A Mina de diamantes de Romaria está
localizada no perímetro urbano da cidade de Romaria, na região oeste de
Minas Gerais. Durante os trabalhos de mineração executados nos últimos
cem anos, foi lavrada uma área de aproximadamente 1 km2 de sedimentos. O
local está situado na borda NE da Bacia do Paraná, na margem direita do
Rio Bagagem, entre os Ribeirões Água Suja e Marrecos. Neste local vem
sendo lavrado um conglomerado polimítico da Formação Uberaba, Grupo
Bauru, pertencente ao Cretáceo Superior. Ele é constituído por clastos
de micaxistos, anfibolitos, filitos e veios pegmatóides do
Pré-Cambriano; arenitos da Formação Botucatu e basaltos da Formação
Serra Geral. Possui matriz areno-argilosa onde foram identificadas as
fases caulinita, illita e quartzo por difratometria. Sua espessura na
área da mina oscila em torno de 6 m. Os minerais pesados separados do
conglomerado diamantífero amostrado nas Frentes de Lavra 2 (Ferraria), 6
(Mangueiras) e na Cata exploratória do Sarkis, situada fora da área
minerada, são constituídos em sua maior parte por fases opacas, entre as
quais se destaca a magnetita, representando 50% em volume do
concentrado. Outras fases opacas incluem hematita, ilmenita e fragmentos
de lateritos. Entre as fases transparentes, destacase a granada que
ocorre nas cores vermelha clara, vermelha escura, roxa, violeta e
laranja, além de outros minerais derivados de rochas do embasamento
cristalino. Análises químicas realizadas pela microssonda eletrônica
revelaram que a ilmenita contém teores de MgO (7,4 - 11,4 % em peso) e
de Cr2O3 (0,0 - 2,9 % em peso) típicos de rochas kimberlíticas. Da mesma
forma, as granadas correspondem a piropos ricos em Cr2O3 (0,2 - 6,7 %
em peso) correspondendo aos grupos G9 (lherzolitos), G5 e G4
(piroxenitos) e G10 (harzburgitos), sendo semelhantes a granadas das
principais províncias kimberlíticas conhecidas. O diamante, por sua vez,
contém microestruturas típicas semelhantes a diamantes de outras
localidades. Foram identificadas trígonos em faces octaédricas, bem como
microestruturas de simetria senária semelhantes às observadas em
diamantes do lamproíto Argyle, na Austrália. Foram descritas
microestruturas quadráticas nos cristais cúbicos, e degraus resultantes
da dissolução de planos de crescimento cristalino em superfícies curvas
de cristais rombododecaédricos. Atualmente a mina está paralisada desde
1984 devido a uma dívida contraída pela Extratífera de Diamantes do
Brasil (EXDIBRA) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Apesar
do potencial mineral existente no local, qualquer tentava de lavra só
poderá ser executada mediante a quitação desta dívida.
Title in English
Geology and mineralogy of Romaria diamonds mine, Minas Gerais
Keywords in English
Diamond
Geology
Mineralogy
Geology
Mineralogy
Abstract in English
The diamond Mine of Romaria is located
in the northeast border of the Paraná Sedimentary Basin, nearby the
town of Romaria, in western Minas Gerais State, Brazil. The mining place
is situated on the right side of the Bagagem River, comprising an area
of 1 km2 between the Água Suja and Marrecos streams. At this place
diamonds have been washed from a Cretaceous polimictic conglomerate of
the Uberaba Formation, Bauru Group, since the end of the nineteen
century. This heterogeneous diamond-bearing conglomerate contains large
conglomerate blocks of several lithologies with dimensions up to 0.80 m,
set in an arenous-clayish matrix where kaolinite, illite and quartz
have identified among the clasts such as mica and staurolite schists,
phyllites and amphibolites of the Araxá Group, quartzites of the
Canastra Group, arenites of the Botucatu Formation and basalts of the
Serra Geral Formation. The concentrates obtained by washing the
conglomerate contains large amounts of opaques phases mainly magnetite
which may reach up to 50% in volume. Other opaques are represented by
hematite, ilmenite, rutile, limonite as well as rock fragments of mica
schists and complex intergrowths of laterites. The mineralogical
assemblages of the transparent phases include staurolite, amphibole,
epidote, kyanite, monazite, tourmaline, zircon and diamond as well.
Electron micro probe analyses revealed that the ilmenites contain MgO
(7.4-11.4 wt%) and Cr2O3 (0.0-2.9 wt%) contents similar to their
counterparts of kimberlites from worldwide localities. Moreover, garnets
are chromium rich pyropes with Cr2O3 ranging from 0.2 up to 6.7 wt %.
The use discriminating diagrams revealed that most of the analysed
sampled plot in the fields G9 and G3-G5 corresponding to lherzolitic and
pyroxenitic parageneses, respectively. The plots include some rare G10
(harzbugitic) and G0 (unclassified) samples corresponding to garnets
derived from rocks of the crystalline basement. Although diamonds have
not been mined in the last years a small parcel produced by local
diggers (garimpeiros) was available for physical studies including color
and crystalline morphology. Several microstructures have been observed
in octahedral crystal such as trigons and a pseudo-hexagonal
microstructure observed in diamonds from lamproites. Cubic crystals
showing the combination of the cube and dodecahedral revealed
microstructures of square symmetry. Concerning dodecahedral crystal
hillocks produced by dissolution were observed on the rounded faces of
the samples. Presently the Mine of Romaria is closed since 1984 due to
an old debt contracted by late owner Extratífera de Diamantes do Brasil
(EXDIBRA) with the Brazilian Federal Agency of the Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário