domingo, 7 de fevereiro de 2016

Biodiversidade do Brasil vale R$ 4 tri segundo Ibama

MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

  • O mundo perdeu metade de suas áreas inundáveis - responsáveis pela boa qualidade da água e alta biodiversidade - no último século.
  • A extração de madeira e a conversão em áreas agrícolas já consumiu metade das florestas mundiais.
  • O desmatamento nos trópicos supera os 130 mil km2 anuais.
  • Cerca de 9% das espécies de árvore estão ameaçadas de extinção.
  • Aproximadamente 70% dos principais estoques pesqueiros marinhos são superexplorados ou estão no seu limite biológico.
  • O ritmo de crescimento da pesca está 40% acima do que os oceanos podem sustentar.
  • Praticamente todas as terras numa margem de 100 km da zonas costeiras foram de alguma forma alteradas para uso agrícola ou urbano, produzindo impactos ambientais negativos.
  • A degradação dos solos já afetou dois terços das terras agricultáveis, nos últimos 50 anos.
  • Cerca de 30% das florestas originais do mundo foram transformadas em áreas agrícolas.
  • Barragens, canais e desvios fragmentam quase 60% dos maiores rios mundiais.
  • Cerca de 20% dos peixes de água doce estão extintos ou ameaçados.
  • Em torno de 500 milhões de hectares de savanas, campos e florestas abertas da zona tropical e sub-tropical queimam todos os anos.
  • Desde 1980, a economia global já triplicou e a população cresceu 30%, alcançando 6 bilhões de pessoas.
  • Mais de 2,3 bilhões de pessoas convivem com a escassez de água potável
MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

Dados

Insetos: 10 a 15 milhões
Plantas: 22% das espécies conhecidas
Água: 20% da água doce do planeta
Mamíferos: 524 espécies
Anfíbios: 517 espécies
Pássaros: 1.622 espécies
Répteis: 468 espécies
Peixes: 3.000 espécies


