sábado, 6 de fevereiro de 2016

Rio Xingu - ALTAMIRA-pa

Rio Xingu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rio Xingu
Rio Xingu visto do espaço.
Localização do rio Xingu
Localização do rio Xingu
Comprimento 1870 km
Caudal médio 9700 m³/s
País(es)  Brasil
O Rio Xingu é um rio do Brasil com aproximadamente 1979 km de extensão, que começa em Mato Grosso e é afluente pela margem direita do rio Amazonas no estado do Pará.

Geografia

Alto Xingu

O rio Xingu nasce em Mato Grosso, ao norte da região do Planalto Central, na união entre as serras do Roncador e Formosa, aos 600m de altitude. O rio se alimenta com a confluência de três rios principais: pelo oeste, o rio Ferro (400 km), que recolhe as águas do lado oriental da Serra Formosa, com seus afluentes Steinen, Ronuró e Jabota; pelo sul, o rio Batovi (330 km); e pelo leste, o rio Culuene, o mais importante e caudaloso, um grande rio de 600 km de extensão que recolhe as águas do lado noroeste da Serra do Roncador e possui muitos afluentes, como os rios Auiita, Culiseu, Tanguro, Sete de Setembro e Couto Magalhães. O rio Xingu tem suas fontes em uma região onde outros importantes rios brasileiros também nascem, como o rio Teles Pires e o rio Guaporé, afluentes do rio Amazonas, ou o rio Cuiabá, que desagua na Bacia do Rio da Prata, a mais de 4.000 km de distância.
A região de sua nascente está no Parque Indígena de Xingu. O rio Xingu corre em seu curso alto na direção sul, dentro do parque, por uns 150 km, um trecho em que recebe vários afluentes, como os rios Manissauá-Miçu, Arraias e Suiá-Miçu (450 km). Ao sair do parque entra na Área Indígena Jarina, onde recebe os rios Huaiá-Miçu, Aiuiá-Miçu e Jarina. Neste trecho o rio é atravessado a unos 40 km a oeste de São José do Xingu (5.267 hab. en 2010 pela rodovia BR-80, em uma prolongamento que a liga com Brasília.

Médio Xingu

O rio cruza a fronteira com o estado do Pará, onde corre quase unicamente pelo município de Altamira (que com 159.696 km², é o maior município do Brasil e do mundo). Recebe pela direita o rio Liberdade (450 km), o Paz e o rio Porto Alegre. Neste trecho médio, o rio é o limite ocidental por mais de 100 km do território indígena Kapayó, que o cruza em um de seus extremos. O curso do rio dentro do território Kapayó é muito acidentado, com as cachoeiras Ananá e a corredeira Porto Seguro. Ao sair da área indígena segue o curso caudaloso, com as cachoeiras de Mucura e Gorgulho do Santo Antônio, antes de chegar à primeira localidade de importância nas margens do rio, São Felix do Xingú, onde recebe pela direita outro de seus principais afluentes, o rio Fresco (560 km).
Continua descendo por uma região pouco habitada, tornando-se cada vez mais largo, em um curso com muitas ilhas, bancos de areia e cachoeiras. Neste trecho recebe vários afluentes, como os rios Triunfo, Pombal, São José e Pardo, que marca o início de um novo território indígena, o dos Araweté / Igarapé-Ipuxina. Limite da área indígena, o rio corre em um trecho curto entre duas novas áreas indígenas menores, a de Koatinemo, a leste, e a de Cararaô, a oeste. O rio recebe pela esquerda o principal de seus afluentes, o rio Iriri, de mais de 1.100 km de extensão.

Baixo Xingu

Se inicia o curso baixo do rio Xingu, com um curso muito largo e com muitas localidades em suas margens, algumas de certa importância: Novo Acordo, Altamira (96.842 hab. em 2008), Paquicama, Belo Monte do Pontal, Vitória do Xingu (13.480 hab.), Aricaria e Senador José Porfírio. Nestr trecho recebe pela direita as águas do rio Bacajá. A rodovia Transamazônica atravessa o rio Xingu em um serviço de balsas em Belo Monte, conectando-se a Altamira, pela outra margem.
Após o trecho denominado Volta Grande, que termina no vilarejo de Belo Monte, o rio Xingu se abre em um lago imenso, formando uma ria fluvial. Em seu trecho inicial de montante da ria, entre as cidades de Vitória do Xingu e Senador José Porfírio existe um arquipélago fluvial com mais de 50 ilhas florestadas, denominado Tabuleiro do Embaubal, habitado por populações ribeirinhas. Essas ilhas são um importante local de desova da Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis Expansa), onde durante os meses de setembro a dezembro, cerca de 100 mil tartarugas escolhem o local para a desova.
No fim suas águas se misturam com as do rio Amazonas, através de um arquipélago coberto de florestas, entre as quais se sobressai a ilha de Urucuri por seu tamanho, com quase 40 km de longitude. Quase na desembocadura, recebe pela margem esquerda seu último afluente, o rio Jarauçu. Em todo o trecho final do estuário, percebe-se o efeito da maré.

Bacia

A bacia do rio Xingu compreende uma superfície de 531.250 km2, uma superfície maior que a da Espanha, o que faz dela a 54ª maior do mundo. Ela cruza dois grandes biomas do Brasil, o Cerrado e a Floresta amazônica.

História

No Alto Xingu havia um território antropogênico indígena auto-organizado, incluindo depósitos férteis de terra preta, com uma rede de núcleos políticos e estradas que cobriam uma região de 250km.[1] O rio Xingu foi descoberto por uma mulher chamada Bianca no século XX

Parque Indígena do Xingu

Na região de sua cabeceira abriga o Parque Indígena do Xingu, o primeiro parque indígena do Brasil, criado por Darcy Ribeiro em 1961, após a expedição dos Irmãos Villas-Bôas no começo dos anos 1940 durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Foi o maior parque indígena do mundo na data de sua criação, tendo uma extensão territorial comparável à da Bélgica. É a principal fonte de água e alimentos para uma população de cerca de 5.500 indígenas de quatorze etnias diferentes pertencentes às quatro grandes famílias linguísticas indígenas do Brasil: caribe, aruaque, macrotupi e macrojê. Constantemente ameaçado pela expansão da fronteira agrícola, com o consequente desmatamento na região de seus principais formadores, que se encontram todos fora da área do Parque.

Usina de Belo Monte

O governo federal do Brasil está construindo a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo no Baixo Xingu. A construção da usina está atualmente sendo disputada judicialmente por grupos indígenas e ambientalistas, que afirmam que a usina terá impactos sociais e ambientais negativos, ao mesmo tempo em que reduzirá o fluxo do rio em até 80% do trecho de 100km conhecido como Volta Grande.[2]

Na cultura popular

Altamira- PA

Altamira


Município de Altamira
"Princesinha do Xingu"
"Capital da Transamazônica"
"Cidade do Festival Folclórico"
Vista parcial de Altamira.

