quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Na Serra Pelada de hoje, circulam mais histórias do que ouro

Na Serra Pelada de hoje, circulam mais histórias do que ouro


Foi em 21 de julho de 1674 que o grupo do bandeirante Fernão Dias Paes Leme saiu de São Paulo em busca de pedras preciosas onde hoje fica Minas Gerais, desenvolvendo a mineração na região. Na segunda-feira, dia 21 de julho, será comemorado pela primeira vez o Dia do Garimpeiro, instituído em junho com a aprovação do Estatuto do Garimpeiro, que finalmente regularizou a pequena exploração mineral. O marco legal ocorre 20 anos após o fim de Serra Pelada, o maior garimpo do mundo, onde centenas de milhares de homens viveram, morreram, enricaram e perderam tudo.

  • Com casas de madeira, chão de terra e pouca estrutura, Serra Pelada é hoje um local pacato
Hoje, Serra Pelada, distrito do município de Curionópolis que fica a 35 quilômetros do centro da cidade, é um local pacato. Foi-se o ouro fácil da superfície e com ele a febre que levou centenas de milhares de garimpeiros para lá no começo dos anos 80. A imagem cristalizada do formigueiro humano desapareceu junto com o fim da mina e da possibilidade de enriquecimento instantâneo. 

Seis ou sete mil pessoas vivem em casas de tábua agrupadas em ruas de terra vermelha, desde sempre carentes de estrutura pública. Não existe atividade econômica significativa além de pequenos comércios e do dinheiro das aposentadorias. Todas as famílias são de garimpeiros que, detentores do direito de exploração daquela terra, buscam resolver diferenças internas para explorar em grande escala o solo rico. Até lá não há muito o que se fazer, melhor puxar uma cadeira para acompanhar as histórias de toda uma geração de garimpeiros conversadores.

Rodas de bancos proliferam em frente às casas e nos bares. "Sente aqui meu patrão, sente aqui", diz o filho do Piauí Juvenal Ferreira do Vale, 72 anos, oferecendo sua própria cadeira. A pele queimada de sol e profundamente riscada aponta para uma vida de trabalho braçal. Trabalhou na construção de Brasília. No garimpo cavou muito ouro daquele chão, em 86 tirou a sorte grande e "bamburrou", termo que designa aqueles afortunados que encontraram os veios mais ricos e conseguiram 30, 50, 100, 500 kg de ouro em poucos dias. 

  • Breno Castro Alves/UOL
    Em Serra Pelada hoje há
    mais histórias do que ouro
O recorde é de Zé Maria, que tirou 2.350 kg em um barranco só. "Foi um tempo curto, bom demais e terrível. Quando bamburrei foi uma madrugada de tiro, atacaram o acampamento, mas seguramos o ouro. Mas isso era pouco, essa ladroagem danada no mundo inventaram de uns tempo para cá. O garimpeiro era respeitador".

Difícil saber se a vila, que faz parte do município de Curionópolis, no sudeste do Pará, é mais rica em histórias ou em ouro. Teve aquele que bamburrou, comprou uma caminhonete e foi dar carreiras por esses meios de mundo. Atolou, voltou para a cidade e comprou outra igualzinha só para desatolar a primeira. Um outro estava no Rio de Janeiro cheio do ouro, lembrou que esqueceu o chapéu e fretou um avião para buscá-lo em Serra Pelada. Vem fácil, vai fácil, poucas histórias remetem a garimpeiros que investiram e multiplicaram a riqueza, a maioria financiou farras homéricas que hoje são nostalgia. Riqueza ou pobreza era condição passageira, regida pelo verbo estar e não pelo ser. A velocidade com que alguns ganhavam dezenas de quilos de ouro só era comparada ao ímpeto com que os gastavam.
"Naquele tempo eu não era gente", avalia saudoso um senhor com dentes de ouro. "Ah, se eu tivesse a tranqüilidade que tenho hoje..", lamenta um velho maranhense. Quando o garimpo terminou, em 88, quem ficou por ali foi quem estava pobre no momento. Ficaram para lutar por um subsolo que conhecem a riqueza. A mina não terminou por falta de ouro e os garimpeiros sabem que têm direito, entendem que produziram riqueza gigantesca e que a nação tem este débito a reparar.

