domingo, 12 de abril de 2015

A concha; este é o significado da palavra francesa rocaille, mais tarde associada ao movimento artístico europeu Rococó, que surge inicialmente na França

A concha; este é o significado da palavra francesa rocaille, mais tarde associada ao movimento artístico europeu Rococó, que surge inicialmente na França como uma variação profana dos barrocos italiano e alemão. Foi um momento de libertação da temática religiosa e de invasão da estética do exagero na pintura, ourivesaria e na decoração.
Foi o período conhecido como Século das Luzes, reflexo de uma época na Europa em que se procurou dar valor à razão contra abusos do Estado e da Igreja e, através disso, valorizar o ser humano numa sociedade plena, sem trevas e obscurecimento da vida. Foi também o período de surgimento do Estilo Luís XV, de grande relevância para a decoração de interiores e o mobiliário; uma estética a serviço de seu tempo, em busca de prazeres do cotidiano. Surgiram as joias para serem usadas durante o dia, mais leves e assimétricas. E joias noturnas, que privilegiavam o brilho à luz dos candelabros.

Num período em que reis comandavam Estados com poderes ilimitados, em que a igreja se via diante da necessidade de reformulação de seus paradigmas

Num período em que reis comandavam Estados com poderes ilimitados, em que a igreja se via diante da necessidade de reformulação de seus paradigmas, em que a racionalidade alcançava um status complexo e sistemático, em que a ciência dava sinais claros de poder contra a irracionalidade, somente um nome como barroco poderia sintetizar a época. O barroco é um período conhecido por sua volúpia, seu exagero, sua volta, sua sobra. Pode-se dizer que arte deste tempo, foi o resultado do complexo conjunto de fatores religiosos, políticos e culturais em diálogo com as vicissitudes humanas.

As joias deixaram de caminhar lado a lado com as Belas Artes, e a preocupação se voltou novamente para as pedras. O aprimoramento das técnicas sobrepôs-se à expressão intelectual de status ou crença religiosa. É a época em que Paris, sob o reinado de Henrique IV, foi reconhecida como centro da moda. Esse desenvolvimento só foi possível pelo aumento do fornecimento de pedras preciosas, fruto da permissão concedida aos joalheiros portugueses pela Companhia das Índias para comercialização destes produtos.
Foi um período de êxito no campo técnico, com várias inovações,decorrentes das descobertas das leis da refração e dos princípios da geometria analítica. Restam, porém poucas peças originais da época. O alto valor comercial de suas pedras fezcom que as peças fossem desmontadas para sua reutilização em joias mais adaptadas à moda das épocas subsequentes.

A Renascença foi um período de prevalecimento da racionalidade e de ruptura com o universo feudal

A Renascença foi um período de prevalecimento da racionalidade e de ruptura com o universo feudal e com as estruturas medievalescas, com a revalorização e ressignificação do humano frente ao divino.
Em arte, o objetivo era produzir obras tão belas quanto as da Antiguidade como, principalmente a grega, e, até mesmo, superá-las. É um período fértil para a joalheria, com grandes artistas como Albrecht Dürer, Hans Holbeine Giulio Romano, patrocinados pela nobreza para produzir peças com desenhos que estimulassem os ourives a aperfeiçoar a esmaltação e a fundição, levando a confecção das joias a um nível semelhante ao das Belas Artes.

A Renascença, além dos temas clássicos, trouxe para o universo imaginário dos ourives temas como heróis, sátiros, ninfas e divindades. Era um período de investimento em novidades como adornos para o cabelo e flâmulas que se tornaram símbolo de riqueza. Com a expansão do mundo europeu, novos assuntos interessaram à joalheria, como a botânica e a floricultura, consequência do exotismo do Novo Mundo.

Após séculos de guerras, disputas de território e toda a sorte

Após séculos de guerras, disputas de território e toda a sorte de pequenas e grandes revoluções nos campos social, cultural e político, a Europa se via na necessidade de novamente expandir seus limites.Desde seu descobrimento, as colônias das índiasOcidentais foram vistas como promessas de grandes riquezas para Portugal e Espanha, ocasionando a necessidade de um acordo para navegação e exploração do Atlântico Sul. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, delimitava as terras portuguesas e espanholas na região. Seis anos depois, os portugueses desembarcavam em terrasbrasileiras. Depararam-se com uma população indígena que andava praticamente nua e adornava-se com penas, conchas, dentes e sementes, além de pinturas corporais. Os espanhóis, ao chegarem às Américas, encontraram uma população que,além de ter o conhecimento da localização de jazidas de ouro e prata, já faziam amplo uso desses metais.