Vista parcial de Altamira.
Bandeira de Altamira
Brasão de Altamira
Bandeira Brasão
Hino
Aniversário 6 de novembro
Fundação 6 de novembro de 1911 (104 anos)
Gentílico altamirense
Prefeito(a) Domingos Juvenil (PMDB)
(2013–2016)
Localização
Localização de Altamira
Localização de Altamira no Pará
Altamira está localizado em: Brasil
Altamira
Localização de Altamira no Brasil
03° 12' 10" S 52° 12' 21" O
Unidade federativa Pará Pará
Mesorregião Sudoeste Paraense IBGE/2008 [1]
Microrregião Altamira IBGE/2008 [1]
Municípios limítrofes Norte:Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas e Rurópolis
Nordeste: Senador José Porfírio Leste São Félix do Xingu
Sul: Estado do Mato Grosso
Oeste :Itaituba, Novo Progresso e Trairão
Distância até a capital 816 km
Características geográficas
Área 159 533,73 km² (BR: 1º)[2]
População 108 382 hab. IBGE/2015[3]
Densidade 0,68 hab./km²
Altitude 109 m
Clima Tropical Am
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH-M 0,665 médio PNUD/2010 [4]
PIB R$ 3 067 323 mil (PA: 8º) – IBGE/2013[5]
PIB per capita R$ 29 183,14 IBGE/2013[5]
Página oficial
Altamira é um município brasileiro localizado no estado do Pará, na Região Norte do país. Até 2009 foi o maior município do mundo em extensão territorial,[6] com uma área de 159 695,938 km², sendo maior que dez estados brasileiros, além do Distrito Federal e vários países como Portugal, Islândia, Irlanda, Suíça, entre outros. Fica a uma altitude de 109 metros, latitude 03º12'12" sul e longitude 52º12'23" oeste. Sua população em 2014 era de 106 768 habitantes.[7]
A rodovia Transamazônica atravessa o município no sentido leste-oeste numa extensão de 60 km, ligando Altamira a Belém (800 km), Marabá (500 km), Itaituba (500 km) e Santarém (500 km).[8] Característica notória do município é sua hidrografia: Altamira está cravada às margens do rio Xingu, com sua série de afluentes e cachoeiras que se distribuem por toda a região.[9]

História

  • Fundação: 6 de novembro de 1911 (104 anos)
Apesar de se saber que mesmo antes de 1750 antigas Missões Jesuíticas já habitavam a região do Xingu, resultando no surgimento da Vila de Altamira, o primeiro registro formal de sua existência data de 14 de abril de 1874, que cria o município de Souzel, no qual se inseria a região que hoje compreende o município de Altamira. Pela grande extensão física e necessidades administrativas, em 6 de novembro de 1911 cria-se o município de Altamira.
Altamira consolidou-se como centro polarizador do sul do estado. Sua origem oficial esteve diretamente ligada: a) à colonização das Missões Jesuíticas, na primeira metade do século XVIII; b) à extração de borracha que perdurou até a metade do século XX; e c) ao processo de interiorização do Brasil com a abertura da fronteira amazônica, a partir da década de 1970. Sua história extraoficial esteve ligada sempre à presença do indígena nesse território.
Desde o período da borracha a rede urbana da região do Xingu estrutura-se a partir de Altamira. A agricultura – principalmente arroz, cacau, feijão, milho e pimenta-do-reino –, a extração de borracha e castanha-do-pará e a pecuária são as principais atividades econômicas do município. A região, entretanto, defronta-se com problemas econômicos e sociais à medida que não houve os investimentos necessários em infraestrutura. O ecoturismo tem um grande potencial no município, mas é muito pouco explorado.[10]
Em 1972 foi implantado nesse município o marco zero da Rodovia Transamazônica (BR-230) pelo presidente brasileiro Emílio Garrastazu Médici. Iniciava-se um período de intensa exploração da floresta amazônica, com assentamentos de colonos e abertura de vias terrestres, algumas já abandonadas e outras que geraram os município da região (Medicilândia, Anapu, Vitória do Xingu etc.).

Belo Monte

Desde 2009 Altamira atrai atenções por ser a cidade mais próxima da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cujo impacto divide opiniões.[11] Os cidadãos locais no geral aprovam a obra, apesar de admitirem que o inchaço populacional trouxe problemas.[12] O empreendimento de R$ 30 bilhões fez a população altamirense saltar de 100 mil segundo o Censo de 2010, para mais de 140 mil, na avaliação da prefeitura. Dentre os problemas estão a piora do trânsito local causada pelo aumento da frota de motocicletas - muitas das quais são dirigidas por motoristas sem carteira de habilitação - [13] e um aumento na violência.[14]

Geografia

Altamira possui uma área de 159 533,73 km², o que o torna o maior município do Brasil e o terceiro maior do mundo em extensão territorial (sendo menor que Qaasuitsup e Sermersooq, municípios gronelandeses instituídos em 1 de janeiro de 2009). Se fosse um país, seria o 92º país mais extenso do mundo, maior que Grécia e Nepal. Caso fosse um estado brasileiro, seria o 16º maior, um pouco menor que o Paraná e maior que o Acre e o Ceará.
No município de Altamira inicia-se a "volta grande do Xingu", trecho sinuoso e cheio de cachoeiras do Rio Xingu onde, no final do trecho, será construída a Hidrelétrica de Belo Monte. Essa hidrelétrica, com capacidade de 11,182 MW, será a terceira maior do mundo (após a Hidrelétrica de Três Gargantas na China, e a Usina Hidrelétrica de Itaipu entre o Brasil e o Paraguai), e inundará cerca de 400 km², principalmente nos municípios de Vitória do Xingu e Altamira.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a menor temperatura registrada em Altamira foi de 10,3 °C em 11 de outubro de 1963, e a maior atingiu 39,2 °C no dia 7 de dezembro do mesmo ano. O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 226 mm em 12 de abril de 2009. Alguns outros grandes acumulados foram 190,3 mm em 22 de dezembro de 1985, 183,4 mm em 29 de dezembro de 2005, 169 mm em 27 de janeiro de 1970, 168,1 mm em 6 de março de 2000, 162,8 mm em 18 de abril de 1984 e 150 mm em 9 de abril de 1971.[15] O mês de maior precipitação foi março de 1974, quando foram registrados 682,9 mm.[16] O menor índice de umidade relativa do ar foi de 25% em 28 de setembro de 1988.[17]

Economia e infraestrutura

A agricultura (arroz, cacau, feijão, milho, pimenta-do-reino) e a extração de borracha e castanha-do-pará e a pecuária como principal são as principais atividades econômicas do município.
Entretanto, o município ainda não dispõe de acessos pavimentados, pois a única rodovia utilizada para chegar ao município é a Rodovia Transamazônica (BR-230), que teve seu processo de pavimentação interrompido na década passada, o que deixa o município por um longo período (chuvas) incomunicável por malha rodoviária, corroborando com o pouco desenvolvimento industrial. Até 1998 o município era alimentado por uma central termoelétrica desativada logo após a inauguração da LT 230 KV Tucuruí - Altamira, projeto Tramo-oeste desenvolvido pela Eletronorte.

