terça-feira, 19 de maio de 2015

Reservas Minerais Mundiais de ouro

Reservas Minerais Mundiais de ouro

Em 2003, as reservas mundiais de ouro totalizaram aproximadamente 89 mil toneladas, distribuídas, principalmente, na África do Sul, que detém cerca de 40% das reservas globais (36.000 toneladas). Os principais depósitos auríferos sul-africanos concentram-se na bacia arqueana de Witwatersrand, nos Greenstone Belts de Barberton, localizado na província de Mpumalanga e no Greenstone Kraaipan localizado a oeste de Johannesburgo.
Segundo dados da publicação Mineral Commodity Summaries 2004, elaborada pelo United States Geological Survey (USGS), a produção mundial de ouro durante o exercício de 2003 atingiu cerca de 2.600 toneladas, destacando-se as produções da África do Sul (450 ton, registrando acréscimo de 12,8% em relação ao ano de 2002); Austrália (275 ton, aumento de 0,7%) e Estados Unidos (266 ton, decréscimo de 10,7%). Neste contexto, a produção nacional é bastante discreta, tendo atingindo 40,4 toneladas representando cerca de 1,5 % da produção global.
Dados divulgados pelo World Gold Council apontam o setor de joalheria como sendo o principal mercado consumidor mundial de ouro no ano de 2003, tendo absorvido cerca de 78,4% da oferta global, seguidos pela demanda para fins industriais e odontológicos (11,9%) e investimentos financeiros (9,7%).

Obtenção e Compostos do ouro

Obtenção e Compostos do ouro

Amplamente distribuído por toda a crosta terrestre e relativamente inerte, é possível encontrá-lo como metal, pequenas inclusões e até como impureza em vários minérios a partir dos quais é extraído como subproduto.
A Calaverita (AuTe2) é um telureto de ouro e corresponde à ocorrência deste na natureza, como mineral. Apresenta estrutura cristalina monoclínica, não possui clivagem, é opaca e a dureza varia entre 2,5 a 3,0. Sob a forma de metal, uma das características é a alta maleabilidade e na maior parte dos casos, é aplicado em forma de ligas, associado a metais como a prata e o cobre. Um outro aspecto é a classificação como metal nobre, ou seja, de baixa reatividade a partir da qual possibilita a constituição de diversos compostos, como:
  • Tricloreto de ouro (AuCl3)
  • Ácido Cloroáurico (HAuCl4)
Os minerais em que o ouro aparece frequentemente associado são o quartzo e a pirita e quando este é obtido diretamente das rochas, seja em veios ou fraturas, por exemplo, diz-se que foi extraído de um depósito primário, entretanto se a ocorrência é proveniente de sedimentos detríticos, trata-se de um depósito secundário.
Os métodos atuais de obtenção permitem a extração nos dois tipos de depósitos reconhecidos na superfície da Terra, porém vale ressaltar a existência de estimativas que chamam a atenção ao ressaltarem que nos oceanos pode haver bilhões de toneladas iniviáveis de serem exploradas pela tecnologia desenvolvida até o momento.

