Com as reservas de minério de ferro do tipo “friável” – granulado, de extração mais fácil – próximas do esgotamento, a Mineração Usiminas (Musa) se encontra diante de um futuro incerto. A empresa passa por mudanças no comando, o que pode dificultar a aprovação de investimentos em novas capacidades, restando como uma das possíveis saídas a venda da companhia ou parte dela.
Conforme apurou o DCI, as reservas da Musa do tipo granulado, ou “friável”, se esgotam em 2025, o que demandaria investimentos imediatos, já que na mineração esse espaço de tempo é considerado curto.
“Vender é uma alternativa, parcial ou totalmente. A única certeza é que nem o caixa da Musa nem a controladora [Usiminas] têm fundos suficientes para bancar esse aporte”, afirma uma fonte próxima à empresa, ressaltando que alguns executivos veem a possibilidade como a opção mais viável para salvar o futuro da companhia.
De 2008 a 2013, a Musa investiu R$ 700 milhões em estações de beneficiamento para lavrar o minério do tipo friável na região de Serra Azul, Quadrilátero Ferrífero (MG). Hoje, a capacidade de produção da companhia é de 12 milhões de toneladas anuais na forma de granulado, sínter feed e concentrado.
Mas o início da queda dos preços das commodities e da crise econômica brasileira fez com que a Usiminas adiasse a decisão de tocar o projeto Compactos, que se refere a um minério de ferro que é abundante na região, mas cuja extração é mais difícil.
Para lavrar esse produto, seriam necessários investimentos em novas estações de beneficiamento. “O projeto de engenharia está pronto, mas engavetado desde 2013, devido à crise econômica, alta volatilidade dos preços das commodities e a briga de acionistas na controladora, que veio para agravar o quadro”, afirma uma fonte, lembrando que o caixa atual da Musa tem aproximadamente R$ 500 milhões, o que não seria suficiente para desenvolver novas capacidades “O aporte necessário seria na casa de bilhão”, pontua.
Redução de caixa
No contexto de crise global da cadeia siderúrgica e da recessão econômica que o Brasil passou nos últimos anos, a Musa se viu obrigada a resgatar sua controladora, a Usiminas, que detém 70% da empresa. Os outros 30% são da japonesa Sumitomo. Como parte de uma renegociação de dívidas da siderúrgica mineira com bancos credores, a mineradora precisou aportar R$ 1 bilhão no caixa de sua controladora, sendo R$ 700 milhões de recursos próprios e outros R$ 300 milhões da Sumitomo. “Após todos esses episódios, os acionistas ficaram sem condições de bancar o investimento no projeto Compactos”, destaca uma fonte.
E mesmo em um cenário global em que os preços do minério de ferro só ganham força, o cenário para exportações do produto pela Musa é limitado. Segundo apurou o DCI, a indisponibilidade de porto próximo à mina obrigaria a companhia a participar de leilões em empreendimentos de terceiros. “Nem sempre isso vale a pena, o que torna a atividade de exportação da Musa algo inconstante”, diz a fonte.
Novo comando
A Musa anunciou na última quarta-feira (18) como novo diretor-presidente o engenheiro Carlos Hector Rezzonico, que até então ocupava o cargo de diretor corporativo de suprimentos da Usiminas. Segundo comunicado, o executivo integra a equipe da empresa desde 2016 e, anteriormente, passou por outras grandes companhias como Siderar, Sidor e Tubos de Acero do México, em diversos países.
Rezzonico veio para substituir Wilfred Bruijn, que entrou na empresa em 2009 e agora segue para uma concorrente da área de níquel no Nordeste do País, conforme relatam fontes do mercado.
Em nota, a Usiminas afirmou que o Conselho de Administração da Musa “mantém avaliações constantes de opções de otimização de suas reservas minerais, não havendo previsão de tomada de decisão no curto prazo”. Também destacou anúncio recente de projeto para filtragem e empilhamento de rejeitos a seco, em que serão investidos R$ 140 milhões de recursos próprios. 
Fonte: DCI