quinta-feira, 6 de julho de 2017

VENDO DE PERTO AS ESMERALDAS COLOMBIANAS

VENDO DE PERTO AS ESMERALDAS COLOMBIANAS



                A Colômbia é conhecida como fonte das melhores esmeraldas produzidas atualmente, bem como o país que mais produz essa pedra preciosa (60% da produção mundial). Foi lá também que se encontrou, em 1999, o maior cristal de esmeralda já visto, com 2,5 kg, e que até junho de 2011 pelo menos não havia sido lapidado.    
          Recente viagem a Cartagena, importante cidade turística daquele país, permitiu-me ver de perto essas famosas esmeraldas e comprovar que são, de fato, muito bonitas. Há muitas joalherias espalhadas pela cidade, principalmente na sua parte antiga, e esmeraldas, claro, são a gema que elas mais vendem e exibem, tanto no estado bruto (foto abaixo) quanto lapidado. 

            Mesmo sabendo que se está no país que é o maior produtor do mundo, é natural que se tenha dúvida se aquela pedra linda que nos chamou a atenção tem realmente qualidade acima da média e se o preço que pedem por ela está, de fato, abaixo dos preços médios praticados no mercado internacional.  Tudo nos leva a crer que que estamos vendo esmeraldas lindas e a preço mais baixo do que pagaríamos no Brasil, mas será mesmo assim ?
            O Boletim Referencial de Preços, editado no Brasil, informa o preço de duas categorias de esmeraldas colombianas quanto à qualidade: boa (primeira) e excelente (extra). Mas, como o consumidor leigo no assunto pode saber qual é a boa e qual a extra? E qual a que não chega a ser nem boa?
Em Cartagena, uma das joalherias que visitamos reconhece quatro categorias: verde-escura, verde-clara, verde-azulada e verde-amarelada (da mais valiosa para a menos valiosa). Não sei se esta classificação é amplamente usada lá, mas ela existe e é, sem dúvida, bem mais compreensível para quem não é especialista.
Gosto não se discute, não é?  Pois então deixem-me dizer que, para mim, as esmeraldas verde-claras que vi eram mais bonitas, de cor mais viva, que as verde-escuras, que são mais caras.
            E com relação ao preço? São as gemas vendidas em Cartagena realmente mais baratas que as vendidas no Brasil?  Deve-se lembrar que aquela é uma cidade que vive do turismo, e cidades turísticas costumam ter preços altos. Em se tratando de um produto que sabem ser o melhor do mundo, com mais razão ainda pode-se esperar preços altos.
            Uma esmeralda de 2 ct (dois quilates ou 400 miligramas) muito bonita me foi oferecida lá por 3.400 dólares, ou seja, 1.700 dólares por quilate. Consultando de novo o Boletim Referencial de Preços, vê-se que, no Brasil, uma esmeralda colombiana lapidada de 1-2 ct vale entre 1.500 e 2.300 dólares por quilate se for boa e entre 2.300 e 4.500 dólares se for excelente. Gemas de 2 e 3 ct valem 2.500 a 3.500 dólares se forem boas e 3.500 a 8.000 dólares por quilate se forem excelentes. 
Portanto, dá para dizer, que os preços de Cartagena são, sim, baixos em relação aos praticados no Brasil. Mas recomenda-se pechinchar, porque os vendedores sempre reduzem o valor pedido inicialmente (e, além de pechinchar, peça uma esmeralda bruta de brinde).
E as joias de esmeralda vendidas na Colômbia? Pelo que vi, são bonitas, com um design predominantemente clássico. A montagem é feita sobretudo com ouro, tanto branco quanto amarelo. O conjunto acima, em ouro branco, com peças de 12 mm x 8 mm, pode ser comprado por 680 dólares.
            Das muitas joalherias, recomendamos a Joyería Caribe, que tem anexo um pequeno museu. Nele se podem ver esmeraldas brutas  classificadas pela cor, pequena réplica de uma mina subterrânea, cristais brutos belíssimos, como o da foto abaixo (com cerca de 3 cm), soltos ou na rocha, e outras coisas, além de observar ao vivo lapidadores trabalhando.