Principais Aplicações do ouro

Principais Aplicações do ouro

O ouro, elemento conhecido desde a Antiguidade, em seu estado puro é extremamente mole, consequentemente, para sua utilização, são realizadas ligas metálicas com prata e cobre. Dentre as características principais, destacam-se a boa condutividade elétrica, a resistência à corrosão além de não reagir com a maioria dos produtos químicos (metal nobre).
Devido às suas características, o ouro é um metal que pode ser aplicado em uma grande quantidade de produtos utilizados para os mais diferentes fins. Atualmente são reconhecidas as seguintes aplicações:
  • Fotografias: o metal aparece na forma de um ácido, o cloroaúrico (HAuCl4);
  • Gastronomia: o pó de ouro é usado na decoração de bolos e doces;
  • Microscopia: empregado no revestimento de materiais biológicos, além de permitir a visualização através do microscópio eletrônico de varredura (MEV);
  • Economia: o ouro é altamente empregado como reserva monetária, como garantia do papel-moeda em circulação, além de atuar na cobertura de pagamentos a outros países quando ocorrem diferenças nas balanças comerciais;
  • Tecnologia: aplicado em satélites artificiais e em janelas de grandes edifícios comerciais, sob a forma de finas películas, pois este metal é responsável pela reflexão de mais de 98% da radiação infra – vermelha incidente;
  • Joalheria: utilizado na forma de liga, associado a outros metais, como cobre e prata. Recebe a classificação de quilate, esta corresponde a cada parte do metal em peso, que é usada na formação da liga;
  • Decoração: o ouro na forma coloidal é aplicado na pintura de peças de cerâmica.
  • Próteses Dentárias: devido à resistência à corrosão e a maleabilidade do metal, este e alguns de seus derivados são utilizados na fabricação deste tipo de prótese.
  • Indústria: dentre as diversas aplicações, destaca-se o uso do ouro como catalisador (acelerador de reações químicas).
  • Medicina: as aplicações medicinais e terapêuticas são diversas e crescentes. Utiliza-se em cirurgias, uma vez que malhas de finíssimos fios de ouro são colocadas para reparar vaso
São desenvolvidas também pesquisas para a utilizar o ouro nas áreas de nanotecnologia, na qual o ouro em sua forma coloidal, seria útil para o desenvolvimento de pesquisas biológicas e medicinais; e na medicina, com a realização de pesquisas para utilizar sais de ouro em tratamentos de autismo e Anti HIV – um novo composto está em fase experimental com expectativas de que seja um inibidor da transcriptase reversa do HIV

Principais Características do Ouro

Principais Características do Ouro

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Regiões Auríferas no Brasil

Regiões Auríferas no Brasil

Depósitos associados a ambientes vulcano-sedimentares do tipo “greenstone belt”
          Este tipo de ambiente constitui uma seqüência de rochas vulcânicas e sedimentares afetadas pelo metamorfismo de baixo grau, normalmente de idade Arqueana ou Paleoproterozóica. Como exemplos mundiais desses terrenos, há o escudo Yilgarn, situado a oeste da Austrália e o Cinturão Abitibi no Canadá; no Brasil o caso também é semelhante, são compostos por seqüências do tipo “greenstone belt” em escudos Pré-Cambreanos, cujas reservas somam cerca de 1000 toneladas de Ouro.
          O Greenstone Belt Rio das Velhas, situado no Quadrilátero Ferrífero é o principal e mais tradicional, representado pelas minas de Morro Velho, Raposos, Cuiabá, etc. Há outro terreno denominado Greenstone Belt Rio Itapicuru (BA), representado  pela mina Fazendo Brasileiro, que encontra-se encaixado em xistos máficos em meio a zonas de cisalhamento preenchidas por veios quartzo-carbonáticos.       Outro exemplo é a jazida da Mina III no Greenstone Belt de Crixás (GO).         A província mineral de Carajás também apresenta ambientes  desse tipo e também possuem mineralizações auríferas.
          Mesmo com todos esses terrenos citados, o principal produtor de ouro situa-se no Grupo Itacaiúnas (de grau metamórfico mais elevado), e tendo como jazidas a de Igarapé Bahia e Salobo, onde o ouro está associado a sulfetos de cobre. 
          Outras seqüências vulcano-sedimentares foram identificadas na região centro-oeste e assim definiram como sendo arcos magmáticos mais recentes (Neoproterozóico), com características bastante diversificadas em relação aos greenstones Arqueanos; também são produtores de ouro e são representados pelas jazidas de Posse, Zacarias e Chapada, na região de Mara Rosa. Ambientes desse mesmo tipo e que também possuem potencial aurífero foram identificadas nos escudos brasileiros, sendo eles: Gurupi (MA); Cumaru, Andorinhas e Inajá ao Sul da Província de Carajás (PA); Bacajá (PA a norte); Pitinga (próximo à fronteira com o Amapá); Parima (RO); Goiás Velho (GO); Pitangui e Riacho dos Machados (nas proximidades do Quadrilátero Ferrífero – MG); Dianópolis (TO).

