Entre euforia e preocupação
A perspectiva de
crescentes investimentos no Brasil, decorrente de fatores como o bom
momento pelo qual passa a economia nacional, a alta das commodities
metálicas e a concessão do grau de investimento para o País pelas
principais agências internacionais, convida o setor mineral a sonhar com
um horizonte favorável e promissor.
No contexto mundial, também merece destaque o acentuado surgimento de
novos consumidores, sobretudo em países emergentes como a China e a
Índia, que tem como conseqüência a iminente necessidade de investimentos
em infra-estrutura, habitação e bens de consumo, como automóveis e
eletrodomésticos da linha branca.
O Brasil está entre os cinco principais países com economia mais
atrativa para locação de investimentos estrangeiros diretos (atrás da
China, Índia, Estados Unidos e Rússia, respectivamente), de acordo com
levantamento feito pela World Investment Prospects Survey, para o
período de 2007 a 2009.
Entretanto, enquanto no mundo foram investidos em exploração mineral US$
10,3 bilhões, em 2007, no Brasil investiu-se, no mesmo período, pouco
mais do que 3% desse total – US$ 376 milhões (Fonte: Dipem + RAL/DNPM).
Com esse aporte, o País empata com a China e fica abaixo do Canadá
(19%), da Austrália (12%) e de países como Peru e Chile (4% e 5%).
Esse e outros assuntos políticos, econômicos e técnicos, sobre o setor
de mineração brasileiro, incluindo as comemorações pelos resultados e a
expectativa de aumentar os investimentos no País, foram amplamente
debatidos durante o III Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral
(Simexmin). Realizado de 18 a 21 de maio, em Ouro Preto (MG), pela
Agência de Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Mineração
(Adimb), o evento reuniu cerca de 1.100 participantes, do Brasil e do
exterior.
Tabus anacrônicos
Diante do potencial brasileiro e da expectativa por mais e melhores
investimentos, alguns participantes do Simexmin manifestaram suas
preocupações em relação aos problemas nacionais que ainda persistem e
impedem que o País assuma definitivamente o seu papel de destaque no
cenário internacional da mineração.
Entre essas vozes, ecoou forte a de Onildo João Marini,
coordenador-geral do evento e secretário executivo da Adimb. Segundo
ele, o Brasil tem potencial para figurar ao lado dos países que mais se
destacam internacionalmente no setor – Canadá e Austrália. Marini disse
mais: “Podemos até superá-los, se levarmos em conta que lá fora já foi
prospectado e extraído muito mineral. Eles poderão, certamente,
descobrir novos depósitos, mas não como o Brasil que tem todo um caminho
pela frente, desde que crie atrativos para promover a entrada de
investimentos”.
Marini destacou que o País recebe poucos aportes de recursos externos
para exploração mineral, conforme indicam os números do Metals Economics
Group (MEG). Isso, segundo ele, “sem falar em investimentos em urânio,
que, nos últimos tempos, teve o preço elevado de US$ 10/libra para mais
de US$ 130/libra e, mesmo assim, sua prospecção continuou praticamente
parada no Brasil. No mundo, foram aplicados cerca de US$ 1,5 bilhão no
segmento mineral”.
O urânio, que pode vir a ter papel importante na geração de energia
elétrica no País, é, para Marini, um dos exemplos do que ele chama de
“tabus anacrônicos persistentes” do Brasil: “O mineral já é
reconhecidamente aceito como gerador de energia limpa, tanto que a
França, que é um dos países mais críticos em termos ambientalistas, tem
70% da sua energia elétrica gerada a partir desse mineral”.
Partilha dessa preocupação o consultor John M. Albuquerque Forman, que
falou sobre o assunto no III Simexmin: “A prospecção e pesquisa para
minerais radioativos no Brasil, que foi interrompida em 1982, não
alcançou mais do que 30% do território nacional. Além disso, o urânio
associado aos minérios fosfatados e ao carvão, por exemplo, nem é
computado nas reservas que são divulgadas”.
