domingo, 7 de fevereiro de 2016

Plantas medicinais encontradas na Amazônia são usadas no tratamento de doenças

Plantas medicinais encontradas na Amazônia são usadas no tratamento de doenças

Saiba como combater febre, dor de cabeça, controlar o colesterol e prevenir cáries e até o câncer

MANAUS – O alto colesterol no sangue é um dos problemas de saúde que mais atinge as pessoas principalmente na fase adulta, pois aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e até o infarto. A alimentaçãoa rica em carboidratos e gorduras associados a falta de exercício são fatores do aumento do colesterol. Para evitar futuros problemas é preciso de prevenção, que pode ser realizada de forma natural, a partir de chás preparados com plantas e frutas encontrados na região amazônica como carambola, tamarindo, mucuracaá, pitanga e embaúba.
Foto: Reprodução/Shutterstock
Foto: Reprodução/Shutterstock
Segundo o professor Moacir Biondo é possível cuidar das artérias, veias e coração com o chá de tamarindo. O tamarindo é uma planta originaria da Índia, porém encontrada na região amazônica, que produz o fruto tamarindo, bastante utilizado na produção de geleias, doces , sucos inclusive remédios laxantes. Já o chá das folhas secas são altamente medicinais, no controle do colesterol.
O tempo de duração do tratamento com tamarindo depende do nível do colesterol do individuo. O chá tem ação diretamente nas gorduras internas, o que colabora para desinflamar e desengordurar o fígado. O tamarindo usado corretamente com a orientação de um profissional de nutrição associada a atividades físicas, pode auxiliar na perca de peso ou seja no emagrecimento.
A cura do cancer, aids etc.. estão nas plantas e ervas medicinais tão cobiçadas da Amazônia e devem valer trilhões de dólares,para os laboratórios mundias, por isso tantos estrangeiros na Amazônia, Europeus, asiáticos, americanos etc..e as terras estão valorizando como nunca em toda a AMAZÕNIA LEGAL.

Oficina ensina ao público o valor das ervas e plantas medicinais da Amazônia

Oficina ensina ao público o valor das ervas e plantas medicinais da Amazônia

A oficina prossegue  e faz parte da programação da Semana Nacional de ciência e Tecnologia do Inpa. Ao todo, mais de 200 atividades
Crajiru (um eficaz antiinflamatório), pedra-ume caá (combate o diabetes) e hortelanzinho (um poderoso calmante), são algumas das plantas medicinais que se pode ter num canteiro em casa. Estas orientações são dadas ao público na oficina “O poder das ervas e plantas medicinais”, que acontece no Bosque da Ciência, dentro da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
De acordo com a técnica em meio ambiente e graduanda em pedagogia da Uninorte, Gildete de Lima, o objetivo é orientar o público sobre a utilização e a manutenção de um canteiro de plantas medicinais. Segundo ela, estudos científicos já atestam a eficácia dos princípios ativos extraídos das plantas. “As plantas medicinais ajudam no tratamento e prevenção de várias doenças”, diz Lima, que atua como estagiária no Bosque da Ciência.
A senhora Othai Servalho, que visitava o estande da oficina, conta que utiliza costumeiramente a planta conhecida como amor crescido para fortalecer o cabelo. “Bato as folhas no liquidificar, passo numa peneirinha e acrescento no xampu. Meus cabelos crescem fortes e saudáveis”, revela.

SNCT
A SNCT do Inpa está com uma programação diversificada. A programação acontece em Manaus e em 22 municípios do interior, além de Brasília e nos estados do Pará, Roraima, Acre e Rondônia, onde o Inpa mantém Núcleos de Pesquisas.
Dentre as exposições que acontecem no Bosque da Ciência, estão o Laboratório de Micologia, o Laboratório de Sementes, o Laboratório de Malária e Dengue, o Laboratório de Bioprospecção, o Grupo de Nutrição e o de Frutas da Amazônia com degustação de geleias de frutas amazônicas (cubiu, sapota, cupuaçu, açaí), empadinhas e bolos produzidos a partir da farinha de pupunha, além da distribuição de mudas de frutas e hortaliças.
A SNCT é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e é realizada nacionalmente desde 2004. Tem o objetivo de socializar o conhecimento científico a qualquer pessoa interessada em ciência e tecnologia. As atividades são gratuitas.

