Com
o fim da guerra, os anos que se seguiram buscaram, através de seus
porta-vozes, inventar uma nova época. Era chegada a modernidade. E com
ela a necessidade de erradicar as febris espirais da Art Nouveau e o rendilhado rococó do estilo Eduardiano.
A primeira geração nascida no novo século sentiu a profunda necessidade
de rechaçar o culto ao passado e aos estilos joalheiros inspirados em
movimentos antigos.
Os primeiros gestos dessa novidade nasceram na arquitetura vienense de Adolf Loos e francesa de Le Corbusier. Ambos destacavam uma arte direta, econômica, sem ornamentos, nova. Na moda, surgia uma nova mulher. Mais jovem, estilizada, e roupas de cintura baixa – perfeitas para o uso de longos colares de pérolas. Os vestidos soltos sem manga refletiam as novas possibilidades que surgiam para as mulheres nos campos profissional, social e político.
“Viva e esqueça o passado!”
O termo Art Déco, de origem francesa (abreviação de artsdécoratifs), refere-se a um estilo que se afirmava nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura. Predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Entre os motivos mais explorados, estão os animais e as formas femininas.
A Art Déco apresentou-se de início como um estilo luxuoso, destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como jade, laca e marfim. Mas, também, com desenhos simples e linhas precisas, utilizava-se de materiais criados pelo homem, como a resina, dando às joias deste período características mais modernas.
A aplicação dos princípios da nova estética ao desenho em pequena escala deu-se na Staatliches-Bauhaus, uma escola alemã de desenho, artes plásticas e arquitetura que empreendeu sua trajetória a partir de 1919 e teve seu fechamento forçado pelos nazistas em 1933. Sua filosofia “a função define a forma” se aplicou a todos os produtos feitos por este grupo de alunos e professores vanguardistas. Seu desenho devia ter “idoneidade funcional” e encontrou sua identidade visual nas linhas ergonômicas puras, como no caso da cadeira de aço tubular e lona de Marcel Breuer, uma clara ruptura frente à clássica poltrona de estofados para sentar-se junto ao fogo, ou nas mesas construtivistas de cristal e aço do visionário Ludwig Mies van der Rohe.
A Bauhaus instigou um conceito radicalmente novo: o desenho industrial. A escola abarcava o mundo dos processos industriais e a fabricação em série e via a indústria como o utópico caminho para o bom desenho doméstico. As românticas complexidades estéticas da Art Nouveau deram lugar a um desenho baseado nos elementos mais básicos. A vida começava a se dar demasiadamente depressa para admitirem-se distrações burguesas.
Na segunda década do século, a estética da Bauhaus havia contaminado o mundo das joias. Foi significativo o momento em que a instituição Fouquet & Sons adaptou um elegante e comedido estilo moderno. Os joalheiros franceses Cartiere Boucheron imprimiram um estilo de belo glamour na austera marca da escola alemã. Na ocasião da Exposição Internacional das Artes Decorativas que se deu em Paris em 1925, uma luxuosa versão francesa daquela estética foi apresentada ao público. O enorme pavilhão de joias do Grand Palais mostrou as obras de Aucoc, Boucheron, Van Cleef&Arpelse Mauboussin, entre outros, todas elas expostas sobre telas de crepe chinês do mais pálido tom rosado.
Os engastes geométricos luziam um luxo de grande qualidade com enormes gemas; se tratava da joaillerie, um tipo de joia centrada nas pedras preciosas com valor ainda maior do que aquelas feitas de metal precioso, como a bijuteria própria da Art Nouveau. Os avanços tecnológicos deram às gemas uma forma mais angulosa. Favoreceu-se o uso de grandes citrinas, ametistas e fragmentos de cristais de rochas: seu caráter translúcido contrastava com os materiais opacos como a jade, e a justaposição de um diamante com o ônix oferecia um radical contraste visual em negro monocromático que trazia com perfeição a sensação de dinamismo da época. A hematita, principal minério de ferro, era sempre usada pelo seu forte brilho metálico, suas formações de cristal obscuro complementavam as superfícies polidas da prata, do ouro gris ou da reluzente laca negra.