As esmeraldas colombianas ocorrem em veios com calcita, quartzo e pirita (foto abaixo). Elas provêm de várias minas, algumas das quais já produziam quando os espanhóis chegaram à América do Sul.


 As mais famosas são Muzo, El Chivor e Somondoco, mas há também Coscuez, Maripi, Peña Blanca e La Pita. A zona produtora fica na cordilheira dos Andes e ocupa uma área de 50 km x 250 km. Perguntei se era possível visitar essas minas, mas me disseram que não é uma viagem segura, mesmo para os colombianos. Mas, já foi muito bom ver o que vi em Cartagena.
Fonte: Percio M. Branco

História e arte das joias

História e arte das joias

Os adornos/ornamentos são na verdade símbolos, uma forma de linguagem, uma forma de se destacar. Os povos do período Paleolítico já sabiam disso.
Desde os tempos antigos, pedras, conchas e outros materiais eram usados como ornamentos com finalidades de talismã ou símbolo de status e poder. No entanto, não é possível precisar quando se iniciou a história da joia.
Um dos achados mais antigos são conchas com mais de 75.000 anos, foi encontrado na África do Sul.
Conchas de 75000 anos encontradas na caverna de Blombos, na África do Sul. Conchas de 75.000 anos encontradas na caverna de Blombos, na África do Sul.

