósito aurífero.
As ruínas, tombadas pelo Iepha/MG em 1995, estão localizadas no município de Barão de Cocais, a 76 quilômetros de Belo Horizonte.
Referências: IEPHA. Processo de Tombamento das Antigas Ruínas da Vila do Gongo Soco, Barão de Cocais/Sede, 1995, PT95
IEPHA. Projeto Ruínas de Gongo Soco. Relatório Final das Pesquisas Histórica e Arqueológica, v. I, Barão de Cocais/Sede, 1995.