quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

OURO VERDE

OURO VERDE 

Não, desta vez não estou falando da nova cor de liga de ouro e sim do que podemos chamar de movimento em busca de um selo verde para a joalheria, similar a de outros produtos já disponíveis no mercado que se adequam ao conceito de Negócio Justo, ou Fair Trade.
Uma das ações já realizadas, esta com a ajuda do inglês Greg Valerio, da Cred Jewellery, foi a associação de mineradores Oro Verde ou Green Gold em Chocó, no nordeste da Colômbia. Uma preocupação exagerada e fora de contexto?
De acordo com estudos do Banco Mundial, mais de 100 milhões de pessoas no mundo, incluindo famílias e comunidades, dependem da mineração de pequena escala para sua sobrevivência.
Ficou chocado? Eu fiquei!
Isto me levou a pensar que, mesmo depois de 13 anos trabalhando no setor de jóias não conheço bem esta cadeia produtiva... e quantas pessoas a conhecem de fato? Não digo só no Brasil, mas no mundo. Pesquisando na internet para esta coluna descobri que eu não era exceção quando li depoimentos de lojistas. Muitos compradores internacionais se ressentem de não saber ao certo a origem das gemas, e, na grande maioria das vezes, as condições de mineração, lapidação e até mesmo da produção das jóias.
As discussões de praticas de Comércio Justo e/ou Responsável na Joalheria vêm se expandindo e ganhando força. Tanto que, em outubro do último ano, o Banco Mundial promoveu o encontro “ The Ethical Jewelry Summit” com o objetivo de discutir como pode ser criado e desenvolvido um esquema de certificação para o setor joalheiro a partir da mineração. Neste encontro estavam presentes representantes de empresas como Cartier, The Bell Group, Tiffany & Co., De Beers, o Dep. de Defesa Americano, Jewelers of America, GIA, entre outros.
O assunto já está na pauta há alguns anos: em 2005, a Rappaport promoveu a criação do Conselho de Práticas Joalheiras Responsáveis. Este conselho, que hoje já tem mais de 80 membros, incluindo desde grandes mineradoras do setor a lojistas, se encontra anualmente na feira de Las Vegas.

Em meados de 2012, Steve D´Eposito, diretor da Earthworks, lançou a campanha  “No Dirty Gold” (que poderia ser traduzido como: Não ao Ouro Sujo) e organizou um encontro que acabou gerando um comitê e os primeiros documentos. O projeto foi chamado de Diálogo de Madison, por ter acontecido na Avenida Madison  em Nova Iorque.
Os esforços em direção ao Comércio Justo têm focado três pontos chave: ser justo, responsável e ecológico. Sendo que Justo inclui o tratamento dado a todo o trabalho de produção de jóias desde a mineração até o polimento e sua comercialização. A Responsabilidade se relaciona aos benefícios trazidos à comunidade e ao posicionamento da empresa como cidadão corporativo.  Já o ecológico está relacionado a todo impacto ambiental decorrente do negócio desde a mineração até a sua comercialização. E para que a cadeia funcione, cada elemento deve cobrar de seu fornecedor o comprometimento, o que, em breve, poderá ser certificado com o “selo verde” que vem sendo discutido.
Analistas avaliam que hoje o consumo de jóias éticas representa menos de 1% do mercado mundial de jóias de ouro estimado em U$56 milhões. Mas, o nicho do “ouro verde” cresce rapidamente juntamente com o mercado de produtos éticos. Um movimento que ganha cada dia mais adeptos na moda, nos produtos de design e até no turismo, está se tornando um diferencial.
A tendência se fortalece à medida que consumidores procuram mais transparência nos produtos e nas empresas. Cada vez mais eles querem saber para onde vai o dinheiro que estão gastando. Este é um novo fator de decisão na hora da compra!

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