Mensagem em muro à beira da Rodovia Transamazônica, que passa pela área urbana de Altamira.
A região sofre de um abandono estrutural crônico, um processo de atrofia econômica e consequentemente social, pois não foram feitos investimentos necessários para a região, uma vez que a infraestrutura é precária. Demandas históricas para diminuir conflitos como o cipoal fundiário, conflito por terras, assistência básica a doenças como a dengue e violência são problemas permanentes.[11] Em 2013, dentre os três componentes do Índice de Desenvolvimento Humano, Altamira só tinha nota elevada na longevidade (0,811, diante da média nacional de 0,816), com médio desempenho em renda (0,662 ante 0,739) e educação (0,548 ante 0,637).
Em 2010, a quantidade de desempregados é de aproximadamente 4 mil pessoas (6,4%), em uma população com cerca de 16,04% de analfabetos e 5,9% tem nível superior.[18] [11] De acordo com o Censo Demográfico de 2000, ao se observar as características da população residente em Altamira, nota-se, no que tange à renda, que de um total de 17.469 domicílios, a maioria (52,4%) possui rendimento de mais de 2 a 10 salários mínimos, sendo 18,6% do total de domicílios enquadrados na faixa de mais de 3 a 5 salários mínimos. Nota-se, ainda, que para o mesmo período, 4,5% da população recebiam até meio salário mínimo ou não possuíam rendimento.

Antigo lixão do município de Altamira.
No que diz respeito à educação, Altamira possuía em 2000 90,9% da população de 10 a 14 anos alfabetizada; 93,8% da população de 15 a 19 anos e 79,8% da população de 20 anos ou mais. Tendo como referência a população acima de 10 anos, verifica-se que 83,8% era alfabetizada.
As condições habitacionais, por sua vez, são bastante adversas. Conforme o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a infraestrutura externa aos domicílios de Altamira apresentam precariedade generalizada. Em 2007, da população urbana do município, somente 72,0% eram atendidos pela coleta de resíduos sólidos. Além disso, em 2008, apenas 11,2% da população era atendida com abastecimento de água, além de que esgotamento sanitário não havia em nenhum ponto do município, nem mesmo nas áreas centrais da área urbana - o esgoto corre pelas sarjetas antes de cair nos riachos locais. O Consórcio Norte Energia, responsável por Belo Monte, assinou o compromisso de junto com a usina providenciar água e esgoto para toda a cidade de Altamira, mas as obras estão atrasadas.[14]
Os conflitos que historicamente marcam a ocupação da Amazônia estão reproduzidos em Altamira, com garimpeiros, índios, agricultores e ribeirinhos se confrontando.[18]

Cultura

Na segunda semana de Agosto ocorre o Festival Folclórico de Altamira organizado pela AGFAL (Associação dos Grupos Folclóricos de Altamira).[19] O evento ocorre desde 2003 e é considerada a maior festa cultural da Transamazônica e consta no calendário municipal de eventos da cidade. Antes era realizado em três noites de festa, começando na quinta-feira e terminando no sábado, com apresentação de três grupos por noite no mês de Julho, a partir de 2015 o Festival foi remanejado para a segunda semana do mês de Agosto ocorrendo somente em dois dias (sexta e sábado) com 5 grupos por noite.
Somente o dia da divulgação do resultado do campeão foi mantido que é no domingo seguinte.
O evento nada mais é que uma competição de danças da região norte do país, como o Carimbó, o Siriá, o Rimtubão, a Toada, o Sirimbó e inclusive a Quadrilha Junina que e da cultura da região nordeste.

Dançarinos do Grupo Folclórico Rosa dos Ventos em 2012.
O festival é disputado por dez Grupos Folclóricos são eles: Rosa dos Ventos, Cisne Branco, Flor da Juventude, Tradição Aparecida, Nova Geração, Beija Flor, Cheiro do Pará, Explosão Bela Vista,Explosão do Pará e Furacão Anchieta. Vale Destacar que o grupo Rosa dos Ventos é o detentor de mais títulos com quatro no total, enquanto Cisne Branco e Tradição Aparecida possuem três em seguida vem Flor da Juventude com dois e Beija-Flor com um enquanto os demais Explosão Bela Vista, Nova Geração, Explosão do Pará, Cheiro do Pará e Furação Anchieta nenhum.
Cada grupo tem no mínimo 30 mim de apresentação e no máximo 40 mim onde uma banca de jurados que julgam o grupo em 8 quesitos alguns deles são harmonia, traje típico, sincronismo, evolução, coreografia, temática, conjunto e etc. Além disso também tem as apresentações da misses folclore representando cada grupo que são julgadas à parte, ou seja a pontuação da miss não diminui e nem acrescenta nota ao grupo.
O evento ocorre anualmente em um Ginásio Esportivo do município.
Campeões por Anos
2003 Flor da Juventude
2004 Flor da Juventude
2005 Cisne Branco
2006 Cisne Branco
2007 Tradição Aparecida
2008 Rosa dos Ventos
2009 Cisne Branco
2010 Tradição Aparecida
2011 Rosa dos Ventos
2012 Rosa dos Ventos
2013 Rosa dos Ventos
2014 Beija-Flor
2015 Tradição Aparecida

Biodiversidade

Floresta Nacional de Altamira
Superfície:689.012 hectares.
Bioma: Amazônia 100%
Floresta Ombrófila Aberta 74%
Floresta Ombrófila Densa 23%
A Flona de Altamira é uma das portas de entrada para a Terra do Meio, situada entre os rios Xingu e Tapajós, no estado do Pará. Cercada por terras indígenas, a região possui uma das maiores áreas de floresta relativamente não perturbadas na Amazônia Oriental.
A região é de importância crítica para a vida selvagem, abrigando numerosas espécies animais ameaçadas, incluindo onças, jacarés-açus, macacos-aranha, cuxiú da cara branca e tamanduás.
As maiores concentrações remanescentes de mogno (Swietenia macrophylla) no Brasil estão localizadas na Terra do Meio e nas terras indígenas dos arredores.
A Floresta Nacional de Altamira é também importante para a proteção de comunidades indígenas situadas em suas proximidades, funcionando com zona tampão para as terras indígenas Baú, Xipaia e Curuá[