Os primeiros gestos dessa novidade nasceram na arquitetura vienense de Adolf Loos e francesa de Le Corbusier. Ambos destacavam uma arte direta, econômica, sem ornamentos, nova. Na moda, surgia uma nova mulher. Mais jovem, estilizada, e roupas de cintura baixa – perfeitas para o uso de longos colares de pérolas. Os vestidos soltos sem manga refletiam as novas possibilidades que surgiam para as mulheres nos campos profissional, social e político.
“Viva e esqueça o passado!”
O termo Art Déco, de origem francesa (abreviação de artsdécoratifs), refere-se a um estilo que se afirmava nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura. Predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Entre os motivos mais explorados, estão os animais e as formas femininas.
A Art Déco apresentou-se de início como um estilo luxuoso, destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como jade, laca e marfim. Mas, também, com desenhos simples e linhas precisas, utilizava-se de materiais criados pelo homem, como a resina, dando às joias deste período características mais modernas.
A aplicação dos princípios da nova estética ao desenho em pequena escala deu-se na Staatliches-Bauhaus, uma escola alemã de desenho, artes plásticas e arquitetura que empreendeu sua trajetória a partir de 1919 e teve seu fechamento forçado pelos nazistas em 1933. Sua filosofia “a função define a forma” se aplicou a todos os produtos feitos por este grupo de alunos e professores vanguardistas. Seu desenho devia ter “idoneidade funcional” e encontrou sua identidade visual nas linhas ergonômicas puras, como no caso da cadeira de aço tubular e lona de Marcel Breuer, uma clara ruptura frente à clássica poltrona de estofados para sentar-se junto ao fogo, ou nas mesas construtivistas de cristal e aço do visionário Ludwig Mies van der Rohe.
A Bauhaus instigou um conceito radicalmente novo: o desenho industrial. A escola abarcava o mundo dos processos industriais e a fabricação em série e via a indústria como o utópico caminho para o bom desenho doméstico. As românticas complexidades estéticas da Art Nouveau deram lugar a um desenho baseado nos elementos mais básicos. A vida começava a se dar demasiadamente depressa para admitirem-se distrações burguesas.
Na segunda década do século, a estética da Bauhaus havia contaminado o mundo das joias. Foi significativo o momento em que a instituição Fouquet & Sons adaptou um elegante e comedido estilo moderno. Os joalheiros franceses Cartiere Boucheron imprimiram um estilo de belo glamour na austera marca da escola alemã. Na ocasião da Exposição Internacional das Artes Decorativas que se deu em Paris em 1925, uma luxuosa versão francesa daquela estética foi apresentada ao público. O enorme pavilhão de joias do Grand Palais mostrou as obras de Aucoc, Boucheron, Van Cleef&Arpelse Mauboussin, entre outros, todas elas expostas sobre telas de crepe chinês do mais pálido tom rosado.
Os engastes geométricos luziam um luxo de grande qualidade com enormes gemas; se tratava da joaillerie, um tipo de joia centrada nas pedras preciosas com valor ainda maior do que aquelas feitas de metal precioso, como a bijuteria própria da Art Nouveau. Os avanços tecnológicos deram às gemas uma forma mais angulosa. Favoreceu-se o uso de grandes citrinas, ametistas e fragmentos de cristais de rochas: seu caráter translúcido contrastava com os materiais opacos como a jade, e a justaposição de um diamante com o ônix oferecia um radical contraste visual em negro monocromático que trazia com perfeição a sensação de dinamismo da época. A hematita, principal minério de ferro, era sempre usada pelo seu forte brilho metálico, suas formações de cristal obscuro complementavam as superfícies polidas da prata, do ouro gris ou da reluzente laca negra.
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