Depósitos associados a metaconglomerados de idade Paleoproterozóica
          São os depósitos mais clássicos do mundo e tem como padrão depósitos de ouro associados a urânio e pirita nos membros basais da bacia de Witwatersrand na África do Sul, são responsáveis por 1/3 da produção anual mundial.
          O tipo de mineralização associada é o stratabound (estrato ligado) e estratiforme, pois se relaciona com horizontes sedimentares específicos.   Os metaconglomerados são característicos do Paleoproterozóico e repousam sobre o embasamento Arqueano, normalmente próximo a ambientes do tipo “greenstone belt”, que supostamente serviram como fonte de ouro depositados nos metaconglomerados.
          Como exemplo brasileiro tem-se os metaconglomerados da Formação Córrego do Sítio na região de Jacobina (BA) e Formação Moeda (no Quadrilátero Ferrífero – MG). Porém os depósitos de interesse econômico encontram-se apenas em Jacobina, representados pelas minas de Canavieiras e João Belo e são da ordem de mais de 300 toneladas de ouro e produção acumulada de 20 toneladas.

Depósitos associados a Itabiritos
          Estes depósitos são genericamente denominados de Jacutingas, possuindo um caráter regionalizado, pois ocorrem exclusivamente associados a formações ferríferas do Supergrupo Minas na região do Quadrilátero Ferrífero. Os depósitos são de pequena tonelagem e podem atingir altos teores, como no caso da mina de Congo Soco, variando entre 20 e 35 g de Au/tonelada.     O minério de ouro é extraído como subproduto do minério de Ferro e peculiarmente ocorre a presença de paládio que forma uma liga com o ouro.

Depósitos associados a seqüências metassedimentares de natureza diversa
          São definidos como depósitos associados à ambientes metassedimentares de contribuição vulcânica e são predominantemente de idade Proterozóica.
          No estado de Minas Gerais, em Paracatu, o depósito de Morro do Ouro representa um dos mais baixos teores do mundo, sendo da ordem de 0,6 g de Au/tonelada. O depósito encontra-se encaixado em metassedimentos plataformais de idade Neoproterozóica, compostos por filitos grafitosos ritmicamente intercalados com sedimentos clásticos e químicos, onde o ouro ocorre em finas vênulas de quartzo.
          Depósitos semelhantes ocorrem na região do Rio Guaporé, Mato Grosso do Sul, como exemplo o depósito de São Vicente, que está associado ao Grupo Aguapeí do Mesoproterozóico.
          Em Carajás os depósitos de Águas Claras possuem aproximadamente 20 toneladas de ouro e o depósito de Serra Pelada que se encaixam a formações metassedimentares.
          Na região de Cuiabá, Mato Grosso (Neoproterozóico) os depósitos estão associados às seqüências turbidíticas, e na região de Brusque (RS – Mesoproterozóico) também é semelhante.
          O depósito tradicional de sulfetos de cobre sedimentar de Camaquã (RS) também fornece ouro como subproduto, embora as reservas possuam apenas cerca de 3 toneladas, o depósito ocorre associado a meta-arenitos e conglomerados do Eopaleozóico e a mineralização encontra-se em veios ou disseminada.

Depósitos associados a intrusões graníticas e vulcânicas ácidas associadas
          Este tipo de depósito encontra-se na região do Rio Tapajós e na região de Peixoto de Azevedo (MT). As duas regiões citadas são produtoras de ouro aluvionar em garimpos. No entanto, recentemente uma série de depósitos primários tem sido identificados em associação com rochas graníticas intrusivas anorogênicas do Mesoproterozóico, como por exemplo a suíte Maloquinha, na região de Tapajós e a suite Teles Pires, na região de Peixoto de Azevedo.          Estas intrusões mineralizadas, associadas a vulcanismo ácido, caracterizada em ambiente de vulcanismo continental. Os depósitos ocorrem na forma de stockworks ou veios de quartzo. Também ocorrem depósitos associados a intrusões graníticas e com mineralizações de ouro associados, em Lavras do Sul (RS), Itajaí (SC) e Castro (PR).

Depósitos aluvionares
          Trata-se de concentrações em geral, pequenas, no entanto à exceções como em localidades como Rio Jequitinhonha (MG), onde se produz cerca de 15, 6 toneladas de ouro como subproduto do diamante; Apiacas (MT) com 33 toneladas e Periquitos (RO) como 21,1 toneladas.   
          Estes tipos de jazidas foram as que mais produziram ouro no Brasil, entre 1965 e 1996, com um total de 317 toneladas, seguida de depósitos de ambientes de “greenstone belts” com cerca de 260 toneladas. No entanto, em muitos casos de jazidas de ouro aluvionar tem se como área fonte regiões de seqüências de “greenstone belts”.