Segundo Forman, considerando-se as estimativas potenciais do Brasil,
mesmo com eventuais perdas no processamento do urânio até a produção do
elemento combustível, da ordem de 30%, um programa de geração de energia
que inclua as usinas de Angra 1, 2 e 3, mais outras quatro centrais
energéticas de capacidade igual à de Angra 2 (1.350 MW), com vida útil
de 60 anos, e somando-se ainda a demanda prevista pelo Centro
Tecnológico da Marinha de São Paulo (CTMSP), consumirá apenas cerca de
30% das reservas hoje conhecidas (RAR).
“Hoje o País conhece reservas de urânio que permitirão cobrir, com
grande sobra, a demanda prevista para as sete usinas nucleares
contempladas até 2030, no planejamento energético do governo”, resumiu o
consultor. Ele acrescentou ainda que é preciso revisar a política de
monopólio estatal do mineral, com todas as salvaguardas necessárias, a
exemplo do que foi feito com o petróleo, cujos resultados não deixam
dúvidas sobre as vantagens dessa medida.
De acordo com Marini, a falta de condições para investimentos faz com
que empresas como Votorantim, Vale, Yamana e outras tenham um grande
portfólio de atividades no exterior: “Embora até estejam mantendo o
nível de investimento aqui, elas aumentaram o volume de recursos
aplicados lá fora. As autoridades brasileiras têm de atentar para o fato
de que a atividade de mineração é global e quem oferece melhores
condições, quem é mais ‘amigável’, recebe mais capital. É uma questão de
vantagem competitiva”.
Além disso, o dirigente da Adimb também inclui, entre os tabus
brasileiros do setor, a dificuldade de se obter a licença ambiental que,
às vezes, leva anos para ser deferida: “Há muitos empecilhos e até má
vontade. Com as mudanças no Ministério do Meio Ambiente, acreditamos que
haverá melhorias nesse aspecto. Nós somos muito lerdos para decidir.
Uma licença ambiental, às vezes, leva anos para obter deferimento. A
questão ambiental estava praticamente travada. Com a ministra Marina
Silva, o pessoal do Ibama (antes de separar Ibama e Instituto Chico
Mendes) era extremamente niilista. Só sabiam dizer não, demonstrando
compromisso só com a natureza e nenhuma preocupação com as necessidades
do País. Com a criação do Instituto Chico Mendes, isso mudou. O
licenciamento ficou no Ibama e o pessoal mais utópico, que, normalmente,
são os biólogos, foi para o Chico Mendes. E melhorou”, afirma.
Outra questão que preocupa o setor, segundo Marini, é a mineração em
terras indígenas, que precisa urgentemente de equacionamento: “Isso já
está previsto na Constituição, mas não se consegue chegar a uma
regulamentação sensata. Outros países já resolveram a questão, mas nós
estamos patinando e não conseguimos encontrar uma solução satisfatória. É
claro que essa solução passa necessariamente pela garantia de
benefícios aos índios. São 25% da Amazônia, de terras indígenas, onde as
empresas organizadas e sérias, que cumprem a lei, não têm como entrar”.
Para ele, a zona de fronteira também é outro tabu: “A faixa de 150 km
nas fronteiras em que há restrições, principalmente para empresas com
capital do exterior, é demasiadamente grande. São 12% do território
nacional. Por outro lado, a área de preservação ambiental também é muito
grande (mais de um milhão de km²) e, na prática, não impede a grande
proliferação de pequenos mineradores ilegais”.
O que diz o governo
Cláudio Scliar, titular da Secretaria de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral, do Ministério de Minas e Energia, um dos
participantes do Simexmin, destacou que a busca pelo aperfeiçoamento dos
órgãos ligados ao setor levou o governo a retomar os levantamentos
geológicos e aerogeofísicos básicos e a promover a estruturação da
gestão dos recursos minerais.
Nesse mesmo contexto, o diretor-geral do Departamento Nacional de
Pesquisa Mineral (DNPM), Miguel Nery, salientou a modernização da
autarquia com a implantação, em junho, dos sistemas de Pré-Requerimento
Eletrônico – versão 2.0, de Cadastro Mineiro (CadMin_Web) e do SigÁreas.
“Esses novos sistemas vão permitir a evolução da relação do usuário com
o DNPM.
Esses programas são integrados, garantindo segurança, agilidade e
transparência em todos os atos de outorga”, explicou. Segundo ele, “com
uma nova base de dados, segura e depurada de erros, o setor mineral será
beneficiado porque o DNPM terá condições de, cada vez mais, oferecer a
segurança jurídica nos atos de outorga que tanto o investidor necessita.