Período Histórico: de 5.000 a 1.000 a.C

Escavações em Arpachiyah (atual norte do Iraque) foram encontradas “obsidianas”, vidro negro translúcido, nos vulcões do Lago Van era um dos materiais comuns na região. O colar, considerado mais antigo do mundo, foi feito com fragmentos dele, datado de 5.000 a.C. Por ser raro, era considerado um luxo entre os povos da Mesopotâmia.
Entre a Idade da Pedra e a Idade dos Metais, com o domínio das ainda rudimentares técnicas de fundição, materiais como o cobre, o bronze e o ferro alavancaram o desenvolvimento humano e ganharam destaque na joalheria.
As escavações na cidade de Ur, antiga Suméria (atual sul do Iraque) revelaram ricas coleções de joias de 3.000 a.C, feitas com lápis lazuli, ouro, prata e cornelians. Essas peças mostram que havia técnicas avançadas na joalheria da época, com colares, braceletes e brincos feitos de cornalina, lápis lázuli, jásper, feldspato e turquesa.
A arte da joalheria no EGITO deu um salto considerável durante o Império Médio e no Império Novo (1.567 a 1.085 a.C.) devido ao ouro que fascinava os egípcios pelo seu brilho. Entre as pedras, cornalina, ametista, lápis lazuli, feldspato, jásper e turquesa eram as favoritas.
Colar de 5000 a.C - Museu Britânico Colar de 5.000 a.C - Museu Britânico
Contas de ouro e cornalina Contas de ouro e cornalina
Pendente de Tutankamon Pendente de Tutankamon
Nesse período, no Oriente Médio, Ur perde seu esplendor porque o ouro se tornou uma fonte escassa. Com isso, desenvolveu-se uma nova técnica para valorizar as peças dando maior efeito, com o uso de menor quantidade de ouro: a filigrana.
Com o comércio entre a Turquia, a Mesopotâmia e o Egito, os artesãos passaram a conhecer técnicas e estéticas novas.
Entre 1.400 e 600 a.C. surgiram novas técnicas de fundição dos metais, principalmente na Europa e na Ásia. Torções para fazer braceletes, lapidações para incrustar riscas e linhas e fusões em alta temperatura para esculpir gravuras fazem parte dessa fase.
Entre 1.000 e 700 a.C., mais um salto na história: o desenvolvimento dos pins de bronze em Luristan, nas montanhas do sudoeste do Irã. A partir daí foram criadas outras peças, como gargantilhas, broches e brincos, em harmonia com os ideais de beleza da época.
Arte filigrana etrusca- Século VII Arte filigrana etrusca- Século VII
Anéis flores de lótus (1.440 – 1.220 a.C) Egito Anéis flores de lótus (1.440 – 1.220 a.C) Egito
Pins de bronze encontrados em Luristan Pins de bronze encontrados em Luristan
O povo CITA (Scythians), que habitava o território que compreendia a China, às margens do Danúbio e a Rússia, em 700 a.C., eram nômades e excelentes cavaleiros e arqueiros. Indícios descobertos recentemente permitem identificá-los como um dos primeiros povos indo-europeus e como os maiores ourives do mundo antigo.
Não desenvolveram a escrita, nem cunharam moedas para servir como fonte de informação, mas os objetos de ourivesaria recuperados nos kurgans (montes funerários situados no sul da Rússia e Ucrânia) revelam detalhadamente a maneira de viver e seus costumes deste povo nômade, complexo e criativo.
Os FENÍCIOS, no leste do Mediterrâneo usavam a estética das artes, presente na Espanha, na Tunísia e na Síria, para desenvolver joias. As peças fenícias eram extremamente trabalhadas, com efeitos suntuosos em colares de vidro colorido, com forte inspiração egípcia.
Pente cita encontrado em uma tumba na Ucrânia Pente cita encontrado em uma tumba na Ucrânia
Kurgan em Quirguistão Kurgan em Quirguistão
Bracelete fenício encontrado em Tharros, na Sardenha Bracelete fenício encontrado em Tharros, na Sardenha
Enquanto isso, os GREGOS mesclavam a delicadeza de seu estilo com motivos orientais, modelando rostos, flores e símbolos animais para compor placas de ouro, prata e marfim
Os ETRUSCOS, por sua vez, se destacaram com sofisticadas técnicas de filigrana e granulação.
Os PERSAS faziam serpentes e dragões esculpidos em braceletes de ouro.
Diadema grego 300-350 a.C Diadema grego 300-350 a.C
Fíbula Etrusca no Século VII a.C - Técnica Granulação Fíbula Etrusca no Século VII a.C ´Técnica Granulação
Bracelete Persa Século IV a.C Bracelete Persa Século IV a.C
A cultura helenística dominou o mundo antigo com as conquistas do imperador Alexandre, o Grande. Motivos artísticos, como o camafeu, formas, e sistemas de decoração foram as inovações deste período. Desenvolve-se uma técnica para enfatizar o contraste entre as pedras e o vidro colorido. Esta técnica chama-se Inlay.
No decorrer da história, os ROMANOS, que dominaram os territórios onde a cultura helenística predominava, criaram peças com pérolas e esmeraldas. Mas, eles se renderam aos encantos da tradição helenística, incorporando os desenhos mais rebuscados e as gemas coloridas.
Nas AMÉRICAS, os ornamentos metálicos não eram feitos só de ouro, prata, cobre ou platina, mas de combinações entre eles. Isso porque a pureza de certos metais era permitida apenas para a alta cúpula da sociedade.
Entre os maias, porém, o ouro não era o metal mais valorizado, e sim a jade, pois na cosmologia a pedra simbolizava o céu.
Bracelete Período Helenístico Bracelete Período Helenístico
Bracelete do período romano – Séc. III a.C (França) Bracelete do período romano – Séc. III a.C (França)
Deuses Incas (em ouro e pedras preciosas) Deuses Incas (em ouro e pedras preciosas)
Cabeça de jade encontrada em Altun Ha, em 1968. Cabeça de jade encontrada em Altun Ha, em 1968.