Potencial das plantas medicinais da Amazônia

Potencial das plantas medicinais da Amazônia

“Vivemos em uma floresta com o maior potencial do mundo em plantas medicinais e ainda não pesquisamos dois por cento de sua biodiversidade”


Andiroba
Andiroba (Foto: Reprodução)
A declaração do técnico em plantas medicinais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) - e pesquisador autodidata - Moacir Biondo, 52, é especialmente preocupante para uma região que já sofreu no passado com a biopirataria, quando mudas de seringueiras foram tiradas do Amazonas para a Malásia e decretaram o fim do ciclo áureo da borracha, maior produto de exportação do Brasil no final do século XIX.
A frase de Biondo é um chamado para sair da passividade diante do que pode ser uma de últimas riquezas da região. O técnico calcula que atualmente existam de 300 a 500 plantas medicinais conhecidas - com benefícios difundidos oralmente entre a população - sem nenhuma pesquisa.  Ele reitera que, só agora, com a corrida pelas buscas de novos remédios, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Centro de Biotecnologia do Amazonas (CBA) começaram a efetivamente estudar nossa flora e fauna. Um desses exemplos é a pesquisa sobre o poder cicatrizante e antiinflamatório do crajiru, que é usado popularmente na higiene íntima e na cura de feridas em geral.
Entre os “ouros” que a Amazônia dispõe, Moacir Biondo destaca a importância que pesquisadores estão dando aos óleos de andiroba, copaíba e cumaru. O de copaíba, a exemplo do crajiru, é antiinflamatório e cicatrizante, mas estão em estudo suas propriedades anticancerígenas.  No caso do óleo de cumaru, pesquisas apontam para seu uso na curas de otites (problemas nos ouvidos), enquanto o da andiroba, para dores reumáticas em geral e como repelente de insetos.
O cravo de defunto amarelo - Tagetes (erecta ou patula) - é uma das plantas em destaque nas pesquisas, no uso contra os sintomas da dengue, com capacidade para atenuar a ação maléfica do vírus que causa a doença.
As pesquisas também ajudam a descobrir o lado perigoso das “jóias” da floresta. Biondo, que é professor da Ufam, cita, por exemplo, que a Copaíba, além do óleo essencial, tem em sua composição uma resina que pode inviabilizar o funcionamento dos rins. O uso excessivo pode gerar problemas sérios que o uso eventual não trás.
Segundo o professor, a Copaíba foi um dos primeiros remédios naturais dos índios que foi levado para a Europa, ainda na época da colonização. “Atualmente, o óleo é validado na farmacopéia Alemã”, observa o pesquisador, ao reafirmar que, somente agora é que “estamos começando a acordar para a importância dessas plantas”.  Esse despertar tardio, segundo ele, pode ter sido motivado pelo crescente interesse mundial pela região ou ainda pela necessidade brasileira de saber que informações, dados e produtos os outros países já dispõem daqui.
Fitoterápicos na rede de saúde pública
Uma visão mais cuidadosa sobre as riquezas de nossas plantas medicinais já pode ser sentida com a ampliação e utilização de alguns fitoterápicos na rede de pública de saúde, por meio do projeto “Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, em especial nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS).  Entre os fitoterápicos já aprovados estão a Unha-de- gato e a Espinheira Santa.  
A política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, tem por base decisões  da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) tomadas na Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Alma – Ata ( Genebra, 1978) que partiu da premissa de que era necessária uma ação  urgente  dos  governos,  profissionais  das  áreas  de  saúde e desenvolvimento, bem como da comunidade mundial, para proteger e promover a saúde dos  povos  no  mundo. 
Na Conferência, foi recomendado  aos  estados-membros  proceder  a “formulação  de  políticas  e  regulamentações  nacionais  referentes  à  utilização  de  remédios tradicionais  de  eficácia  comprovada  e  exploração  das  possibilidades  de  se  incorporar  os detentores  de  conhecimento  tradicional  às  atividades  de  atenção  primária  em  saúde, fornecendo-lhes  treinamento  correspondente”. 
O Programa de Medicina Tradicional da OMS ganhou formato no final da década de 70, mas suas recomendações ainda são raras de se ver implementadas na rede pública brasileira.