De sua parte, a autarquia, como órgão gestor, também terá maior
controle, sabendo quem está requerendo o quê”.
Nery informou que esse trabalho vem sendo desenvolvido há três anos e
que já foram feitos diversos testes que garantem a sua validação. De
acordo com o diretor-geral do DNPM, a modernização do órgão, incluindo
esse lançamento, tem sido possível com investimentos da ordem de R$ 6
milhões por ano, desde 2003.
“Nós pretendemos avançar na eliminação do nosso passivo, que hoje é de
cerca de 9 mil requerimentos, aproximando as duas curvas, a do alvará e a
do pedido, e reduzir ao menor prazo possível a emissão dos alvarás a
partir do recebimento do requerimento”, disse Nery.
O modelo canadense
Para Miguel Nery, “o Brasil concentra a maior indústria mineral e o
maior consumo de minerais da América Latina, tem o mais extenso
território com potencial para grandes jazidas minerais, é um grande
produtor de equipamentos, infra-estrutura e mão-de-obra especializada e
tem larga tradição mineira”.
No entanto, o ambiente de mineração, de acordo com Elmer Prata Salomão,
diretor da Verena Mineração, tem como características essenciais o
potencial mineral, que atrai os capitais, e o ambiente político ou
institucional do país, que dá a garantia de segurança para o aporte de
recursos.
Segundo ele, “além de ser um território fértil para a exploração
mineral, haja vista que ao longo dos anos vêm sendo identificados muitos
depósitos com potencial para atrair investimentos, o Brasil também
apresenta níveis de estabilidade política e econômica que jamais pôde
oferecer ao mundo, que consolidou o país como o caminho de capitais”.
A atração dos fundos institucionais, decorrente do grau de investimento
recebido pelo País, abre amplas perspectivas, a exemplo do que ocorre no
Canadá, onde esses fundos sustentam grande parte dos IPOs de projetos
de mineração nas bolsas de valores. Para o diretor da Verena Mineração, o
próximo passo será consolidar, na economia nacional, um modelo de
suporte à exploração mineral tal como o que a nação canadense
desenvolveu com o flow through share e outros mecanismos.
O Brasil tem a mesma dimensão econômica canadense, mas o seu mercado de
capitais ainda não está acostumado ao risco. Então, nos próximos anos,
esse mercado precisa desenvolver-se para trazer aportes adicionais de
recursos para a mineração. “Com isso, em breve, o Brasil se posicionará
entre os três ou quatro maiores países nesse setor”, prevê.
Um fator, mais político do que econômico ou técnico, tem perturbado esse
ambiente. Dentro das esferas governamentais brasileiras, segundo Elmer,
existe um desencontro de pensamentos. Enquanto o governo federal dá um
título de exploração mineral, as diversas agências do próprio governo
agem de forma diferenciada.
“Isso é muito complicado para o investidor estrangeiro. Na área mineral,
ele sabe quem vai estudar os seus processos e qual é o mecanismo para
isso. Mas, no segmento ambiental, por exemplo, ele não tem a menor
idéia. Eventualmente, um técnico de nível médio pode vir a decidir sobre
o investimento de milhões de dólares. Então, o governo tem que primeiro
alinhar e uniformizar os seus procedimentos”, reivindicou Salomão.
Ouro e níquel lideram
Em 2007, o ouro ficou com o maior investimento em pesquisa mineral no
Brasil, ou seja, R$ 68,7 milhões ou 29% do total investido no período.
Na seqüência, vieram o níquel com US$ 61,1 milhões (24%) e a bauxita com
US$ 18,7 milhões (7%).
A Vale é a empresa que prevê maiores investimentos, totalizando cerca de
US$ 350 milhões no seu programa de exploração mineral, que abrange
atividades nos cinco continentes, em mais de 20 países, entre os quais
Chile, Peru, Moçambique, Angola, Gabão, Argentina, Mongólia, Austrália,
China, Índia, Cazaquistão, Venezuela, Colômbia, Canadá, África do Sul e
Rússia. Suas atividades nesses locais envolvem bens minerais como cobre,
carvão, níquel, ferro, bauxita, fosfato, potássio e urânio.