Período Histórico: Séc. I ao Sec. XVI

Na Idade Média a arte sofre grande influencia religiosa. Deus é o centro do universo (teocentrismo) e a Igreja, como representante de Deus na Terra, possuía poderes ilimitados. Esta influencia marcante na vida da sociedade, também influenciou a joalheria. Os ourives combinavam formas intrincadas com arabescos em filigrana de ouro, diamantes, esmeraldas, pérolas, rubis, safiras, turquesas e topázios.
O IMPÉRIO BIZANTINO se destacava por suas joias. Depois da época iconoclasta (de 730 a 787 e 813 a 834), que proibia o culto às imagens foi inventado o ouro fundido com o vidro esmaltado, uma técnica que logo se tornou sua especialidade.
Atravessando as fronteiras do império, a joalheria bizantina conquistou vastos territórios com seus adereços de ouro e seus ícones com o cloisonné enamel.
No período Renascentista a joalheria deixou de ser patrocinada pelo clero e passou a ser patrocinada pela burguesia. O ofício de ourives começou a ganhar status de arte assim como a pintura e escultura.
No final do século 14, o ourives cede lugar ao joalheiro, que introduziria novas modas, com desenhos elegantes e poéticos, flertando com temas da natureza para seus camafeus.
Coroa da Princesa Blance (1370-1380) Coroa da Princesa Blance (1370-1380)
Pendente com imagem de São Jorge – Período Bizantino Pendente com imagem de São Jorge – Período Bizantino
O berço do Renascimento foi na Itália, mais precisamente Florença, cidade onde viveu a família Médici, família que financiou diversos artistas do período. Durante a renascença a cidade abrigou os principais artistas desta época como: Rafael, Donatello, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Cellini (ourives e escultor) entre outros. As joias conquistam status de obras de arte, tanto que os mecenas passaram a contratar ourives para novas criações.
Pendente do período renascentista Pendente do período renascentista
Tesouro dos Médici - Renascimento Tesouro dos Médici - Renascimento

Período Histórico: Final Século XVII - XX

O Estilo Barroco foi marcado pelos conflitos espirituais da humanidade. O homem se colocava entre o paganismo e o cristianismo, assim como entre a matéria e o espírito, o antropocentrismo e o teocentrismo.
As linhas curvas e os temas de natureza eram usados com uma nova linguagem. As inspirações vinham das flores e dos pássaros das Américas. Outro tema muito presente na joalheria desta época foram os laços. De formas assimétricas, eram trabalhados em ouro ou em tecidos unidos com pendentes.
O estilo neoclássico, que iniciou nos fins do século XVIII e durante quase todo o século XIX, teve sua origem às escavações das cidades de Herculano e Pompéia. O imperador francês Napoleão I e sua corte vestiam-se com roupas que lembravam o estilo clássico greco-romano em muitos detalhes, assim como as joias que os adornavam.
Os ourives e joalheiros da época passaram a pesquisar, na história da antiguidade clássica, antigas técnicas de confecção de joias, chegando assim aos etruscos.
Joia em estilo Barroco Joia em estilo Barroco
Joias da Imperatriz Marie Louise dado como presente de casamento por Napoleão I Joias da Imperatriz Marie Louise dado como presente de casamento por Napoleão I
Joias de Caroline Bonaparte, irmã de Napoleão I Joias de Caroline Bonaparte, irmã de Napoleão I
No século XX, o estilo Art Nouveau ou Belle Époque como ficou conhecida na França, marcou o retorno da arte barroca, a reinterpretação da natureza em formas delicadas de flores estilizadas e utilização da platina e elementos como o marfim.
Na década de 30, atrizes de Holywood ditavam a moda. Com a crise econômica em 1929 materiais sintéticos foram empregados na joalheria para compor o “look”. O novo estilo ficou conhecido como Art Déco, evidenciando as formas geométricas inapiradas no Cubismo de Pablo Picasso.
Ainda no século XX, graças a estilistas como Coco Chanel, novas joias conquistaram o coração das mulheres: a “Bijuterie Fantasie”, com design especial, feitos com materiais não preciosos em contraposição à ostentação das peças de joalherias. Era um período de início da II guerra Mundial e as mulheres tinham um novo papel social neste contexto, por isso a necessidade de se criar uma linha de joias mais acessíveis e versáteis.
Art Nouveau – Philippe Wolfers Art Nouveau – Philippe Wolfers
Art Déco - Jean Depres Art Déco - Jean Depres
Pérolas feitas em resina Pérolas feitas em resina
Com o fim da guerra, a Europa voltou a abrir suas portas para o glamour e as mulheres, ansiosas para mostrar um aspecto renovado, aguardavam inquietas pelas novidades. O ouro seguia gozando de popularidade, agora com texturas nas superfícies e gemas em combinação de cores turquesa e coral. Porém, a gema preferida das mulheres seguia sendo a pérola.
Até os anos 50 existiam duas formas de fabricação de joias: as industrializadas, feitas com gemas raras e as joias artesanais, feitas com materiais mais acessíveis e a estética e a arte eram mais importantes que os materiais.
Nos anos 60 e 70 a forma era mais valorizada que o material. O design passa a ser valorizado pelo conceito e o uso de plástico e até papel eram utilizados na composição das peças.
As joias dos anos setenta eram puramente bijoux caracterizadas por três tendências: flores no início da década, linhas geométricas e referências a moda indiana. Colares longos, pulseiras, anéis e brincos de metal com muitos fios que foram enfeitados com pérolas, encantos ou pequenas flores do plástico ou metal.
Peças de John Jesse e Irina Laski Peças de John Jesse e Irina Laski
Brincos Paco Rabanne – 1960 Brincos Paco Rabanne – 1960
Bijuteria em fio dourado Bijuteria em fio dourado
Anel em ouro e diamantes - Van Cleef & Arpels - 1972 Anel em ouro e diamantes - Van Cleef & Arpels - 1972
No final da década, com o movimento punk, a moda era o uso de adornos feitos de correntes de bicicletas, cruzes, caveiras e alfinetes. É o período de exagero, a grande jóia flashy, tecidos, laminados. Anos 80.
Os anos 90, ao contrário da década anterior, são caracterizados por um retorno ao minimalismo em relação a joias e roupas.
As joias são inspiradas nos estilos do passado: civilização grega e romana, Art Nouveau e Art Deco, nos anos quarenta, cinquenta e sessenta. Ouro branco, quase sempre combinado com diamantes, enquanto o ouro amarelo ressurge, especialmente na segunda metade da década. As gemas, em geral, em lapidação cabochon muito pequeno ou grande.
Fonte: Pérolas do Tempo