Biodiversidade do Brasil vale R$ 4 tri segundo Ibama

MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

  • O mundo perdeu metade de suas áreas inundáveis - responsáveis pela boa qualidade da água e alta biodiversidade - no último século.
  • A extração de madeira e a conversão em áreas agrícolas já consumiu metade das florestas mundiais.
  • O desmatamento nos trópicos supera os 130 mil km2 anuais.
  • Cerca de 9% das espécies de árvore estão ameaçadas de extinção.
  • Aproximadamente 70% dos principais estoques pesqueiros marinhos são superexplorados ou estão no seu limite biológico.
  • O ritmo de crescimento da pesca está 40% acima do que os oceanos podem sustentar.
  • Praticamente todas as terras numa margem de 100 km da zonas costeiras foram de alguma forma alteradas para uso agrícola ou urbano, produzindo impactos ambientais negativos.
  • A degradação dos solos já afetou dois terços das terras agricultáveis, nos últimos 50 anos.
  • Cerca de 30% das florestas originais do mundo foram transformadas em áreas agrícolas.
  • Barragens, canais e desvios fragmentam quase 60% dos maiores rios mundiais.
  • Cerca de 20% dos peixes de água doce estão extintos ou ameaçados.
  • Em torno de 500 milhões de hectares de savanas, campos e florestas abertas da zona tropical e sub-tropical queimam todos os anos.
  • Desde 1980, a economia global já triplicou e a população cresceu 30%, alcançando 6 bilhões de pessoas.
  • Mais de 2,3 bilhões de pessoas convivem com a escassez de água potável
MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

Dados

Insetos: 10 a 15 milhões
Plantas: 22% das espécies conhecidas
Água: 20% da água doce do planeta
Mamíferos: 524 espécies
Anfíbios: 517 espécies
Pássaros: 1.622 espécies
Répteis: 468 espécies
Peixes: 3.000 espécies