Hidrografia

Rubis e safiras de quatro depósitos em Minas Gerais

Rubis e safiras de quatro depósitos em Minas Gerais





RESUMO
Rubis e safiras de quatro depósitos em Minas Gerais, denominados Sapucaia, Indaiá e Palmeiras, na região de Caratinga-Manhuaçu, e Malacacheta, mais ao norte, foram caracterizados em termos geológicos, gemológicos, químicos e espectroscópicos, com o objetivo de interpretar causas de cor, gênese, bem como analisar o potencial econômico dos depósitos. Resultados de análises químicas e espectroscopia UV-visível mostram que a provável causa da cor azul é transferência de cargas entre Fe2+ e Ti4+, enquanto Cr3+ causa tonalidades violeta e púrpura, efeito alexandrita e fluorescência. A ausência de Ce e La e o teor relativamente mais alto de Ga distinguem as amostras de Malacacheta das demais. Além de sugerir particularidades genéticas, a diferença em termos de elementos-traços, pode ser utilizada como indicador de proveniência das gemas. Inclusões de um polimorfo de Al2SiO5 e indícios de campo sugerem que o coríndon deve ter sido gerado por processos metamórficos regionais, o que expande as possibilidades para a descoberta de novas ocorrências de rubi e safiras nos terrenos de alto grau metamórfico do leste de Minas Gerais.
Palavras-chave: Coríndon, rubi, safira, Minas Gerais, elementos traços, gemologia.

ABSTRACT
Rubies and sapphires from four deposits in Minas Gerais named Sapucaia, Indaiá and Palmeiras, in the region of Caratinga-Manhuaçu, and Malacacheta, farther north, were characterized in terms of geology, gemology, chemistry and spectroscopy in order to interpret causes of color and genesis. The economical potential of the deposits was also analyzed. Chemical analyses and UV-visible spectroscopy reveal that the probable cause of the blue color is a charge transfer between Fe2+ e Ti4+, while Cr3+ causes violet and purplish tints, alexandrite effect and fluorescence. Absence of Ce and La and relatively higher Ga-contents distinguish the Malacacheta samples from the others. Besides suggesting genetic particularities, the difference in terms of trace elements might be used as a provenience indicator for the gems. Inclusions of an Al2SiO5 polimorph and field evidences suggest that the origin of corundum might be due to regional metamorphic processes, thus expanding the possibilities for the discovery of new occurrences of ruby and sapphires in the high grade metamorphic terrain in eastern Minas Gerais.
Keywords: Corundum, ruby, sapphire, Minas Gerais, trace-elements, gemology.



1. Introdução
Nos últimos anos, novas ocorrências de coríndon surgiram em Minas Gerais, conhecido produtor de gemas coradas e diamante. Os depósitos de Palmeiras, Indaiá, Sapucaia e Malacacheta produzem safiras azuis, com tons violeta ou púrpura e rubi de tamanhos pequenos, mas com boa intensidade de cor e transparência. Indaiá é um depósito já conhecido (Epstein et al. 1994; Liccardo, 1999) e que teve sua produção interrompida em 1996, mas que, esporadicamente, apresenta alguma produção por garimpeiros. Do mesmo modo que em Indaiá, Palmeiras e Sapucaia, descobertas recentes na mesma região, apresentam um bom potencial gemológico, com gemas de tonalidades variando do azul ao púrpura, às vezes com efeito alexandrita, eventualmente com presença de rubi (Liccardo e Jordt-Evangelista, 2001). O depósito de Malacacheta, conhecido há várias décadas como produtor de alexandrita, sempre produziu safiras azuis como subproduto nas minerações. Atualmente tais safiras estão sendo comercializadas como material lapidável e sendo tratadas termicamente em Bangkok. Esse artigo reporta características desses depósitos e suas gemas, assim como mais informações sobre as já conhecidas safiras de Indaiá.

2. Histórico
A presença de coríndon no Brasil tem sido mencionada há muito tempo em literatura (Hussak, 1916; Guimarães, 1934), sem que existisse, no entanto, uma produção de material com qualidade-gema. A primeira menção de safiras azuis com qualidade para lapidação foi em Coxim, Mato Grosso do Sul (Eppler, 1964). Nesses depósitos, a safira é encontrada como mineral satélite em cascalhos produtores de diamante e nunca houve produção constante, sendo que algumas pedras são esporadicamente comercializadas.
Em Malacacheta, pequenos cristais de safira azul e incolor/leitosa foram retirados juntamente com crisoberilo e alexandrita durante anos, desde a década de 80, contudo com pouca produção comercial.
A descoberta dos depósitos de Indaiá no início da década de 90 foi a mais promissora até então, tendo sido descrita por Themelis (1994) como a primeira ocorrência comercial de coríndon no Brasil. Em 1999, iniciou-se uma pequena produção em Sapucaia, cerca de 25km ao sul de Indaiá, com gemas muito semelhantes, inclusive com moderado efeito alexandrita (Liccardo & Jordt-Evangelista, 2000). Em 2000, surgiram notícias sobre o depósito de Palmeiras, cerca de 60km a sudeste de Sapucaia, com gemas semelhantes aos depósitos anteriores, mas com tons predominantemente mais avermelhados. A falta de tradição na exploração de rubi e safira, em meio a tantas outras gemas no Estado de Minas Gerais, faz com que os garimpeiros que atuam nos pegmatitos da região concentrem-se na extração de outras gemas, principalmente água-marinha e, em Malacacheta, alexandrita e crisoberilo.

3. Localização e acessos
Três dessas ocorrências situam-se no eixo Manhuaçu-Caratinga, cerca de 250km a leste de Belo Horizonte (Figura 1). A ocorrência de Indaiá pertence ao município de Vargem Alegre, aproximadamente a 20km a noroeste de Caratinga, a montante do Córrego São Gabriel.No município de Sapucaia, cerca de 25km a sudoeste de Caratinga, nas cabeceiras do córrego Ferrugem, encontra-se a segunda ocorrência. O depósito de Palmeiras situa-se no município de Manhuaçu, no distrito de mesmo nome, 12km a noroeste da cidade. Nessas ocorrências, o acesso, em parte, é feito por estradas de terra, que, na estação das chuvas (setembro a janeiro), tornam-se dificilmente transitáveis.