A mesma esperança de ouro que levou aqueles homens para lá nos anos oitenta faz com que permaneçam até hoje lutando por ele. "Está vendo aquela cava cheia dágua bem ali? Deixei uma fazenda de 600 vacas parideiras dentro dela. Já perdi a força para aprender a fazer de outra forma e por isso vou tirar essa fazenda dali. Não perdi dinheiro, investi, vou ter lucro. Se eu não estiver vivo meu filho vai e se ele não estiver meu neto vai, porque ali tem ouro e ele é nosso", vaticina João Pimenta, 53 anos.


Vinte anos depois, "ouro do futuro" de Serra Pelada gera fortes disputas

Vinte anos depois, "ouro do futuro" de Serra Pelada gera fortes disputas


Serra Pelada é um local de luta. Todos sabem que ainda existe ouro ali, a disputa de interesses é constante e muitas vezes brutal. A calma do dia-a-dia se transforma em conflito permanente na esfera política. O cabo-de-guerra tem muitas pontas e é puxado por grupos de garimpeiros, cooperativas, mineradoras multinacionais e governo, todos com interesses distintos. Hoje, vinte anos após o final do garimpo, a maior parte dos crimes do local tem sua origem nessa disputa.

  • Breno Castro Alves/UOL
    Núcleo de extração do ouro em Serra Pelada, em foto de 1983, época do "formigueiro humano"...
  • Breno Castro Alves/UOL
    e atualmente, um lago de
    120 metros de profundidade

As estimativas acerca do ouro na região variam de acordo com quem as relata. Enquanto a Vale afirma haver algo em torno de 19 toneladas ainda ali, a Colossus espera encontrar bem mais e alguns garimpeiros acreditam em valores na casa de milhões de toneladas. Além do ouro, o local também é rico em platina, paládio e prata, todos metais de alto valor.

A Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) detém o direito de exploração dos 100 hectares que compreendem boa parte da cidade e a antiga mina, hoje submersa. Em 2007 conseguiram o alvará de pesquisa junto ao governo federal e assinaram contrato com a canadense Colossus, que hoje realiza sondagens na área. Com a pesquisa terminada, terão condições de definir o plano de exploração mineral, que deve girar em torno de US$ 200 ou 300 milhões e será executado pela empresa. O contrato prevê o pagamento de US$ 18 milhões para a cooperativa pela Colossus e uma divisão da receita de 51% para a empresa e 49% para a Coomigasp.

Hoje, a principal disputa política se dá ao redor da direção da Coomigasp. Moradores e grupos ligados ao movimento social criticam a atuação da entidade, defendendo anulação do contrato com a Colossus. Alegam falta de transparência em diversos pontos do processo e acusam a mineradora canadense de ser um instrumento da Vale na região.

Benigno Moreira, presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, aponta que a diretoria atual foi empossada com apoio dos movimentos sociais e a acusa de, após poucos meses de mandato, haver se vendido para os interesses das mineradoras, em detrimento do garimpeiro: "A proposta era explorar o minério do começo ao fim. O mundo quer um lugar para investir e nós queremos financiamento, comprar máquinas e adquirir nossos meios de produção. O que menos precisamos é de um patrão".

  • Breno Castro Alves/UOL
    Além da expectativa do ouro a ser encontrado no futuro, hoje em Serra Pelada há o garimpo de subsistência, que dá pouco lucro
Assis Coelho, vice-presidente da Coomigasp, rebate as críticas afirmando que apenas hoje, pela primeira vez após o fechamento da mina, o garimpeiro tem uma perspectiva real de conquistar algo para si. "Passamos 20 anos só na falação, só em mentiras. Hoje não, pela primeira vez temos a consciência de que vamos colher resultados. O que o garimpeiro precisa entender é que essas coisas não são do dia para a noite, as pesquisas estão sendo feitas e é preciso tempo para concluí-las", atesta.

