Vale reduz projeções de aportes e produção de níquel, busca maior rentabilidade
A brasileira Vale reduziu suas previsões de investimento e produção de níquel, enquanto trabalha para melhorar a rentabilidade de ativos e se prepara para um potencial aumento dos preços da commodity, afirmou nesta quarta-feira o presidente da gigante da mineração. Durante o tradicional evento com investidores em Nova York, o Vale Day, Fabio Schvartsman explicou que a empresa cortou em 47 por cento os investimentos em níquel previstos para o biênio 2017-2018, para 1,8 bilhão de dólares.
A companhia, maior produtora global de níquel e de minério de ferro, prevê investir 900 milhões de dólares em cada ano em níquel, ante previsão anterior de 1,5 bilhão e 1,9 bilhão de dólares em 2017 e 2018, respectivamente. Em documento publicado ao mercado, a Vale explicou que a redução dos aportes pode ser explicada pelo preço spot de níquel, utilizado na avaliação de projetos de capital. No caso da produção, a empresa reduziu todas as suas projeções até 2022.
Para 2018, a queda ante o previsto anterioremente e a previsão atual foi de 14 por cento, para 263 mil toneladas de níquel. Para 2019, a variação negativa entre as estimativas foi de 17 por cento, para 262 mil de toneladas. ”Eu estou muito positivo sobre níquel, muito mais positivo do que há alguns meses”, afirmou Schvartsman, durante o Vale Day, explicando que a empresa por enquanto vai crescer menos no setor de níquel, mas planeja preservar a sua presença no mercado de olho em uma demanda futura.
Uma das expectativas é com o aumento do consumo do metal com o desenvolvimento do setor de carros elétricos. Segundo a empresa, as operações de níquel da Vale absorverão prontamente qualquer potencial aumento de preços do níquel, “com impacto ampliado na geração de caixa”. A mineradora vem anunciando ainda o interesse em atrair um investidor para seu projeto de níquel na ilha do Pacífico Sul, chamado Vale Nova Caledônia (VNC), para investir e ajudar a financiar e reduzir o risco do ativo. No entanto, não obteve sucesso até o momento.
A Vale vê necessidade de investimentos de 500 milhões de dólares nos próximos quatro anos associados ao armazenamento de resíduos em VNC. Uma decisão sobre prosseguir ou não com o aporte será tomada no primeiro semestre de 2018.
INVESTIMENTOS TOTAIS E MINÉRIO DE FERRO
Os investimentos totais da Vale permanecerão baixos, segundo o diretor de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, depois que a empresa entregou o maior projeto de sua história, a mina de S11D, no Pará, que iniciou operação comercial de minério de ferro no início deste ano.
Em seu novo plano de negócios, a empresa prevê investir um total de 3,8 bilhões de dólares em 2018, uma queda ante os 4,1 bilhões de dólares previstos para este ano.
Em 2019, a previsão é investir 4 bilhões de dólares e em 2020, 4,2 bilhões.
Schvartsman explicou que a empresa está em busca de melhores resultados para todos os ativos e voltou a apresentar interesse em se destacar em outras commodities além do minério de ferro, seu principal produto.
“Há muitas outras commodities no mundo, mas a Vale tem esta lição muito clara… Agora, o foco é trazer desempenho premium para a Vale. Isto vem antes de qualquer outra coisa”, disse o presidente.
“É verdade que temos um enorme pipeline de coisas que podem ser feitas no futuro, mas não temos pressa aqui”, disse o executivo, destacando que a empresa vai buscar maximizar o valor de todos os ativos existentes, seja minério de ferro, níquel ou cobre.
Quanto ao minério de ferro, o principal negócio da Vale, o diretor de Minerais Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga, reforçou a atual estratégia da empresa de priorizar qualidade em detrimento de quantidade.
Em 2017, a empresa deverá produzir 365 milhões de toneladas do minério, atingindo 390 milhões em 2018 e 400 milhões por ano entre 2019 e 2022. As previsões para os próximos anos ficaram inalteradas.
“O aumento da produção do Sistema Norte (onde está a mina S11D) permitirá maiores volumes de produto blendado, aumentando portanto o nível de estoques offshore (Malásia e China) em 2018″, disse documento publicado pela empresa.
DESINVESTIMENTOS
Siani reiterou que a empresa vai buscar reduzir sua dívida líquida dos 21 bilhões de dólares registrados no terceiro trimestre para 10 bilhões de dólares “no menor período possível”.
Sem dar mais detalhes sobre a meta, o executivo explicou que a empresa irá financiar a redução de dívida com geração de caixa e, portanto, não prevê grandes desinvestimentos com essa função no futuro.
A empresa listou cinco ativos considerados não essenciais que podem ser desinvestidos até 2020 e um sexto cujo prazo não foi definido, por um total de até 1,5 bilhão de dólares.
Dentre os ativos estão a produtora brasileira de bauxita Mineração Rio do Norte (MRN), o projeto de carvão australiano Eagle Downs e a empresa siderúrgica California Steel Industries.
Fonte: Reuters
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