Os depósitos de Malacacheta situam-se às margens do córrego do Fogo e ribeirão Soturno, a aproxidamente 12km a norte da cidade de Malacacheta. O acesso a essa região é um pouco melhor que os das anteriores, mesmo na estação de chuvas. Malacacheta está cerca de 270km da região de Indaiá, Palmeiras e Sapucaia.
4. Contexto geológico regional
O coríndon da região de Manhuaçu-Caratinga se encontra em depósitos secundários sobre terrenos gnáissicos-migmatíticos, com presença eventual de litotipos granulíticos e charnoquíticos, além de inúmeros corpos pegmatíticos que entrecortam todas as rochas (Figura 2). Os terrenos fazem parte do núcleo do Orógeno Neoproterozóico Araçuaí (Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos, 2000).
Em Malacacheta, os depósitos também são colúvio-aluvionares encaixados em rochas metamórficas pré-cambrianas. Regionalmente, o contexto geológico mostra a existência de um batólito granítico intrudido em xistos peraluminosos das Formações Salinas e Capelinha e rochas metaultramáficas que cortam os xistos da Formação Capelinha (Figura 2). O corpo granítico, sem indícios de metamorfismo, foi datado em 537±8 Ma (Basílio, 1999) e as rochas encaixantes são de idade proterozóica.

5. Características dos depósitos
Na faixa que compreende os depósitos de coríndon, ocorrem litologias pertencentes a terrenos metamórficos de médio até alto grau, como xistos, gnaisses, granulitos e charnoquitos. Esses terrenos são cortados por corpos pegmatíticos pouco diferenciados, por vezes mineralizados em água-marinha. O coríndon é sempre encontrado em depósitos sedimentares recentes, sem indícios da possível rocha que o originou.
Os depósitos podem abranger cinco tipos gerais: aluviões recentes, paleoaluviões de terraço suspenso, paleoaluviões de fundo de vale, colúvios e elúvios. A grande maioria dos depósitos de coríndon está associada a paleoaluviões plio-pleistocênicos, formados sob condições de fluxos torrenciais e retrabalhamento (Addad, 2001). Os depósitos ocupam atualmente as partes mais profundas dos preenchimentos sedimentares de vales, onde armadilhas de relevo condicionaram sua deposição, ou terraços aluvionares suspensos, relacionados ao desenvolvimento de paleosuperfícies. A alta densidade do coríndon faz com que esteja associado a pesados blocos de quartzo e fragmentos de encaixantes, nas porções mais inferiores.
Nesse contexto secundário, o retrabalhamento sedimentar fragmenta e "seleciona" os clastos e os concentra em níveis e pláceres. Do ponto de vista do seu aproveitamento gemológico, essa seleção fornece fragmentos com menor quantidade de defeitos de cristalização, de fraturas e inclusões, que correspondem a partes com maior resistência mecânica a impactos e abrasão. Isto significa que, a partir de uma população original de fragmentos, existe uma tendência segundo a qual, após o transporte por uma determinada distância dentro de um fluxo sedimentar, os clastos recuperados apresentam uma maior porcentagem de qualidade gema, pela eliminação de fragmentos mecanicamente mais frágeis.

6. Métodos de extração
Os depósitos de coríndon, usualmente inconsolidados, mostram uma relativa facilidade mecânica de explotação. Camadas de sedimentos cobrem os níveis mineralizados, geralmente cascalheiras aluvionares ou porções grosseiras de colúvios. O descapeamento não oferece maiores dificuldades técnicas, salvo quando se trata de aluviões recentes ou paleoaluviões posicionados sob leitos ativos de cursos de água, quando é necessário o bombeamento da água infiltrada ou o isolamento da porção a ser trabalhada. As gemas podem, então, ser separadas por processos que envolvem classificação granulométrica, lavagem e concentração-catação.
Em Indaiá, após o rush da extração, em meados de 90 (Epstein et al. 1994), os garimpos paralisaram os trabalhos e hoje a extração é realizada individualmente nos leitos dos rios. O mesmo acontece em Sapucaia, que ao final da década era trabalhada com tratores e calhas para a concentração do material. Na área de Palmeiras, somente garimpos em aluvião estão produzindo, apesar de tentativas de mecanização. A extração organizada tem esbarrado em problemas ambientais e, por isso, está paralisada.
Em Malacacheta, as áreas de extração (cerca de 4x4m) são escoradas com madeira para contenção de terra e a água é bombeada continuamente com motores movidos a diesel ou gás. Equipes de até cinco pessoas trabalham em cada área, retirando o material mineralizado e buscando, principalmente, a alexandrita, que ocorre associada.

7. Amostras e análises
Amostras de coríndon, juntamente com seus minerais satélites, foram coletadas com lavagem de cascalho e peneiramento. A quantidade de material em bruto permitiu análises destrutivas e algumas amostras coletadas puderam inclusive ser lapidadas. Em Palmeiras, foram obtidas 16 gemas facetadas e 18 cabochões; em Sapucaia, 6 facetadas e 4 cabochões; em Malacacheta, 4 facetadas e, em Indaiá, 5 facetadas.
As amostras das quatro ocorrências foram submetidas a análises gemológicas tradicionais e, ainda, cinco exemplares de cada depósito foram moídos para análises químicas por INAA (Análise por Ativação Neutrônica Instrumental) e uma por ICP-OES (Plasma Indutivamente Acoplado com Espectrometria de Emissão Óptica), para complementação de alguns elementos. Além disso, foram realizadas análises em espectroscopia UV-Visível, ATD/ATG (Análises Termodiferencial e Termogravimétrica) e MEV/EDS (Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectrometria de Energia Dispersa). As amostras submetidas à espectroscopia foram preparadas em secções cortadas perpendicularmente ao eixo c dos cristais. Os testes termodiferencial e termogravimétrico realizados em um mineral anidro (coríndon) resultam na identificação de fases hidratadas associadas a esse mineral, como a bohemita e o diásporo.

8. Características e resultados
8.1 Malacacheta
A safira de Malacacheta ocorre em cristais euédricos transparentes, no formato típico de barrilete e tamanho normalmente pequeno (<1cm). A maior parte apresenta um marcante zonamento de cor, sendo incolor com um núcleo ou mancha de coloração azul intenso, boa transparência, tendendo a translúcida, principalmente na parte incolor. O pleocroísmo nas amostras azuis costuma ser moderado, de azul-escuro a azul-claro. Fotografias representativas de amostras de Malacacheta encontram-se nas Figuras 3 e 4. Análises gemológicas convencionais resultaram num índice de refração variando de 1,759 a 1,764 para o raio extraordinário e 1,767 a 1,770 para o raio ordinário. A birrefringência média é de 0,009 (Tabela 1). Sob luz UV essas safiras mostram resposta moderada a fraca, de tons avermelhados para todas as amostras azuis, tanto em SW como em LW. Uma amostra incolor a levemente rosada apresentou reação muito forte ao UV de ondas longas (LW).
As inclusões sólidas identificadas em microscópio óptico e microscópio eletrônico de varredura foram ilmenita, ilmenita magnesiana e um polimorfo de Al2SiO5. O comportamento, na análise termogravimétrica, indica ausência de diásporo ou boehmita, comumente presentes em coríndon e causadores de perda de transparência.
As análises químicas resultaram, para as amostras de Malacacheta, na seguinte composição em elementos menores e traços: Cr 20 a 58ppm, Fe 3582 a 4415ppm; Ga 180 a 192ppm; Ti 392ppm; Na 69-90ppm; Mn 13ppm; La 0 a 3ppm e V 18ppm (Tabela 2 - para o Ti, Mn e V somente uma análise). A presença desses elementos indica que, muito provavelmente, a coloração azul das safiras de Malacacheta tenha como causa uma transferência de cargas eletrônicas entre os íons Fe+2 e o Ti+4. Considerando-se esses teores de Fe e Ti e as características ópticas da safira, é possível que um tratamento térmico sob condições adequadas possa redistribuir a coloração azul ou mesmo transformar a cor branca leitosa em azul profundo na maior parte do material produzido em Malacacheta. Os espectros UV-Visível mostraram picos intensos nas regiões de 485 e 585nm, possivelmente associados à presença de Fe3+ (Figura 6).