A biodiversidade engloba todas as espécies de plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas e processos ecológicos dos quais são componentes. Constitui um termo abrangente para a variedade natural, que inclui o número e a freqüência de espécies ou genes, além dos respectivos ecossistemas. Consideram-se três níveis distintos para expressar a biodiversidade: variabilidade genética, diversidade de espécies e de ecossistemas.
O número de espécies de organismos descritos é da ordem de 1,4 milhão, dos quais 751 mil são insetos, 41 mil são vertebrados e250 mil são espécies de plantas, incluindo vasculares e briófitas. O resto está constituído de um complexo de invertebrados, fungos, algas e microorganismos.
A Amazônia desperta particular atenção, uma vez que 51% das espécies de plantas tropicais estão situadas na região neotropical, que abrange as américas Central e do Sul, enquanto a África e Madagascar contêm cerca de 23 % e a Ásia, 26% das espécies. A dificuldade resulta do precário conhecimento do número de espécies existentes e da grande complexidade da estrutura das comunidades biológicas, da ecologia e distribuição geográfica de espécies tão distintas como grades mamíferos, árvores, insetos ou fungos.
Estudos recentes conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2 e 7 % das espécies nos próximos 25 anos. Se o número de espécies existentes for de l0 milhões, este resultado corresponde a uma perda de 8 a 28 mil espécies por ano, ou 20 a 75 espécies por dia. Essa situação se agrava quando se tenta elaborar listas de espécies reconhecidamente extintas.
A lista de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção inclui todos os animais classificados pela União Mundial pana Conservação da Natureza -IUCN nas três categorias mais críticas (vulneráveis, ameaçadas e extintas). Dentre as 171 espécies da Mata Atlântica incluídas na lista, apenas seis são relacionadas como provavelmente extintas.
Apesar dessas dificuldades metodológicas para avaliação, não se pode ter dúvidas quanto à realidade do perigo que se antecipa de empobrecimento biológico da biosfera. Entre 1900 e 1950 foram extintas 60 espécies de mamíferos e aves, o que é muito elevado quando comparado com o nível de fundo da taxa de extinção desses grupos - uma a cada cem a mil anos.
Por outro lado, essas incertezas dizem respeito a estimativas globais de extinção, a tentativas de se considerar homogêneos os padrões de distribuição geográfica e comportamentos ecológicos reconhecidamente complexos nos níveis regional e local. Nesses níveis, o conhecimento existente permite a adoção de uma estratégia de planejamento visando a um comportamento racional face à conservação da biodiversidade.
Um fator importante para se considerar a necessidade de conservação da biodiversidade, sobretudo nos trópicos, onde ocorrem dois terços das espécies da Terra, relaciona-se à evolução das espécies para se adaptar às mudanças climáticas. A extinção de espécies sempre ocorreu, desde os primórdios da existência da vida na Terra, causada entretanto por fatores naturais. Más, graças à variabilidade genética, os organismos foram capazes de se adaptar às diversas mudanças climáticas com o
surgimento de novas espécies, cujos descendentes atualmente enriquecem a flora e a fauna. Com a acelerada marcha de extinção, estamos limitando o processo evolutivo para a adaptação às mudanças climáticas em curso, sobretudo aquelas resultantes do "efeito estufa" e da destruição da camada de ozônio. As conseqüências são imprevisíveis, mas certamente serão catastróficas e poderão comprometer a sobrevivência da biodiversidade, incluindo a da própria espécie humana.
O desconhecimento dos valores reais da biodiversidade tem constituído sério obstáculo para que os tomadores de decisão reconheçam a necessidade da conservação dos recursos biológicos nos planos nacionais de desenvolvimento.
No caso específico da Amazônia, por exemplo, informações científicas sobre a distribuição geográfica de plantas e animais revelam a existência de áreas com maior concentração de espécies, bem como centros de endemismo, isto é, áreas de ocorrência restrita de determinadas espécies. Esse conhecimento é de fundamental importância para um plano de conservação da biodiversidade, por intermédio de parques, reservas biológicas e outras unidades de conservação.
Desde 1988 vem sendo elaborado um plano de médio e longo prazo para a conservação dos recursos genéticos de animais, plantas e microorganismos da Amazônia, ex situ e in situ. A conservação ex situ terá a instalação de bancos pluriespecíficos de germoplasma; a conservação in situ será expandida com a instalação integrada de reservas genéticas em unidades de conservação em geral e, eventualmente, em reservas indígenas.
A importância do uso atual e futuro da biodiversidade justifica investimentos em conserva-la, sobretudo em função do seu potencial para  a biotecnologia- especialmente a engenharia genética - e para o surgimento de novas culturas alimentícias e industriais.
O emprego de espécies silvestres em melhoramento genético tem alcançado êxitos graças ao uso de técnicas adicionais desenvolvidas pela biotecnologia. Os resultados se dão, principalmente, na obtenção de novos cultivares resistentes às pragas, doenças e condições adversas ao meio ambiente, e mesmo no melhoramento das qualidades organoléticas. As experiências mais conhecidas se fazem com arroz, abacaxi, banana, batata e trigo.
Quanto à utilização das espécies silvestres medicinais, geralmente se conhecem referências ao uso direto na indústria. Anualmente, reconhece-se que há pouco interesse pelos medicamentos derivados de plantas medicinais em alguns países. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% da população dos países em desenvolvimento se trata pela medicina tradicional, e 85 % desta medicina inclui extrato de plantas medicinais.



O Reconhecimento do enorme valor da biodiversidade está permitindo ao Brasil reorientar o desenvolvimento na Amazônia, até agora realizado através de atividades depredadoras de seus recursos naturais.

O Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para Uso Sustentado da Biodiversidade (PROBEM), definido em 1997, procura converter a Amazônia em fonte de produtos de alto valor agregado e de conhecimentos científicos avançados, principalmente pela biotecnologia. Essa atividade, uma vocação tardiamente reconhecida, tem interesse em conservar a riqueza natural, tal como o turismo ecológico. Dessa forma, muda a lógica da expansão econômica em vigor, baseada na extração de madeira e minérios, pecuária e monocultura, todos devastadores de florestas.
Além disso, os indígenas e outros tradicionais habitantes locais serão beneficiados, por que verão remuneradas suas contribuições à geração de novos produtos, como os conhecimentos que têm sobre propriedades medicinais, alimentares, cosméticas e aromáticas de vegetais ou animais da região. Os moradores da floresta têm esse patrimônio, que representa “ um grande caminho já percorrido” para a pesquisa e que “todos os pesquisadores nacionais ou estrangeiros procuram”, disse Mary Allegretti, secretaria de Coordenação da Amazônia no Ministério do Meio Ambiente. O PROBEM obteve, na semana passada, um mecanismo financeiro para sua execução prática, um fundo para financiar projetos de biotecnologia e pagar os direitos à população.
O mecanismo teve por base o Fundo Permanente do Alasca, criado pelos Estados Unidos em 1977, com recursos do petróleo para gestão ambiental e para pagar indenizações e dividendos aos esquimós. Foi uma experiência de sucesso, que acumulou US$ 27 bilhões até 1998. Qualquer empresa ou instituição que pretenda desenvolver produtos a partir de substâncias originárias da Amazônia terá de associar-se à Bioamazônia, organização mista criada pelo governo com a comunidade científica e representantes da sociedade para executar o PROBEM.
A Bioamazônia apóia-se em um instrumento técnico-científico e outro financeiro. O primeiro é o Centro de Biotecnologia da Amazônia, um complexo de 26 laboratórios e serviços, em Manaus, que estabeleceu vínculos com uma rede de universidades e institutos independentes do país, que já realizam trabalhos incluídos no programa. O instrumento financeiro é o Fundo Permanente para a Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (FPBA), para cuja criação a Bioamazônia recorreu a uma instituição financeira que mantém fundos dedicados a investimentos em meio ambiente, especialmente em biodiversidade.
A meta é captar, em dois anos, cerca de US$ 150 milhões em investimentos privados, enquanto o governo prevê contribuir com US$ 48 milhões até 2003 para o PROBEM. As empresas interessadas em material biológico e dados obtidos pela Bioamazônia pagarão uma tarifa para se incorporarem ao fundo. Como na exploração do petróleo, nessa atividade se impõe o custo da concessão de uma área e, depois, dos resultados obtidos com o produto, acrescentou.
Entretanto, o PROBEM enfrenta uma dificuldade legal. Ainda depende da aprovação de uma legislação que regulamenta o acesso aos recursos genéticos brasileiros. Diante desse vazio legal, vigora a Convenção Mundial sobre Diversidade Biológica, que submete o acesso á autorização do Estado nacional. Sem isso, a retirada de qualquer material genético por estrangeiros é ilegal, esclareceu o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho. Fazem falta regras para empresas seriamente interessadas em desenvolver produtos biotecnológicos possam fazer a prospecção biológica, afirmou Allegretti.
Os negócios nessa área são quase bilionários. Somente os medicamentos representaram US$ 300 bilhões em 1998 e cerca de 40% deles com origem em fontes naturais, segundo a Bioamazônia. A isso somam-se perfumes, cosméticos alimentos e insumos industriais. O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo. Apenas na Amazônia concentram-se de 10 a 15 milhões dos 30 milhões de insetos do mundo e 22% de todas espécies vegetais. “Uma riqueza extraordinária”. É preciso converter isso em realidade econômica, de forma sustentável, em negócios harmônicos com a conservação da diversidade biológica, reconhecem as autoridades ambientais. A “lógica econômica” impede que tenha êxito uma política limitada à repressão das atividades prejudiciais ao meio ambiente, afirmou Allegretti.