No norte do Peru, foi encontrada, em meados do século XX, a impressionante tumba do Senhor de Sipan, intocada, com um tesouro incrível, comparado às joias de Tutankamon, provando que na região dominavam-se as técnicas de fundição, solda, e o uso do ouro mais de 1000 anos antes da Europa.

Assim, no principio da colonização brasileira, a riqueza resultante da lucrativa monocultura açucareira e a intensificação do comércio fez com que parte do ouro e da prata encontrados na América espanhola viesse para cá se juntar com as joias prontas vindas da Europa para abastecer a opulência da elite uma vez que quase nãohavia ourives nas colônias. A maioria dos artesãos era composta de escravos, mulatos e índios que rapidamente aprendiam as habilidades para a manipulação do metal.
El Dorado

Desde a pilhagem de Cusco, em 1532, a Europa recebia enormes quantidades de metais vindos da América. Portugal, vendo a Espanha abastecer-se de tamanha riqueza, acreditou que tesouro semelhante poderia ser encontrado em solo brasileiro, uma vez que as terras eram contíguas às do Alto Peru. Atrás dessa possibilidade, Os bandeirantes inspiraram-se no mito do El Dorado, cidade lendária onde a riqueza era tanta que até as construções seriam de ouro. De ambos os lados da Linha de Tordesilhas, ávidos exploradores pereceram ante os imensos desafios da floresta. Não obstante, os espanhóis se depararam com resquícios de várias civilizações pré-incas, cujos reis e sacerdotes se vestiam de ouro, personificando o divino poder do Sol.

Durante a decadência do Império Romano, as tribos germânicas que penetraram na Europa

Durante a decadência do Império Romano, as tribos germânicas que penetraram na Europa vindas do leste introduziram o estilo animalista, de tradição antiga entre os povos bárbaros (não romanos). Essas culturas utilizavam na ourivesaria técnicas de granulação, repuxos e gravação encastoando pedras, produzindo efeitospolicromáticos.
Outra influência vem da cultura dos Impérios Carolíngio e Otomano, que, assim como o estilo bizantino, utilizavam largamentegemas, inclusive bordadas em túnicas, adornadas por majestosas joias, caracterizadas pelo esplendor na combinação de formas complexas , utilizando filigrana, quase sempre formando mosaicos (safiras, rubis, esmeraldas , diamantes, turquesas e pérolas). O polimento dessas pedras era feito com areia dura em formato plano ou cabochão.
A queda do Império Romano dá início à Idade Média; período que dura mais ou menos 1000 anos, marcado pela influência da Igreja sobre o homem. O alto clero detinha riqueza, domínio político e conhecimento.

No início da Idade Média, eram clássicas as pedras safira, esmeralda, rubi e diamante que, juntamente com os topázios e turquesas, marcavam a principal influência bizantina nas joias da Europa. Já no século XIII essa influência se diluíra, dando lugar às pedras clássicas e às pérolas que ressaltavam os contrastes coloridos. Vem deste período o surgimento da técnica de lapidação, que teve seus primeiros registros encontrados na região da Índia. Vem deste período também o surgimento dos joalheiros especializados; para evitar práticas desonestas de falsificação ou alteração das características das pedras, surgem várias leis reguladoras para ourives e joalheiros.
Símbolo dos tempos, os estilos e tipos de joias também mudaram, surgindo peças pesadas e coroas. Para o cabelo e para as roupas, usavam-se broches. Para o torço, havia colares mais leves com pingentes que serviam como amuleto para proteção.
GÓTICO
Por volta de 1200, diminuíram o uso das pedras, e aperfeiçou-se a lapidação com facetas. Há registros de diamantes facetados no século IX em Veneza, embora outras pesquisas afirmem que somente no século XV esta lapidação tenha sido desenvolvida, tendo permanecido em rigoroso segredo por longo período.
Enquanto na Itália se prolongava a influência bizantina e na Espanha a moura, no resto da Europa o estilo verticalizado das igrejas góticas influenciou o design das joias, até que, por volta de 1440-1450, ficaram mais “espiritualizadas”, principalmente em Paris. As formas mais leves e angulares substituíram as pesadas joias antigas. Nesse tempo era usual o uso de “letras mágicas” e invocações de significados às vezes secretos, ligados ao oculto ou ao sagrado.