8.2 Indaiá
Safiras de colorações que variam de azul profundo ao violeta, quase púrpura (Figuras 3 e 4), são encontradas em depósitos coluvionares e aluvionares de Indaiá. Os cristais apresentam-se anédricos, geralmente de tamanho pequeno (<1cm) e alguns mostram um moderado efeito alexandrita de azul para azul-púrpura e de púrpura para púrpura-violeta.
As análises gemológicas mostraram um pleocroísmo forte de azul para azulvioleta e de azul-claro para púrpura. Os índices de refração variam de 1,760 a 1762 para o raio extraordinário e 1,770 para o raio ordinário, com birrefringência variando de 0,008 a 0,010. Sob luz UV de ondas longas (LW), as amostras apresentam fluorescência variável de moderada a forte com coloração avermelhada (Tabela 1).
As inclusões são constituídas de rutilo, ilmenita, zircão, moscovita, monazita (Figura 5), espinélio, biotita (Figura 5) e um dos polimorfos de Al2SiO5.
Análises químicas e espectroscópicas mostraram a presença de Fe, Ti e Cr como prováveis elementos causadores de cor nessas safiras. O efeito de mudança de cor (efeito alexandrita) e a forte fluorescência são associados à presença do íon Cr3+. Os elementos menores e traços quantificados foram: Cr 191 a 390ppm, Fe 2626 a 3615ppm; Ga 60 a 93ppm; Ti 185ppm; Na 57-78ppm; Mn 13 ppm; La 19 a 81ppm; Ce 66 a 159ppm e V 44ppm (Tabela 2 - para o Ti, Mn e V somente uma análise).
Em termos de cor e transparência, as safiras mostram um bom potencial para aproveitamento gemológico, o qual pode ser sensivelmente aumentado com tratamento térmico adequado. Themelis (1994) sugere que 80% do material produzido nessa localidade se prestaria ao tratamento por aquecimento, com base em testes que realizou em atmosfera oxidante e temperatura em torno de 1750ºC.
Os espectros referentes às amostras de Indaiá são muito semelhantes aos obtidos em Palmeiras e Sapucaia, mostrando uma banda de absorção entre 370 e 420nm, que, em safiras azuis do Sri Lanka, Mianmar, Vietnam e outras (Smith et al., 1995), é associada à presença de Fe3+. A faixa entre 500 e 600nm, região indicativa do mecanismo Fe2+ - Ti4+ e da presença de Cr3+, apresenta-se na forma de bandas largas e suaves (Figura 6).
8.3 Sapucaia
A safira de Sapucaia ocorre em cristais euédricos, subédricos e fragmentos irregulares, nas cores azul, púrpura, violeta e preta (Figuras 3 e 4). Apresenta-se em prismas hexagonais alongados e, muitas vezes, terminados em bipirâmide, sendo a superfície externa dos cristais normalmente lisa e freqüentemente recoberta por muscovita microcristalina. A maior parte dos cristais mostra dimensões em torno de 1cm, variando desde alguns milímetros até 8cm de comprimento (o maior exemplar encontrado).
Os cristais exibem pronunciada partição basal e romboédrica nos planos de geminação polissintética. Em termos de diafaneidade, são opacos até transparentes e parte pode ser aproveitada como gema, apesar das abundantes fraturas. Nos exemplares translúcidos e transparentes, foi verificada uma distribuição irregular da cor, além de inclusões opacas. Como efeitos ópticos especiais, foram observados o efeito alexandrita (safiras azuis em luz natural tornam-se violetas sob iluminação incandescente), o efeito seda (brilho prateado sedoso) e, nas safiras pretas, ocorre, ainda, o asterismo com a formação de estrela de seis pontas.
As análises gemológicas mostraram pleocroísmo moderado a acentuado nas amostras azuis, púrpura e violeta. Os índices de refração variam de 1,759-1,762, para o raio extraordinário, e 1,768-1,770, para o raio ordinário, com birrefringência média de 0,009 (Tabela 1). Sob iluminação ultravioleta de ondas curtas (SW), as safiras mostraram uma reação fraca a moderada (violeta); em ondas longas, as amostras, nas cores violeta e púrpura, apresentaram reação de fluorescência muito forte (vermelha) e, nas outras cores, reação moderada (violeta).
As principais inclusões identificadas foram mica castanha (Figura 5), rutilo, ilmenita e um polimorfo de Al2SiO5, além da constatação de diásporo nos planos de geminação polissintética, muito semelhante ao material de Indaiá. As análises químicas mostraram os seguintes teores dos elementos menores e traços: Cr 54 a 1092ppm, Fe 4603 a 9312ppm; Ga 94 a 293ppm; Ti 361ppm; Na 58 a 169ppm; Mn 18 ppm; La 3 a 206ppm; Ce 21 a 300ppm e V 62ppm (Tabela 2 - para o Ti, Mn e V somente uma análise).
Os estudos dessas safiras apontam boas possibilidades de aproveitamento gemológico, à semelhança da safira de Indaiá, principalmente em relação às de cor azul e violeta e com efeitos ópticos especiais. Possivelmente, esse aproveitamento poderá ser aumentado se essas safiras forem tratadas termicamente. Os espectros UV-Visível são semelhantes aos de Indaiá, com banda de absorção mais abrupta em torno de 370nm e uma banda suave entre 520 e 580nm, provavelmente relacionadas ao mecanismo de cor Fe2+ - Ti4+ (Figura 6).
8.4 Palmeiras
Os cristais encontrados em Palmeiras são euédricos, de coloração predominantemente avermelhada (rubi ou safira rosa), em menor escala também violeta ou púrpura e, raramente, azul, com hábito prismático alongado e em "barrilete", com tamanho variando de 0,5 a 4cm (Figuras 3 e 4). Alguns exemplares pequenos também mostraram o efeito alexandrita, semelhante a Indaiá e Sapucaia, mas o efeito óptico especial, que predomina nessas amostras, é o efeito seda e, esporadicamente, alguns rubis apresentam discreto asterismo. Uma parte dos cristais apresenta-se transparente, porém a maioria varia de opaca a translúcida.
Amostras de coloração vermelha e rosa apresentam pleocroísmo moderado para tons mais escuros e os cristais azuis e violeta possuem pleocroísmo fraco. Os índices de refração variam de 1,761 a 1,763, para o raio extraordinário, e 1,769 a 1,771. para o raio ordinário. A variação da birrefringência é de 0,008 a 0,010. Sob luz ultravioleta de ondas curtas (SW), a reação foi muito fraca e, em ondas longas (LW), as amostras de cores vermelha e rosa mostraram fluorescência muito forte (Tabela 1).
Como inclusões sólidas ocorrem zircão, rutilo (arredondado e acicular), apatita, ilmenita, hematita, monazita e mica (Figura 5). Também, nessas amostras, o diásporo encontra-se nos planos de geminação polissintética.
Os teores dos elementos menores e traços são: Cr 596 a 1293ppm, Fe 2022 a 3733ppm; Ga 71 a 114ppm; Ti 172ppm; Na 63 a 73ppm; Mn 9 ppm; La 16 a 150ppm; Ce 98 a 368ppm e V 57ppm (Tabela 2). A espectroscopia UV-Visível mostrou resultados muito semelhantes a Indaiá e Sapucaia, com banda de absorção de 370nm a 420nm e uma banda suave entre 520 e 580nm, provavelmente relacionadas à presença de Fe2+ - Ti4+ nas amostras azuladas e Cr+3 nas amostras rosadas ou avermelhadas (Figura 6).