MEIO AMBIENTE - Biodiversidade

Biodiversidade

Das cerca de 250 mil espécies de plantas existentes hoje no mundo, 55 mil estão no Brasil. O país possui a mais extensa coleção de palmeiras (359 espécies) e de orquídeas (2,3 mil) e a maior variedade de vegetais com importância econômica mundial, como o abacaxi, o amendoim, a castanha-do-pará, a mandioca, o caju e a carnaúba. Pertencem à fauna brasileira 10% de todos os anfíbios e mamíferos existentes e 17% de todas as espécies de aves. O Brasil ainda abriga a maior diversidade de primatas do planeta, com 55 espécies. Para explorar racionalmente essa riqueza, está sendo instalado na Zona Franca de Manaus o Centro da Biodiversidade da Amazônia (CBA). O complexo de laboratórios de pesquisa é o principal projeto do Programa Brasileira de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Probem). Com um orçamento de 60 milhões de dólares - 40% financiados pelo governo e 60% por entidades e empresas privadas -, o Probem irá desenvolver tecnologias para montar uma central produtora de extratos naturais, provavelmente a maior da América do Sul, com base na biodiversidade da Amazônia. O mercado brasileiro de fitoterápicos (ervas e produtos naturais) movimenta 1 bilhão de dólares, de acordo com dados os Probem. A intenção do programa é transformar o CBA em um centro de referência nessa área, além de estabelecer contatos com as indústrias farmacêuticas internacionais para a pesquisa de princípios ativos de novos fármacos. Já existem cerca de 120 produtos de uso na medicina alopática baseados em plantas brasileiras. O mercado de fármacos gera 350 bilhões de dólares no mundo e 11 bilhões de dólares no Brasil.


MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

Biodiversidade do Brasil vale R$ 4 tri segundo Ibama

Finalmente o Brasil vai saber o quanto custa um dos maiores patrimônios do País: a natureza. Detentor de cerca de 20% da diversidade biológica do planeta, o País ainda não tinha idéia da valorização dos recursos naturais. Mas um grupo de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) calculam, inicialmente, que nossa biodiversidade vale hoje em torno de R$ 4 trilhões, cinco vezes mais o Produto Nacional Bruto.
Até 2002, o governo espera ter exatamente os valores dos recursos naturais. Tanto é que o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e centro de pesquisas de várias universidades brasileiras estão começando a fazer este levantamento. As duas primeiras pesquisas foram iniciadas nos Parques Nacionais do Iguaçu e de Superagüi, no Paraná, onde ficou constatado que a valorização está muito abaixo do esperado.
O estudo nas duas áreas demonstrou, por exemplo, que a relação dos benefícios ecológicos e recreativos que proporcionam ao País são poucas e o que oferecem está muito acima dos gastos do governo com conservação, preservação e manutenção. O Parque do Iguaçu foi escolhido por estar entre uma das maiores biodiversidades do mundo.
O Parque Superagüi faz parte do Complexo Estuarino Lagunar, um dos mais valiosos ecossistemas costeiros do mundo. Tem um dos mais raros bancos de dados genéticos de conservação da Mata Atlântica, onde se localiza, e de organismos marinhos. Sua preservação é maior porque o acesso de visitantes é difícil.
A pesquisa será feita em sete áreas – Amazônia, cerrado, Mata Atlântica, caatinga, zonas costeiras, manguezais e campos sulinos – além dos parques nacionais. Segundo o gerente de Conservação de Ecossistemas do Ibama, Moacir Bueno Arruda, também coordenador do projeto, o estudo vai, além de facilitar o trabalho diário de preservação ambiental, reforçar o peso econômico do patrimônio natural do País.
Os técnicos definiram onde serão realizados os próximos levantamentos. Os mangues – um dos sistemas mais frágeis – serão analisados em Florianópolis , enquanto que o bioma do cerrado está sendo feito no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Os dois trabalhos devem ser concluídos ainda este ano. Na Amazônia, os técnicos iniciaram os estudos preliminares e levantarão também os recursos hídricos, além dos florestais. Em seguida, serão pesquisadas as caatingas, que possuem uma das vegetações mais raras do mundo.

Plantas medicinais da amazônia: Em defesa da 'cura natural'

Plantas medicinais da amazônia: Em defesa da 'cura natural'

Campanha nacional defende o reconhecimento dos ‘saberes’ tradicionais no tratamento de doença pelo Ministério da Saúde



Camponesas, ribeirinhas e indígenas de oito municípios do Amazonas promovem encontros para trocar informações e experiências sobre o uso das plantas medicinais
Camponesas, ribeirinhas e indígenas de oito municípios do Amazonas promovem encontros para trocar informações e experiências sobre o uso das plantas medicinais(Divulgação)
Mulheres do interior do Amazonas aderiram a uma campanha nacional para que o conhecimento tradicional no tratamento de doenças seja reconhecido pelo Ministério da Saúde. As “enfermeiras da floresta” afirmam que verdadeiros milagres são operados por meio de xaropes, garrafadas e unguentos preparados com plantas da Amazônia para tratar os esquecidos pelo sistema de Saúde.
O conhecimento sobre os poderes de cura dessas ervas,  cultivadas em quase todos os quintais no interior do Estado, é passado de geração em geração por meio das mulheres que vivem nas áreas rurais. É o caso da agente comunitária de Saúde, Ene Oliveira da Silva, 35.
Ela recebeu da avó e da mãe, durante a criação, informações sobre como usar hortelãzinho, mastruz, cascas de jatobá, mel de abelha, semente de e até ovo galinha caipira para tratar males na garganta e outros sintomas provocados pela gripe.
‘Sara tudo’
A babosa também é usada em casos de doenças no pulmão. Para todos os tipos de “doença de mulher” não há quem deixe de lançar mão do famoso “sara tudo”. Um chá das cascas de uma árvore conhecida com esse nome tem a fama de sarar infecções. “É muito bom para inflamação”, declarou.
O Jucá, outra semente da Amazônia, também é alternativa de tratamento para sangramentos, cólicas e alterações no ciclo menstrual. Ene faz questão de passar esse conhecimento para as três filhas adolescentes. “Elas já sabem que erva usar e para que tipo de doença”, declarou a mãe.
Alternativa segura
A agente de saúde defende que o conhecimento tradicional seja aproveitado como forma de tratamento seguro. “O remédio natural não tem os efeitos colaterais que provocam o excesso de química dos remédios de farmácia”, disse.
Ene defende ainda e alternativas de autonomia para as mulheres camponesas. “Seria sim uma forma dessas mulheres ganharem maior autonomia de suas vidas a partir de seus conhecimentos”, declarou.
O movimento de mulheres camponeses defende que conhecimento tradicional não seja entregue de bandeja nas mãos da indústria farmacêutica e possa ser usado pelas conhecedoras originárias desses tipo de medicamentos.
Trabalho é alternativa de renda
A coordenadora do movimento, Tânia Chantel, afirma que os medicamentos naturais podem ser meio de autonomia para as mulheres camponesas.  “Precisamos realmente sistematizar esses conhecimento e não entregá-los como propriedade de uma empresa e sim colocá-los à disposição da população. A feitura desses medicamentos é rica em cultura. Elas fazem rodas, cantam músicas antes de começar a manipular as ervas”, disse.
Tânia destacou ainda que a organização de encontros e fóruns para troca de experiência entre as mulheres camponesas propicia a elas novas perspectivas de vida.
“É a construção de uma vida mais digna, com maior autonomia, liberdade na renda e familiar. Esses conceitos de economia solidária as retiram inclusive de uma condição de violência e submissão. É um processo de formação”, declarou Tânia.
Camponesas, ribeirinhas e indígenas
Mulheres camponesas, ribeirinhas e indígenas de oito municípios do Amazonas fazem intercâmbio de informações sobre plantas medicinais. A experiência inclui a feitura dos remédios em meio a concentração e músicas cantaroladas pelas “enfermeiras da floresta” durante o trabalho.
Um dos encontros ocorreu há três semanas no Instituto Federal do Amazonas (Ifam), na Zona Leste de Manaus. As mulheres que participaram da experiência fizeram garrafadas na hora para a troca entre elas. Cada uma com contruibuições diferentes enriqueceram o momento coletivo.
Durante o evento, elas trocaram saberes no tratamentos de  doenças por meio de plantas da Amazônia. Houve oficinas como produção de xaropes, garrafadas e pomadas com plantas e ervas da Amazônia. Além disso, o encontro também contou com palestras de professores de botânica do Ifam.
A troca de conhecimentos, de acordo com a coordenadora da direção nacional do movimento de mulheres camponeses, Tânia Chantel Freire, permite proporcionar maior autonomia às mulheres que atuam no campo. “Tudo isso proporciona autonomias a essas mulheres camponesas  e ribeirinhas. Trazer um professor para a sala com elas e promover essa troca de experiências qualifica o conhecimento que elas têm”, afirmou Tânia Freire.