Outro grupo que divulgou novos investimentos no setor foi a Votorantim
Metais. A empresa está investindo, em 2008, US$ 150 milhões em
exploração mineral, de acordo com seu diretor de exploração mineral,
Jones Belther. Desse total, o Brasil deverá absorver R$ 107 milhões, o
Peru, R$ 24 milhões, a Colômiba, R$ 10 milhões, e o restante será
aplicado em outros países.
A Votorantim Metais conta com 68 projetos em diferentes estágios de
desenvolvimento para zinco e níquel, sendo 14 joint ventures de
exploração mineral. Os mais avançados encontram-se no Brasil, onde são
desenvolvidos 41 projetos, atualmente. Os principais são o de Aripuanã
(MT), que tem recurso total de 41 milhões t, com teor de 5,16% de zinco
equivalente; o de Ferro-níquel, um projeto brownfield da Unidade de
Niquelândia (GO), que está em construção e tem início de produção
previsto para 2009, com 35 milhões t de recurso e teor de 1,30% de
níquel; e o de Montes Claros de Goiás (GO), que tem recurso total de 140
milhões t a 0,83% de níquel. Fora do País, há no Peru o projeto
Bongará, com previsão de recursos minerais de 17,7 milhões t e teores de
7,99% de zinco e 1,06% de chumbo.
A Yamana Gold, de acordo com seu vice-presidente de exploração, Darcy
Marud, deverá investir US$ 83,7 milhões em seus projetos. O País
receberá 27% do total desse orçamento, onde há quatro minas em operação.
A empresa planeja atingir a produção total de 2,2 milhões de onças de
ouro até 2012.
Amazonas mira o potássio
O Amazonas, sempre reconhecido pela sua biodiversidade, com quase 98% do
seu território coberto por florestas, paradoxalmente, segundo Daniel
Borges Dantas, secretário executivo de Geodiversidade e Recursos
Hídricos do estado, também detém reservas minerais importantes, de
classe mundial. São os casos, por exemplo, das ocorrências de nióbio, no
Morro dos Seis Lagos, tida como a maior reserva do planeta, e de
estanho do Pitinga.
O objetivo do Estado é atender à demanda dos mineradores e prospectores a
partir de uma condição de sustentabilidade. “Nós não queremos qualquer
negócio para o nosso Estado. Queremos aliar a mineração à marca da
Amazônia e do Estado do Amazonas. Que é uma marca de sustentabilidade,
de mineração com responsabilidade ambiental e com responsabilidade
social”, disse Dantas.
Durante o III Simexmin, primeiro evento desse tipo do qual o Amazonas
participa, apresentou-se o mapa geológico do Estado, com as reservas
minerais conhecidas. Além disso, divulgou-se também a relação
estratégica que o Amazonas busca fazer com a Petrobras, para a
exploração das reservas de potássio, em Fazendinha e Arari.
“Essas jazidas serão extremamente importantes para o Brasil, que compra
no mercado externo 4 milhões t por ano de potássio. As reservas
amazônicas têm potencial para 1 bilhão t, com teor de 18% a 27%, o que
significa cerca de 300 milhões t de cloreto de potássio. Se pensarmos
numa planta com capacidade para produzir 3 milhões t/ano, já é possível
projetar um ciclo de produção por um período de 100 anos”, afirmou o
secretário.
O volume de investimento necessário, para isso, é alto. Poderá chegar a
US$ 2 bilhões, porque demandará um rigoroso controle tecnológico. As
reservas, que estão a 900 m de profundidade, são pouco espessas e
localizam-se em regiões muito úmidas, nas áreas alagadiças dos rios.
O preço do potássio, entretanto, está extremamente competitivo. Saiu de
US$ 180,00/t, no ano passado, e já está em US$ 600/t. Dadas as
perspectivas planetárias de produção de potássio no mundo, especialmente
no Canadá e na Rússia, é possível que o estado venha a viabilizar esse
ousado projeto, de acordo com Daniel Dantas.
Segundo ele, o Amazonas tem a infra-estrutura necessária na região e
conta com um pólo industrial que está aberto para desenvolver
investimentos na captação de um novo perfil produtivo. Além disso,
segundo o secretário, o gás natural de Urucu tem, dentro da sua
concentração, níveis importantes de nitrogênio e já existem estudos na
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para produção de
amônia. Isso, com o nitrogênio e potássio, segundo ele, praticamente
fecha o circuito para uma linha de produção de fertilizantes (NPK).