A biodiversidade engloba todas as espécies de plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas e processos ecológicos dos quais são componentes. Constitui um termo abrangente para a variedade natural, que inclui o número e a freqüência de espécies ou genes, além dos respectivos ecossistemas. Consideram-se três níveis distintos para expressar a biodiversidade: variabilidade genética, diversidade de espécies e de ecossistemas.
O número de espécies de organismos descritos é da ordem de 1,4 milhão, dos quais 751 mil são insetos, 41 mil são vertebrados e250 mil são espécies de plantas, incluindo vasculares e briófitas. O resto está constituído de um complexo de invertebrados, fungos, algas e microorganismos.
A Amazônia desperta particular atenção, uma vez que 51% das espécies de plantas tropicais estão situadas na região neotropical, que abrange as américas Central e do Sul, enquanto a África e Madagascar contêm cerca de 23 % e a Ásia, 26% das espécies. A dificuldade resulta do precário conhecimento do número de espécies existentes e da grande complexidade da estrutura das comunidades biológicas, da ecologia e distribuição geográfica de espécies tão distintas como grades mamíferos, árvores, insetos ou fungos.
Estudos recentes conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2 e 7 % das espécies nos próximos 25 anos. Se o número de espécies existentes for de l0 milhões, este resultado corresponde a uma perda de 8 a 28 mil espécies por ano, ou 20 a 75 espécies por dia. Essa situação se agrava quando se tenta elaborar listas de espécies reconhecidamente extintas.
A lista de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção inclui todos os animais classificados pela União Mundial pana Conservação da Natureza -IUCN nas três categorias mais críticas (vulneráveis, ameaçadas e extintas). Dentre as 171 espécies da Mata Atlântica incluídas na lista, apenas seis são relacionadas como provavelmente extintas.
Apesar dessas dificuldades metodológicas para avaliação, não se pode ter dúvidas quanto à realidade do perigo que se antecipa de empobrecimento biológico da biosfera. Entre 1900 e 1950 foram extintas 60 espécies de mamíferos e aves, o que é muito elevado quando comparado com o nível de fundo da taxa de extinção desses grupos - uma a cada cem a mil anos.
Por outro lado, essas incertezas dizem respeito a estimativas globais de extinção, a tentativas de se considerar homogêneos os padrões de distribuição geográfica e comportamentos ecológicos reconhecidamente complexos nos níveis regional e local. Nesses níveis, o conhecimento existente permite a adoção de uma estratégia de planejamento visando a um comportamento racional face à conservação da biodiversidade.
Um fator importante para se considerar a necessidade de conservação da biodiversidade, sobretudo nos trópicos, onde ocorrem dois terços das espécies da Terra, relaciona-se à evolução das espécies para se adaptar às mudanças climáticas. A extinção de espécies sempre ocorreu, desde os primórdios da existência da vida na Terra, causada entretanto por fatores naturais. Más, graças à variabilidade genética, os organismos foram capazes de se adaptar às diversas mudanças climáticas com o
surgimento de novas espécies, cujos descendentes atualmente enriquecem a flora e a fauna. Com a acelerada marcha de extinção, estamos limitando o processo evolutivo para a adaptação às mudanças climáticas em curso, sobretudo aquelas resultantes do "efeito estufa" e da destruição da camada de ozônio. As conseqüências são imprevisíveis, mas certamente serão catastróficas e poderão comprometer a sobrevivência da biodiversidade, incluindo a da própria espécie humana.
O desconhecimento dos valores reais da biodiversidade tem constituído sério obstáculo para que os tomadores de decisão reconheçam a necessidade da conservação dos recursos biológicos nos planos nacionais de desenvolvimento.
No caso específico da Amazônia, por exemplo, informações científicas sobre a distribuição geográfica de plantas e animais revelam a existência de áreas com maior concentração de espécies, bem como centros de endemismo, isto é, áreas de ocorrência restrita de determinadas espécies. Esse conhecimento é de fundamental importância para um plano de conservação da biodiversidade, por intermédio de parques, reservas biológicas e outras unidades de conservação.
Desde 1988 vem sendo elaborado um plano de médio e longo prazo para a conservação dos recursos genéticos de animais, plantas e microorganismos da Amazônia, ex situ e in situ. A conservação ex situ terá a instalação de bancos pluriespecíficos de germoplasma; a conservação in situ será expandida com a instalação integrada de reservas genéticas em unidades de conservação em geral e, eventualmente, em reservas indígenas.
A importância do uso atual e futuro da biodiversidade justifica investimentos em conserva-la, sobretudo em função do seu potencial para  a biotecnologia- especialmente a engenharia genética - e para o surgimento de novas culturas alimentícias e industriais.
O emprego de espécies silvestres em melhoramento genético tem alcançado êxitos graças ao uso de técnicas adicionais desenvolvidas pela biotecnologia. Os resultados se dão, principalmente, na obtenção de novos cultivares resistentes às pragas, doenças e condições adversas ao meio ambiente, e mesmo no melhoramento das qualidades organoléticas. As experiências mais conhecidas se fazem com arroz, abacaxi, banana, batata e trigo.
Quanto à utilização das espécies silvestres medicinais, geralmente se conhecem referências ao uso direto na indústria. Anualmente, reconhece-se que há pouco interesse pelos medicamentos derivados de plantas medicinais em alguns países. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% da população dos países em desenvolvimento se trata pela medicina tradicional, e 85 % desta medicina inclui extrato de plantas medicinais.



O Reconhecimento do enorme valor da biodiversidade está permitindo ao Brasil reorientar o desenvolvimento na Amazônia, até agora realizado através de atividades depredadoras de seus recursos naturais.

O Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para Uso Sustentado da Biodiversidade (PROBEM), definido em 1997, procura converter a Amazônia em fonte de produtos de alto valor agregado e de conhecimentos científicos avançados, principalmente pela biotecnologia. Essa atividade, uma vocação tardiamente reconhecida, tem interesse em conservar a riqueza natural, tal como o turismo ecológico. Dessa forma, muda a lógica da expansão econômica em vigor, baseada na extração de madeira e minérios, pecuária e monocultura, todos devastadores de florestas.
Além disso, os indígenas e outros tradicionais habitantes locais serão beneficiados, por que verão remuneradas suas contribuições à geração de novos produtos, como os conhecimentos que têm sobre propriedades medicinais, alimentares, cosméticas e aromáticas de vegetais ou animais da região. Os moradores da floresta têm esse patrimônio, que representa “ um grande caminho já percorrido” para a pesquisa e que “todos os pesquisadores nacionais ou estrangeiros procuram”, disse Mary Allegretti, secretaria de Coordenação da Amazônia no Ministério do Meio Ambiente. O PROBEM obteve, na semana passada, um mecanismo financeiro para sua execução prática, um fundo para financiar projetos de biotecnologia e pagar os direitos à população.
O mecanismo teve por base o Fundo Permanente do Alasca, criado pelos Estados Unidos em 1977, com recursos do petróleo para gestão ambiental e para pagar indenizações e dividendos aos esquimós. Foi uma experiência de sucesso, que acumulou US$ 27 bilhões até 1998. Qualquer empresa ou instituição que pretenda desenvolver produtos a partir de substâncias originárias da Amazônia terá de associar-se à Bioamazônia, organização mista criada pelo governo com a comunidade científica e representantes da sociedade para executar o PROBEM.
A Bioamazônia apóia-se em um instrumento técnico-científico e outro financeiro. O primeiro é o Centro de Biotecnologia da Amazônia, um complexo de 26 laboratórios e serviços, em Manaus, que estabeleceu vínculos com uma rede de universidades e institutos independentes do país, que já realizam trabalhos incluídos no programa. O instrumento financeiro é o Fundo Permanente para a Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (FPBA), para cuja criação a Bioamazônia recorreu a uma instituição financeira que mantém fundos dedicados a investimentos em meio ambiente, especialmente em biodiversidade.
A meta é captar, em dois anos, cerca de US$ 150 milhões em investimentos privados, enquanto o governo prevê contribuir com US$ 48 milhões até 2003 para o PROBEM. As empresas interessadas em material biológico e dados obtidos pela Bioamazônia pagarão uma tarifa para se incorporarem ao fundo. Como na exploração do petróleo, nessa atividade se impõe o custo da concessão de uma área e, depois, dos resultados obtidos com o produto, acrescentou.
Entretanto, o PROBEM enfrenta uma dificuldade legal. Ainda depende da aprovação de uma legislação que regulamenta o acesso aos recursos genéticos brasileiros. Diante desse vazio legal, vigora a Convenção Mundial sobre Diversidade Biológica, que submete o acesso á autorização do Estado nacional. Sem isso, a retirada de qualquer material genético por estrangeiros é ilegal, esclareceu o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho. Fazem falta regras para empresas seriamente interessadas em desenvolver produtos biotecnológicos possam fazer a prospecção biológica, afirmou Allegretti.
Os negócios nessa área são quase bilionários. Somente os medicamentos representaram US$ 300 bilhões em 1998 e cerca de 40% deles com origem em fontes naturais, segundo a Bioamazônia. A isso somam-se perfumes, cosméticos alimentos e insumos industriais. O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo. Apenas na Amazônia concentram-se de 10 a 15 milhões dos 30 milhões de insetos do mundo e 22% de todas espécies vegetais. “Uma riqueza extraordinária”. É preciso converter isso em realidade econômica, de forma sustentável, em negócios harmônicos com a conservação da diversidade biológica, reconhecem as autoridades ambientais. A “lógica econômica” impede que tenha êxito uma política limitada à repressão das atividades prejudiciais ao meio ambiente, afirmou Allegretti.