A geladeira-Inventada na metade do século passado

A crítica do jornal americano The New York Times foi contundente: “Existe um excêntrico na cidade de Apalachicola, Flórida, que pensa poder fazer gelo tão bem quanto Deus Todo-poderoso”. O excêntrico era John Gorrie, devotado médico americano que passou boa parte da vida interessado em melhorar as condições dos doentes, na maioria marinheiros sofrendo de febre amarela, que eram tratados em seu hospital. Gorrie, nascido em Charleston, Carolina do Sul, em 1803, tinha se mudado aos 30 anos para a cidade portuária de Apalachicola, conhecida por seu clima extremamente quente e úmido. A partir de 1838, ele teve a idéia de pendurar sacos de gelo nas salas do hospital, para tornar mais ameno o ar que seus pacientes respiravam.
O difícil era conseguir gelo em quantidade suficiente. Frederic Tudor, um mercador de Massachusetts, tentou resolver a questão armazenando gelo dos lagos e rios no inverno, para depois vendê-lo nas cidades quentes no verão. A conservação era feita em silos isolados com serragem. Mas a entrega era irregular e a quantidade não dava para o consumo. O preço era também exorbitante: 2,75dólares o quilo, um absurdo na época. Diante disso, em 1850 Gorrie resolveu pôr em prática seus conhecimentos de Física: construiu uma máquina a vapor que movia um pistão dentro de um cilindro. Em volta do sistema ha via um recipiente com água salgada, que congela a uma temperatura mais baixa que a água pura.
O pistão comprimia e expandia alternadamente vapor de água, que por sua vez roubava calor do meio externo – o recipiente de água e sal – para passar do estado líquido ao gasoso. Quando a água salgada não tinha mais calor para ceder ao gás, os dois se resfriavam. O ar então era liberado no ambiente, enquanto a água salgada congelava ainda outro frasco de água doce colocado no recipiente. Assim, de uma só tacada Gorrie tinha inventado o ar-condicionado e a geladeira. Ele foi também o primeiro a fabricar um aparelho comercialmente viável. A primeira apresentação pública da engenhoca se deu em 1850, no dia 14 de Julho, quando os franceses comemoram o aniversário da queda da Bastilha.
Como todos os seus colegas no mundo inteiro, todos os anos o cônsul da França em Apalachicola dava uma festa nesse dia. Mas, ao contrário dos outros anos, nenhum navio havia aportado ali trazendo um gênero de primeira necessidade para comemorar comme il faut a data nacional francesa – o gelo, indispensável para resfriar o champanhe. O pobre cônsul já se resignara a servir a bebida morna, quando quatro empregados do bom doutor Gorrie entraram no salão, cada um com uma bandeja de prata onde luzia ffi um bloco de gelo do tamanho de um tijolo. “A um gênio americano”, brindou o cônsul.
Gorie cabou obtendo a patente da maquma que até hoje obedece ao mesmo mecanismo de funcionamento – com a diferença essencial de que, com o advento da eletricidade, o sistema deixou de ser movido por uma máquina a vapor, substituída pelo motor elétrico. Mas, nos idos de 1850, o invento não chegou a impressionar os incrédulos banqueiros a quem o médico procurou em busca de dinheiro para construir uma fábrica. “Uma tonelada de gelo poderá ser feita em qualquer lugar da Terra por apenas 2 dólares”, dizia ele, em vão. Gorrie morreu desacreditado e pobre em 1855. Pouco antes, previra que seu sistema seria usado em navios e residências. A previsão começou a se cumprir por volta de 1880. Na época, mergulhada numa grave crise de abastecimento, a Inglaterra apelou à Austrália para que substituísse por carne o carregamento normal de sebo e lã de carneiro destinado a Londres.