9. Discussão
A descoberta de diversas ocorrências de coríndon com qualidade gemológica em áreas relativamente próximas é um forte indicativo do potencial para a existência de outros depósitos e de aumento da produção de rubi e safiras no Brasil.
As análises químicas apontam as causas de cor azul como sendo o mecanismo de transferência de cargas entre Fe2+ e Ti4+ e a presença de Cr3+, possivelmente, influencia nas tonalidades violeta e púrpura, assim como pode estar associada ao efeito alexandrita e à forte fluorescência de algumas amostras, principalmente em Palmeiras e Indaiá. Nas amostras de coloração vermelha e com tonalidades rosa, os teores de Cr são sensivelmente mais altos, podendo ser vinculados como causa dessas cores. Os espectros em UV-Visível são coerentes com essas possibilidades.
A ausência de Ce e La e o teor relativamente mais alto de Ga distinguem o coríndon de Malacacheta do coríndon da região de Manhuaçu-Caratinga, o que pode sugerir diferenças genéticas e esse fato pode ser utilizado como indicador de proveniência.
Indícios de campo, como as rochas predominantes nas regiões, sugerem que a gênese do coríndon pode ser associada a processos metamórficos regionais, o que expande as possibilidades de existirem novas ocorrências em todo o leste de Minas Gerais, cujo contexto geológico é muito semelhante.
Os resultados analíticos e as características físicas descritas indicam que a aplicação de tratamento térmico adequado no coríndon estudado pode vir a melhorar significativamente a qualidade das gemas produzidas e viabilizar uma produção sistemática. Malacacheta, por apresentar produção constante, e Indaiá, pela qualidade de suas safiras, são as ocorrências com melhores possibilidades para a sistematização da extração.

Motel pra Pirarucu.

Motel pra Pirarucu.


Predador nato, podendo chegar a três metros de comprimento e pesar mais de 200 kilos o pirarucu, Arapaima gigas, é o maior peixe de água doce do mundo. Esse monstro das águas amzônicas é também um animal fiel, ao menos na fazenda de reprodução desses animais de propriedade de Alexandre Honczaryk, PhD e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Alexandre é mais dos que vieram do Sul e acabaram escolhendo a Amazônia como lar. Sua fazenda fica próxima a hidrelétrica de Balbina, umas duas horas de Manaus.

Segundo ele, controlar a reprodução desse belo peixe é um dos maiores desafios da aqüicultura, cultivo de peixes fora do ambiente natural.

- São oito anos até atingir a maturidade sexual. Além disso, é difícil saber quais casais são os mais apropriados.

A estratégia dele é interessante: num mesmo tanque ele coloca mais de 80 animais entre machos e fêmeas. Depois de muita observação é possível perceber a formação de alguns casais.

- Eles começam a namorar e se afastam do grupo.

O novo casal é então separado do resto do grupo via um pequeno túnel e ficarão juntos “até que a morte os separem”. Esse namoro é o melhor indicador da compatibilidade sexual entre os sexos opostos. Depois com uma série de controles hormonais o casal acaba virando uma máquina reprodutiva.

A aqüicultura e as fazendas de peixe são relativamente novas na Amazônia. Se bem estabelecidas podem ser a solução para evitar a sobre pesca e consequentemente a extinção de muitas espécies. O próprio Pirarucu já não existe mais em muitos rios e lagos da bacia Amazônica. Sua pesca é totalmente proibida a não ser em algumas reservas que dispõe de um plano de manejo aprovado pelo IBAMA.

No entanto, segundo Alexandre, entre 80% e 90% do Pirarucu consumido em Manaus é ilegal. Sua carne saborosa é muito apreciada.

A demanda por alevinos (filhotes de pirarucu) é muito maior do que a atual capacidade produção. Enquanto mil unidades ou milheiro de Tambaqui custa R$100, o milheiro de Pirarucu chega a custar R$ 6000. Oferta e demanda em ação.

A reprodução é somente o começo das dificuldades em procurar substituir, ainda que parcialmente, a pesca desses peixes em ambientes naturais pela produção em fazendas. Nos rios e lagos a dieta é em grande parte baseada em proteína. Espécies como Tambaqui e Matrinxã que também são criadas artificialmente têm sua dieta praticamente livre de proteína, mas o Pirarucu ainda precisa de pelo menos 40% de sua dieta em proteína animal.

Acaba sendo um pouco contraditório alimentar esses grandes peixes de fazendas com peixes menores que também vieram dos rios. No entanto, parece haver uma tendência entre nós de alimentar-mos de animais que ocupam o topo de sua cadeia alimentar. O problema é que essa posição é chave e esses animais são essenciais para a manutenção de um ambiente natural saudável.

No Acre.

No Acre.




No Acre se encontra o último fuso horário do Brasil. Esse pequeno estado está na moda, foi até tema da bienal de arte de São Paulo de 2007. É onde nasceram Chico Mendes e Marina Silva, personalidades do mundo ambiental. Chico foi morto em 1989 em disputa com fazendeiros e depois transformado em mito. Até a Globo fez uma minissérie com o nome Amazônia – de Galvez a Chico Mendes. Já Marina Silva, aliada política de Chico Mendes, é a atual ministra do meio ambiente.