MEIO AMBIENTE - Biodiversidade

Biodiversidade

Das cerca de 250 mil espécies de plantas existentes hoje no mundo, 55 mil estão no Brasil. O país possui a mais extensa coleção de palmeiras (359 espécies) e de orquídeas (2,3 mil) e a maior variedade de vegetais com importância econômica mundial, como o abacaxi, o amendoim, a castanha-do-pará, a mandioca, o caju e a carnaúba. Pertencem à fauna brasileira 10% de todos os anfíbios e mamíferos existentes e 17% de todas as espécies de aves. O Brasil ainda abriga a maior diversidade de primatas do planeta, com 55 espécies. Para explorar racionalmente essa riqueza, está sendo instalado na Zona Franca de Manaus o Centro da Biodiversidade da Amazônia (CBA). O complexo de laboratórios de pesquisa é o principal projeto do Programa Brasileira de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Probem). Com um orçamento de 60 milhões de dólares - 40% financiados pelo governo e 60% por entidades e empresas privadas -, o Probem irá desenvolver tecnologias para montar uma central produtora de extratos naturais, provavelmente a maior da América do Sul, com base na biodiversidade da Amazônia. O mercado brasileiro de fitoterápicos (ervas e produtos naturais) movimenta 1 bilhão de dólares, de acordo com dados os Probem. A intenção do programa é transformar o CBA em um centro de referência nessa área, além de estabelecer contatos com as indústrias farmacêuticas internacionais para a pesquisa de princípios ativos de novos fármacos. Já existem cerca de 120 produtos de uso na medicina alopática baseados em plantas brasileiras. O mercado de fármacos gera 350 bilhões de dólares no mundo e 11 bilhões de dólares no Brasil.


MEIO AMBIENTE – Biodiversidade

Biodiversidade do Brasil vale R$ 4 tri segundo Ibama

Finalmente o Brasil vai saber o quanto custa um dos maiores patrimônios do País: a natureza. Detentor de cerca de 20% da diversidade biológica do planeta, o País ainda não tinha idéia da valorização dos recursos naturais. Mas um grupo de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) calculam, inicialmente, que nossa biodiversidade vale hoje em torno de R$ 4 trilhões, cinco vezes mais o Produto Nacional Bruto.
Até 2002, o governo espera ter exatamente os valores dos recursos naturais. Tanto é que o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e centro de pesquisas de várias universidades brasileiras estão começando a fazer este levantamento. As duas primeiras pesquisas foram iniciadas nos Parques Nacionais do Iguaçu e de Superagüi, no Paraná, onde ficou constatado que a valorização está muito abaixo do esperado.
O estudo nas duas áreas demonstrou, por exemplo, que a relação dos benefícios ecológicos e recreativos que proporcionam ao País são poucas e o que oferecem está muito acima dos gastos do governo com conservação, preservação e manutenção. O Parque do Iguaçu foi escolhido por estar entre uma das maiores biodiversidades do mundo.
O Parque Superagüi faz parte do Complexo Estuarino Lagunar, um dos mais valiosos ecossistemas costeiros do mundo. Tem um dos mais raros bancos de dados genéticos de conservação da Mata Atlântica, onde se localiza, e de organismos marinhos. Sua preservação é maior porque o acesso de visitantes é difícil.
A pesquisa será feita em sete áreas – Amazônia, cerrado, Mata Atlântica, caatinga, zonas costeiras, manguezais e campos sulinos – além dos parques nacionais. Segundo o gerente de Conservação de Ecossistemas do Ibama, Moacir Bueno Arruda, também coordenador do projeto, o estudo vai, além de facilitar o trabalho diário de preservação ambiental, reforçar o peso econômico do patrimônio natural do País.
Os técnicos definiram onde serão realizados os próximos levantamentos. Os mangues – um dos sistemas mais frágeis – serão analisados em Florianópolis , enquanto que o bioma do cerrado está sendo feito no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Os dois trabalhos devem ser concluídos ainda este ano. Na Amazônia, os técnicos iniciaram os estudos preliminares e levantarão também os recursos hídricos, além dos florestais. Em seguida, serão pesquisadas as caatingas, que possuem uma das vegetações mais raras do mundo.

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