Mas atravessar quase meio mundo com uma carga como essa era ainda algo inimaginável. Foi quando dois ingleses, Thomas Mort e James Harrison, instalaram na Austrália uma indústria para resolver o problema. Em 1879, Harrison comemorou prematuramente a partida do navio S.S. Norfolk, que levava 20 toneladas de carne resfriada com uma mistura de água e sal. O sistema, porém, não suportou a longa trajetória e a carne chegou deteriorada à Inglaterra. Só um ano depois, quando o processo de Gorrie foi utilizado, o S.S. Strathleven pôde aportar em Londres com a carga em boas condições. O povo matou o jejum de carne e até a rainha Vitória foi presenteada com uma perna de carneiro congelada.
A partir de então, o “gelo artificial”, como se dizia, passou a ser conhecido por toda a Europa. Na Alemanha, o cervejeiro Gabriel Seldmayr, dono da renomada Spaetenbrau de Munique, encomendou ao amigo Carl von Linde, talentoso engenheiro alemão, uma máquina refrigeradora que permitisse a fabricação da cerveja o ano inteiro e não só nos meses de inverno. Pois o processo adotado exigia semanas de fermentação a temperaturas próximas a zero. Von Linde aperfeiçoou a invenção de Gorrie e substituiu o vapor de água por amônia. No novo processo, quando o gás é comprimido, torna-se líquido, sendo então forçado a circular por uma condensador (a parte de fica atrás nas geladeiras modernas), onde perde o calor adquirido na compressão.
Em seguida, atravessa uma válvula de evaporação, como as que existem nos dispositivos spray, que diminui a pressão exercida sobre a amônia e faz com que ela passe novamente para o estado gasoso. Nesse momento, as moléculas de amônia em expansão precisam de mais calor para se movimentar num espaço maior. O calor é obtido do compartimento interno da geladeira, que assim acaba por resfriar-se. O gás chega então ao compressor e o processo recomeça. Aclamado por sua adaptação, Von Linde passou a interessar-se pela construção de refrigeradores domésticos. Em 1891, chegou a vender 12 mil aparelhos para cidadãos particulares.
Seu sistema ainda hoje é o mais utilizado, embora a amônia tenha sido substituída na década de 20 pelo composto clorofluorcarbono (CFC), que tem o mesmo rendimento, não é tóxico para o homem, mas – descobriu-se há pouco tempo – corrói a camada de ozônio que protege a Terra dos raios solares. Ainda nos anos 20, surgiram as famosas geladeiras a querosene. O combustível aquecia uma mistura de água com amônia. Essa se desprendia, sendo forçada, em estado gasoso, a passar por uma serpentina, num processo semelhante ao anterior. A máquina continua a ser usada onde não há eletricidade. Da evolução da geladeira, surgiram os freezers, que mantém o alimento congelado a uma temperatura de menos 18 graus centígrados. Para o engenheiro Walter Haddad, professor de Refrigeração da Faculdade de Engenharia Industrial de São Paulo, as máquinas de gelar do futuro utilizarão a tecnologia dos supercondutores que começa a engatinhar. “Essas geladeiras”, prevê Haddad, “usarão menos energia e serão muito mais duráveis.”
Fonte: Superinteressante