Também afirma a honestidade de sua diretoria, argumentando que, se fosse para atender aos interesses das grandes mineradoras, teriam vendido os direitos de exploração da mina e que da forma que está irão deixar um legado produtivo por muito tempo, rendendo frutos para filhos e netos dos 45 mil associados à entidade.

Etevaldo Arantes, líder do Movimento dos Garimpeiros e Trabalhadores da Mineração (MTM) e um dos elaboradores do Estatuto do Garimpeiro, acusa a Vale de atuar em todas as frentes possíveis para manter o controle da área, inclusive usando de truculência física e econômica. "Nós só temos uma inimiga, que se chama Vale, e um obstáculo, que é nossa desorganização interna. Ao longo do tempo eles aperfeiçoaram a arte da intriga, abandonaram a violência física e se especializaram em dividir para conquistar. Nunca houve uma diretoria da Coomigasp que não fosse comprada pela Vale, assim como hoje a Colossus é sua aliada", afirma.
Heleno Costa, gerente do projeto Serra Pelada da mineradora canadense, afasta a possibilidade e garante a independência de sua empresa, alegando que "a Colossus é uma empresa com vida própria, ações na bolsa de Montreal. Não tem nada a ver com a Vale". Avalia que a mina não é tão grande quanto o garimpeiro acredita e que a questão deve ser tratada de forma mais realista, mais técnica. "O ouro só passa a ser riqueza quando é extraído, enquanto ele estiver embaixo da terra você só terá o contraste entre este potencial de riqueza e a miséria que é Serra Pelada. A mina está parada há mais de vinte anos e isso não favorece ninguém. Criar uma mineradora própria não é tão simples, requer conhecimento tecnológico, administrativo e capital", acredita.

O posicionamento político da população reproduz a multiplicidade de facetas da questão. Escaldados por quase 30 anos de conflitos de interesse a seu redor, desenvolveram faro apurado para identificar contradições em todos os grupos, inclusive no próprio. Apenas dois temas são unanimidade: Vale e ouro. A primeira simboliza para o garimpeiro tudo que se moveu contra seus interesses nos últimos 28 anos, "não queremos vê-la nem coberta de ouro", ironizou um trabalhador coberto de terra. A esperança no segundo é a única coisa que mantém Serra Pelada existindo. A vila está em estado de espera há duas decadas e vai continuar assim enquanto o metal dos garimpeiros estiver no subsolo. Não existe outro remédio para a febre do ouro.

Outro lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale declarou ter abandonado completamente seus interesses na área junto com a cessão do direito de exploração à Coomigasp. Classificou como falsas as acusações de truculência física e financeira realizadas pelo moradores e afirmou não ter qualquer ligação com a Colossus. Afirma ser, também, hoje a empresa que mais investe e gera empregos no Pará.

História de Serra Pelada: da primeira pepita ao fechamento do garimpo

História de Serra Pelada: da primeira pepita ao fechamento do garimpo


Estima-se que cerca de 120 mil pessoas viveram ali eno auge do garimpo, de 82 a 86. A primeira pepita foi encontrada em dezembro de 79, por um vaqueiro da fazenda do velho Genésio, dono daquelas terras. A fofoca correu e, entre fevereiro e março de 80, mais de 30 mil homens chegaram ao local. A princípio o ouro era só na Grota Rica, um curso dŽágua que dava pepitas na raiz do capim, nem precisava cavar quase nada. Não demorou muito para encontrarem um dos maiores depósitos de ouro do mundo logo ali ao lado, a aberração geológica que conhecemos como Serra Pelada.

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    Núcleo de extração do ouro em Serra Pelada, em foto de 1983, época do "formigueiro humano"...

Começaram a descer os barrancos. Quem chegasse ali primeiro e demarcasse seu espaço era o dono da área. Todo mundo com um revólver 38 na cintura, não havia disputa física e a palavra do homem valia. Os barrancos mediam 2 m x 3 m e iam descendo, saindo dali em sacos nas costas dos trabalhadores. As pepitas eram mais raras, o grosso estava em pó. O solo retirado era quebrado, lavado e passado no mercúrio, material que se liga e concentra o ouro. Ao aquecer a mistura dos dois metais o mercúrio evapora primeiro, deixando para trás a riqueza dourada que motivou toda essa história.