Até aí, e também o que vi no começo da minissérie da Globo, pouco sabia ou conhecia desse pequeno estado brasileiro que foi tomado e depois comprado da Bolívia no início do século passado. Faz também fronteira com o Peru. A negociação, após inúmeros combates bélicos, se resume na recompensa ao governo boliviano pela anexação de parte de seu território com a construção da Madeira-Mamoré. Ferrovia que se eternizou não por sua função de transporte de mercadorias e saída para os produtos da região, mas pela quantidade de mortos durante sua construção e total não aproveitamento de sua capacidade instalada, que ao fim da construção era praticamente nada, um “trem fantasma”.

Havia passado por aqui em 2001 na volta de uma viagem pelo altiplano boliviano e os Andes no Peru. Dessa vez a missão era levantar informações e planejar a logística para o documentário “Return to the Amazon” de Jean Michel Cousteau e Ocean Futures Society. O filme retrata as mudanças na Amazônia nos últimos 25 anos.

Era véspera das eleições para presidente e governador e a quantidade de bandeiras vermelhas nos arredores da capital Rio Branco já mostrava que o PT definitivamente continuaria no poder. Milhares delas espalhadas por quintais e terrenos, grandes e quase sempre enroladas em si próprias, ficam penduradas em postes finos de madeira de mais de seis metros de altura. Não há um lugar que se olhe e não as vejam ocupando o horizonte num clima de vitória anunciada.

Como era o segundo mandato de Jorge Viana, ele indicou seu próprio vice, 13inho, leia-se Binho, para concorrer às eleições governamentais. Ganhou facilmente.

Ouvindo um gargalhante horário-político-obrigatório no rádio do Gol 1000 alugado, segui rumo ao Leste pela BR-364 com o propósito de dormir na pequena vila de Jaciparaná, já na Rondônia. Essa estrada corta todo o Sul da Amazônia brasileira, saindo de Cuiabá, atravessando os estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre, e terminando no ponto mais ocidental do país, a pequena cidade de Cruzeiro do Sul, fronteira com o Peru. A maior parte do percurso que percorri está asfaltada e em boas condições.

Parado por um simpático guarda rodoviário na Tucandeira (posto de controle, pesagem e carimbos), na divisa do Acre com Rondônia, fui impedido de prosseguir viagem já que os documentos que portava eram de outro carro que não o Gol 1000. Indignado e crente que era um erro do autoridade só me convenci do contrário quando comparamos os documentos que eu portava com o número do chassi do carro. Nenhuma letra ou numero coincidiu.

As três horas que esperei um funcionário da Localiza, “onde é fácil alugar um carro”, resolver minha constrangedora situação serviram para vivenciar, ainda que por pouco tempo, as delongas burocráticas por quais passam caminhoneiros e empresas de transporte Brasil afora. Já não bastassem às detestáveis condições da malha rodoviária. A impressão que dá é que todo o esquema é preparado de tal forma a dificultar ao máximo o transporte de produtos e pessoas, acarretando enormes custos econômicos, principalmente custos de oportunidade e impedindo uma maior integração entre estados e regiões brasileiras.

Como os caminhoneiros passam por essas situações diariamente era o meu caso o que chamava mais atenção. Alguns vieram me perguntar o que fazia parado ali já que dirigia um carro novinho em folha. Inevitavelmente conheci alguns figuras: como um senhor que, acompanhado de um dos filhos, partiu de Alagoas havia mais de uma semana, num caminhão da década de 70, para visitar uma filha sua que não via há anos e que agora morava em Rio Branco. Para cobrir os custos da viagem, encheram a carroceria de madeira com cavalos e mulas e os vinham vendendo nas fazendas ao longo do caminho. Eles também haviam sido parados na Tucandeira, mas em sentido contrário. Seu filho voltou para Leste para vender um burro ou dois que não portavam os corretos documentos de saúde animal.

Com forte sotaque do interior nordestino, esse senhor me dizia que a única solução para o Brasil era a Luiza Helena como presidente. Não bastava qualquer justificativa racional, e olha que tentei inúmeras, que ele não se convencia do contrário e veementemente afirmava que só ela seria a solução de todos os problemas brasileiros, de corrupção à taxa de juros.

Um outro rapaz, paranaense e mais ou menos da minha idade, estava embravecido com os funcionários do posto de controle que, segundo ele, demoravam propositadamente com seus carimbos e assinaturas.

- Minha mãe bem que me dizia pra estudar e virar médico ou dentista, não dei ouvido e virei mecânico e motorista.

Resolvido o problema da documentação continuei até Jaci-Paraná. No caminho, já no estado da Rondônia, é preciso cruzar o rio Madeira de balsa. Durante a travessia, um olhar atento para a direita percebe a presença da bandeira da Bolívia numa ponta de terra. É a Bolívia!

Quando voltamos para o Acre já para as filmagens do documentário, conhecemos e entrevistamos o cientista nascido nos Estados Unidos Irving Foster Brown que reside em Rio Branco e trabalha na Universidade Federal do Acre. Esse simpático e comunicativo cientista tem como foco geográfico de suas pesquisas a área apelidada de MAP (Madre de Dios no Peru; Acre no Brasil e Pando na Bolívia).

São três unidades políticas desses três países vizinhos. Segundo Brown não havia muito contato entre os três principalmente pela dificuldade de acesso, mas essa situação mudou desde a metade da década de 90 com o início das obras da rodovia interoceânica que liga essa região ao chamado corredor interamericano no Pacífico.

Uma das maiores contribuições de seu trabalho é a mensuração das queimadas na região que nos últimos anos alcançaram níveis jamais vistos em intensidade e abrangência. A de 2005, nem dois anos atrás, queimou uma área de aproximadamente 300 mil hectares de florestas tropicais. Um acontecimento que repercutirá no médio prazo já que a área que pegou fogo é agora ainda mais suscetível para outras queimadas. Vale lembrar que é a queimada de áreas florestais como essa a maior contribuição do Brasil para o aquecimento global. Engana-se quem pensa que a conta desse problema nós vamos dividir com o restante do mundo, nas palavras de Brown:

- Aqui é onde o vento faz a curva. Não somente no sentido figurado como no fim do mundo, mas o vento que leva o ar e a umidade que formam as chuvas lá no Sul, as queimadas diminuem essa umidade acarretando menos chuva nas áreas agrícolas do Sul e Sudeste do país.

As perdas econômicas desse fenômeno são de difícil mensuração, mas não tenho dúvida que são enormes.

No Acre durante os meses de verão, meses que chovem menos, a fumaça dói nos olhos e faz ver o sol a Oeste descer em degrade.