O ábaco é um instrumento antigo usado para resolver problemas matemáticos

Ábaco





Muito antes da invenção da calculadora ou do computador, as pessoas realizavam cálculos com um instrumento manual chamado ábaco. O ábaco é feito com contas, ou miçangas, colocadas em fios esticados e pregados em uma moldura. Cada fio representa as unidades, as dezenas, as centenas, e assim por diante.
O ábaco foi provavelmente inventado pelo povo sumério, da Mesopotâmia. Os egípcios, gregos, romanos, indianos e chineses também usavam o ábaco para fazer contas.
Por volta do ano 700 d.C., na Índia, foi criado um sistema de anotar os números que tornou possível fazer somas por escrito com a mesma facilidade do ábaco. Esse sistema foi adotado pelos árabes, que o aperfeiçoaram e o levaram para a Europa há mais de mil anos. Como a forma de fazer cálculos se tornou mais simples, o ábaco foi abandonado em muitos lugares do mundo, mas ele ainda continua a ser usado por pessoas da China, do Japão e do Oriente Médio.

Fonte: Seleções

Guglielmo Marconi- O RÁDIO

Guglielmo Marconi







Guglielmo Marconi foi o cientista e inventor italiano que criou o primeiro telégrafo sem fio, isto é, um telégrafo que mandava mensagens através do ar. Essa invenção foi o ponto de partida para o rádio.
Marconi nasceu em Bolonha, na Itália, no dia 25 de abril de 1874. Aos vinte anos, passou a estudar as ondas de rádio, que são um tipo de energia que transporta sinais elétricos através do ar. Ele concluiu que essas ondas podiam ser usadas na comunicação.
Na época, para receber e enviar mensagens codificadas sob a forma de sinais elétricos, o telégrafo utilizava um sistema de fiação. Marconi criou o telégrafo sem fio, enviando sinais elétricos através de ondas de rádio. Dessa maneira, os sinais viajavam pelo ar, sem ter de passar por fios. Em 1897, ele montou uma estação de telégrafo sem fio na Inglaterra, o que lhe rendeu muito dinheiro.
Em 1901, Marconi enviou pela primeira vez sinais de rádio através do oceano Atlântico. Alguns cientistas, que acreditavam que as ondas viajavam em linha reta, consideravam o feito impossível, pois, como a superfície da Terra é redonda, as ondas acabariam por se desviar no espaço. Marconi acreditava que as ondas longas que ele usava acompanhariam a curvatura da Terra, e estava certo.
O telégrafo sem fio de Marconi mandava mensagens em forma de código, como os telégrafos anteriores. Outros cientistas aprimoraram a invenção, que passou a permitir a transmissão de voz e música.
Marconi recebeu o Prêmio Nobel da Física em 1909 e continuou a fazer experiências até sua morte, em Roma, na Itália, no dia 20 de julho de 1937.
Fonte: Terra