O lucro e os custos do ouro, ambos muito altos, ficavam para os sócios do barranco. Os trabalhadores recebiam diárias e uma pequena porcentagem na exploração, que com um pouco de sorte seria uma fortuna. Muita gente enricou, reinvestiu, perdeu tudo, enricou novamente. Era uma loteria, mas com chances elevadas de acerto. O título de maior garimpo do mundo não é gratuito, custou muito ouro.

Água no Tilim
Em 84, o presidente Figueiredo pagou uma indenização de US$ 69 milhões à Vale, então a estatal Companhia Vale do Rio Doce, que detinha o direito de exploração mineral da área, incorporado da Amazônia Mineração S/A em 1981. O acordo previa o fechamento do garimpo em três anos ou por mais vinte metros de profundidade, quando alcançaria a a cota 190, número que representa a altitude em relação ao nível do mar. O garimpeiro entendeu o interesse da companhia naquele depósito e a cota 190 alcançou patamar quase mítico, muitos sustentando que ali 60% ou 70% de todo o material seria ouro puro. A descida foi desenfreada e aumentou a cobrança de vidas nos barrancos que, sem estrutura, desabavam soterrando garimpeiros na própria riqueza que buscavam.

  • Breno Castro Alves/UOL
    A riqueza passada sobrevive nos dentes e no pescoço dos homens
Em 85, próximos à sonhada cota 190, o buraco foi interrompido pelas autoridades. Desligadas as bombas de sucção, o Tilim, ponto mais profundo da cava, encheu de água no irrigado solo amazônico. Utilizando o argumento da segurança, fecharam aquele garimpo para abrir novo bem ao lado. 

Segurança nos homens
A nova descida prosseguiu de forma mais racional, menos íngreme em direção ao fundo e mais segura. Foi a partir de 1987, quando novamente se aproximavam da cota 190, que sabotagens e boicotes se tornaram freqüentes. Diversos motores das bombas de sucção foram inutilizados com areia e açúcar em suas engrenagens. De um dia para o outro o segundo Tilim amanhecia submerso, necessitando muito tempo de trabalho para drená-lo com as máquinas dos garimpeiros.

A passagem da água criava sulcos nas paredes da cava, aumentando muito o risco de desabamento. Em busca de segurança era preciso derrubar aquelas paredes frágeis dentro do próprio buraco que abriam, para só então recomeçar a cavar. Após muitos dias de trabalho voltavam ao ponto que estavam antes e não passava muito tempo até nova sabotagem ocorrer, exigindo repetir o trabalho. Essa estratégia quebrou financeira e moralmente o trabalhador que ainda insistia em sua busca. Em 88 se tornou inviável prosseguir e o garimpo em Serra Pelada, ao menos na cava, o buraco mais profundo, terminou. Para o garimpeiro, o mote "agua no Tilim e segurança nos homens" se tornou símbolo cínico da sabotagem que os impediu de chegar aos depósitos mais profundos de ouro.

Quadro atual
Ainda em 1987, antes do vencimento do prazo de três anos do acordo de 1984, o congresso aprovou lei aumentando o tempo de exploração da área pelos garimpeiros. Em seguida, sucessivos decretos ampliaram este prazo até 92, quando Collor conferiu novamente à Vale o direito de lavra da região. Dez anos depois, em 2002, o Congresso aprovou lei restabelecendo a possibilidade de garimpo e em 2004 foi a vez do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) definir que a garimpagem só poderia ser feita mediante cessão da Vale. 

Em março de 2007, a empresa cedeu o direito de exploração à Coomigasp, que assinou com a mineradora canadense Colossus em julho do mesmo ano. Desde então a composição do cenário é a mesma, a empresa vem cumprindo sua parte e deve apresentar relatório técnico no final de 2009, para só então recorrer o alvará de lavra da área, que permite a exploração mineral.

Em sua parte mais profunda, o lago de Serra Pelada possui 120 metros de profundidade. Acima d'água não difere muito de um lago comum, talvez exceto pela montanha recortada que se projeta morro acima. Abaixo da superfície, depositadas no solo envenenado de mercúrio, estão sobrepostas camadas de ouro, lama, sangue e ganância humana.

Maior jazida de esmeraldas já mapeada no país fica em MG


Maior jazida de esmeraldas já mapeada no país fica em MG


O grupo canadense Seahawk Minerals anunciou a descoberta de uma reserva de 740 mil toneladas de esmeraldas, numa área de 312 hectares dos municípios de Itabira e Nova Era, no Vale do Aço (MG). Segundo a Seahawk, é a maior jazida de esmeraldas já mapeada no Brasil e sua exploração comercial terá início. A multinacional está concluindo seu plano de desenvolvimento das minas, após três anos de pesquisas e investimento de US$ 5 milhões.
Com a descoberta, a subsidiária brasileira Piteiras Mineração Ltda. passa a ser o carro-chefe das atividades de pesquisa e desenvolvimento de minas do grupo Seahawk no mundo. Além da matriz em Montreal, a companhia mantém explorações de ouro nos Estados Unidos, Guiana Inglesa e Brasil (Rio Grande do Sul e Pará).
Segundo o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos, o mercado internacional de pedras coradas, que não inclui o diamante, é de US$5,5 bilhão por ano. O Brasil participa oficialmente com 4% desse mercado, abastecido especialmente por pequenos e médios garimpos.
O grupo Seahawk é dono de 9.5 mil hectares de alvarás de pesquisas nas regiões Sudeste, Sul e Norte do país.

COM AVANÇOS E RECUOS



mapapesquisa2014 O Anuário Brasileiro da Mineração traz os principais projetos do setor no País, com dados e informações coletados através de entrevistas com as mineradoras ou de relatórios trimestrais e apresentações a investidores realizadas pelas empresas em 2014. Merecem destaque nesse rol de empreendimentos aqueles voltados à substâncias destinadas à fabricação de fertilizantes e as novas plantas para produção de cimento. Verifica-se também a evolução consistente de projetos de níquel, cobre e zinco, que tiveram cotações em alta neste ano devido às restrições de oferta e a conclusão e continuidade de projetos importantes de minério de ferro, que se encontravam em estágio avançado de desenvolvimento, mesmo com as cotações reduzidas e a retração da demanda chinesa. O mesmo se aplica aos projetos de ouro, ainda que em grau bem menor, dada a suspensão ou abandono de vários projetos de pesquisa mineral diante da indefinição do novo MRM (Marco Regulatório da Mineração).
Alguns estados das regiões Norte, Sudeste e Nordeste do Brasil concentram os projetos para a produção de potássio e fosfato. Entre os mais adiantados estão o da Potássio do Brasil com a Falcon Metals, em Autazes (AM), em licenciamento; da B&A Mineração, – em Bonito (PA), que se prepara para concluir a segunda fase de implantação neste ano; e, em Arraias (TO), o da DuSolo Fertilizers, que deve ser finalizado em 2014 e o da MbAC Fertilizers, em ramp up. Em Minas Gerais, os principais são o da Galvani Mineração, na Serra do Salitre, já com Licença de Instalação; da Kalium Mineração, em Dores do Indaiá, com Portaria de Lavra; o da MbAC Fertilizers, em Araxá, em Estudo de Viabilidade, e o Verde Fertilizantes, em São Gotardo, em Licenciamento Ambiental.No Nordeste há projetos em Sergipe (Aguia Resources, Atlantica Mining, B&A Mineração e Vale), Paraíba (Aguia Resources) e PI (DuSolo Fertilizers), todos em fase de prospecção e sondagem.
Quanto às novas fábricas de cimentos há 11 projetos em curso, com início de operação entre 2014 e 2017. A maior parte deles (5) é da Votorantim Cimentos e localiza-se em Goiás, no Pará, Ceará, Paraíba e Tocantins. Na sequência estão a Cimento Apodi com uma fábrica no Ceará e uma em Sergipe; a Holcim com uma planta em Minas Gerais; a Brennand Cimentos e a CIMPOR (uma unidade cada na Paraíba) e a Cimentos da Bahia (uma na Bahia).
No segmento de minério de ferro, a Vale prossegue na implantação de três projetos: o S11D, com término previsto para 2016 e seu suporte logístico, através do CLN S11D, com otimizações na EFC (Estrada de Ferro Carajás) e no terminal portuário de Ponta da Madeira (MA), realizadas progressivamente até 2018, além de Serra Leste, que pode ser concluído ainda em 2014. Já no Amapá, a Zamin Ferrous está retomando as operações do Sistema Amapá, em Pedra Branca do Amapari.
Em Minas Gerais, o projeto Minas-Rio, da Anglo American, está em comissionamento e também deve ser finalizado este ano, assim como o terminal portuário construído pela mineradora no Porto do Açu (RJ), também concluído. Prosseguem, ainda, os investimentos da Gerdau Açominas nas minas Miguel Burnier, Gongo Soco, Várzea do Lopes e Dom Bosco, da Manabi Holding no projeto Morro do Pilar e da Honbridge e Sul Americana de Metais no projeto Vale do Rio Pardo. A Vale pretende concluir os projetos Conceição Itabiritos II e Vargem Grande Itabiritos neste ano e o Cauê Itabiritos em 2015, quando também passa a operar o Projeto Friáveis, da Usiminas, em Itatiaiuçu. Na Arcellor Mittal, a prioridade, neste ano, foi primarizar a frota móvel da Mina de Andrade, com a aquisição de equipamentos e a construção de uma oficina de manutenção veicular. O único projeto paralisado no estado é o Serra Azul, da MMX, que aguarda a reestruturação da empresa, e o único finalizado até o momento é o P4P (Projeto Quarta Pelotização), da Samarco.
No segmento de ouro, que sofre baixas seguidas neste ano devido à valorização do dólar, um projeto, ao menos, está em fase de ramp up: a reativação da mina subterrânea Palito, em Itaituba (PA), pela Serabi Gold, que deve alcançar sua capacidade plena de produção (24 mil oz/ano) em 2015. Na AngloGold Ashanti, esse horizonte é mais distante, até porque dois projetos foram iniciados em 2013 e outros três em 2014. No primeiro caso estão o aprofundamento da mina Cuiabá, em estudo de pré-viabilidade, e o São Bento Deep, nova mina subterrânea em Santa Bárbara, que se encontra em estudos iniciais. Ambos tem conclusão prevista para 2020. Também em Santa Bárbara, a mineradora desenvolve os estudos conceituais do projeto Pinta Bem, uma mina a céu aberto, que deve operar a partir de 2016, e, em Goiás, estudos de pré-viabilidade para uma mina subterrânea e para a introdução da tecnologia de carvão ativado na planta metalúrgica de Crixás. Já a Carpathian Gold deve alcançar uma produção de 70 mil oz/ano (70% da produção total planejada) na Mineração Riacho dos Machados (MG).
Para a produção de zinco, o principal projeto é o da Votorantim Metais, em Vazante (MG), já com Licença de Operação. Entre os de níquel estão o da Anglo American em São Félix do Xingu (em Licenciamento Ambiental) e da Horizonte Minerals, em Conceição do Araguaia (aguarda a Licença Prévia) e, entre os de cobre, o da Mineração Caraíba, em Tucumã (aguarda a Licença de Instalação), e o Salobo II, da Vale, que será concluído neste ano ainda, todos no Pará.
Devido à eleição presidencial, de governos estaduais e do Distrito Federal (DF), não foi possível entrevistar secretários de estado vinculados à área de mineração, assim como os superintendentes do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), a partir de 5 de julho passado, situação que poderia configurar “publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos”, caracterizando promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos, contrariando resolução do Superior Tribunal Eleitoral.