Para o investidor e o empreendedor do setor mineral, Daniel Dantas
informou que o Amazonas oferece mapa geológico do território, na escala
1:1.000.000; Sistema de Informação Geográfica (SIG), banco de dados que
está georeferenciado e que pode ser acessado e vasta área com
aerolevantamentos geofísicos, com espaçamento de 500 m, com dados
coletados em 2007 em parceria com o Serviço Geológico do Brasil.
O Amazonas também trabalha com a possibilidade de produção de ouro,
dentro da Província do Tapajós, no sul do estado, que tem 90.000 km² de
área, está localizada no Magmatismo Uatumã, com área estimada de 2
milhões km², no craton amazônico.
Nessa região, entre os depósitos auríferos existentes, estão Ouro Roxo
(250,000 oz), Palito (680,000 oz) e Tocantinzinho (1.6 milhão oz), de
acordo com apresentação feita por Douglas Arantes, presidente da Adimb. A
Província do Tapajós recebe cerca de 60% dos investimentos nacionais em
exploração mineral para ouro e já acumulou uma produção histórica de 25
milhões de onças.
O sucesso da Bahia no fomento
A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), em 35 anos de serviços,
acumula o desenvolvimento de mais de 380 projetos, com um investimento
histórico médio de US$ 6 milhões por ano. Em 2008, a previsão é de
investir R$ 16,6 milhões (US$ 7 milhões), de acordo com José Carlos
Cunha, assessor técnico da empresa.
A empresa busca identificar oportunidades de investimento mineral, o que
se traduz em prospectos, em áreas em estágio inicial de exploração e
também em descobertas de jazidas e depósitos com informações avançadas e
com reservas definidas. “Todo esse acervo está disponível para o
investidor privado, sob a forma de concorrências públicas, cujo processo
ágil se desenrola, em média, no período de 60 dias”, destacou o
assessor.
Em 2007, a CBPM fez a licitação de nove oportunidades minerais,
incluindo ouro, zinco, níquel e fosfato. Dentro dessa oferta também
foram contemplados minerais industriais, como areia silicosa de alta
pureza, que é uma ocorrência inusitada no Brasil e no mundo, talco e
outros bens. “Cinco dessas oportunidades já foram contratadas, com
destaque para a Votorantim Metais que fez a melhor oferta de royalties
para o zinco de Mundo Novo e Irecê e o níquel de Ponto Novo, de Jacurici
do Sul”, informou Cunha.
No momento, o Estado está preparando outra licitação para um novo
conjunto de 15 oportunidades minerais. Já estão em licitação insumos
para a indústria cerâmica, com seis jazidas de argila. As demais
oportunidades incluem jazidas de ferro de baixo teor (30% contido), que
tem potencial para 1 bilhão t, e um depósito de classe mundial de
ferro-titânio e vanádio que fica no município de Campo Alegre de Lourdes
e tem reservas medidas de 60 milhões t, ou 130 milhões t,
considerando-se a reserva indicada.
Só a produção prevista das oportunidades já contratadas, cujo processo
de jazimento está em fase de implantação, deverá dobrar a capacidade
produtiva mineral da Bahia, a partir de 2010. Esses contratos incluem o
vanádio de Maracás, a betonita de Vitória da Conquista, o níquel de
Itagibá e o ouro da Maria Preta. De acordo com Cunha, a previsão
produtiva de níquel na Bahia representará um acréscimo de 30% à produção
do País. Esse é considerado o maior projeto, em execução, de níquel
sulfetado da América do Sul.
Além da geração de oportunidades, segundo Ernesto Fernando Alves da
silva, gerente de geologia básica e aplicada, a CBPM também tem
investido no conhecimento do seu território. Hoje, o Estado tem dois
projetos de mapeamento geológico básico, na escala de 1:100.000, em
parceria com a CPRM. Um deles, o de Barra-Oliveira dos Brejinhos, que
está em fase de conclusão, dá ênfase para o ouro e implementação de
metodologias para reconhecimento de fontes de diamante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário